Posso estar errado, mas Renato Gaúcho pediu demissão do Fluminense depois da eliminação da Copa Sul-Americana contra o Lanús por causa do esgotamento físico e mental. Ele não disse nem dirá isso publicamente, mas as respostas da primeira até a última pergunta são gritos de socorro de quem está de saco cheio daquele ambiente, dos gênios das redes sociais e de fora dela, como afirmou.
Para mim, Renato é mais um a dar um tempo para cuidar da saúde mental. Não se engane: aquele movimento humilde, sincero e humano iniciado pela ginasta estadunidense Simone Biles nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, disputados em 2021 por causa da pandemia, chegou ao futebol e é crescente. Mais jogadores e treinadores pedirão pausa. Adenor Leonardo Bachi, o Tite está fazendo isso depois das pressões na Seleção e no Flamengo. Isolou-se de ambientes considerados tóxicos e apegou-se à família. A praia e Carol Portaluppi são os divãs, as terapias do Renato.
A última frase do técnico deixa cristalino o que estou falando:
“Vou sair para descansar a cabeça e deixar alguns gênios da internet continuarem falando de futebol, já que entendem pra caramba”
Saiu com 42 jogos: 21 vitórias, 9 empates, 12 derrotas, 59 gols pró, 41 contra e aproveitamento de 57,1%.
A eliminação por 2 x 1 no placar agregado das quartas de final ensina sobre erros de avaliação depois da bela campanha na Copa do Mundo de Clubes da Fifa.
Não dava para acreditar que o Fluminense continuaria o mesmo depois da venda inevitável do meia-atacante John Arias para o Wolverhampton. Os € 17 milhões eram necessários ao caixa do clube e o colombiano desejava ir para a Europa. Simples assim.
- Drible de Corpo avisou:
Quando Mauricio Pellegrino, técnico do Lanús, calou Morumbi e Mineirão
Não seria, nem está sendo fácil, achar substituto à altura. Quem chegou demanda tempo de adaptação. A diretoria consumiu R$ 48,7 milhões em três reforços. Sétimo maior investimento na segunda janela de transferências do ano. Igor Rabello, Luciano Acosta e Santiago Moreno ajustariam ou mudariam o patamar do Fluminense? Não!
Seja sincero, torcedor tricolor: você achava que Renato Gaúcho manteria o mesmo nível das partidas contra o Borussia Dortmund, a Internazionale, o Al Hilal e até mesmo o Chelsea em todos os jogos até o encerramento da temporada e conquistaria taças? O elenco é limitado e o excelente trabalho dele extraiu o máximo nos Estados Unidos.
Vamos a outra verdade. A diretoria errou ao manter no elenco um atacante transformado em meme pela torcida na Copa do Mundo de Clubes. “Chuta, Everaldo”, fez do jogador um folclore. Isso acabou no futebol. É tempo de profissionalismo.
Everaldo não marca desde 3 de agosto na vitória por 1 x 0 contra o Grêmio, no Maracanã. Germán Cano não é mais aquele salvador da campanha do título inédito na Libertadores de 2023. O tempo passou para ele e diminuiu o pacote de gols entregue anualmente ao Fluminense.
Renato Gaúcho errou na insistência com Soteldo? Escrevi sobre isso depois da derrota para o Lanús por 1 x 0 na partida de ida. Alertei que ele sempre procurou jogadores com esse estilo nos clubes pelos quais passou. Os últimos foram Ferreirinha no Grêmio e Michael no Flamengo. Ambos resolveram bastante a vida do Portaluppi.
Ele é “burro”, como protestou a torcida no fim do jogo? Merecia ser xingado? Não se trata de imunidade, mas é o cara do gol de barriga, do título de 2007 na Copa do Brasil, da primeira final na Libertadores em 2008, da semifinal na Copa do Mundo de Clubes da Fifa, da classificação para a semifinal da Copa do Brasil depois do fim do Brasileirão.
Se Renato Gaúcho cometeu algum pecado, foi o de ter levado o Fluminense às semifinais da Copa do Mundo de Clubes da Fifa com Paris Saint-Germain, Real Madrid e Chelsea. O torcedor sem noção saiu do torneio achando de fato que o tricolor era um dos quatro melhores do mundo e algum título virá neste ano. Escrevi também aqui na semana passada: Renato não ganha títulos relevantes desde a Libertadores de 2017, justamente contra o… Lanús. Os realistas entendem perfeitamente a vida como ela é, como diria o mais ilustre dos tricolores tricolores: o gênio, este sim: Nelson Rodrigues.
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