A melhor notícia da bela exibição do Brasil na vitória por 5 x 0 contra a Coreia do Sul são as três assistências dos três homens do meio de campo de Carlo Ancelotti para quatro dos cinco gols do ataque veloz e furioso formado por Estêvão, Vinicius Junior e Rodrygo.
Para mim, o Brasil o sistema tático foi o 4-2-3-1. Estêvão posicionava-se aberto na direita, Matheus Cunha fazia um falso 10, como se fosse o antigo ponta de lança, atrás do falso nove Vinicius Junior, e Rodrygo ocupava a faixa esquerda do campo, como ele reivindica no Real Madrid com veemência e menos intensidade na Seleção.
O desenho não é aleatório. Foi usado no jogo da classificação para a Copa contra o Paraguai, na Neo Quimica Arena, em São Paulo, e diante do Chile, no Maracanã. Esse é um dos modelos de Carlo Ancelotti para a Copa. A configuração é capaz de confundir os adversários.
Trata-se de um 4-2-4, 4-3-3 ou 4-2-3-1? Virou 3-2-5 na fase mais aguda, com Vitinho mais solto para apoiar Estêvão e Douglas Santos se firmando como lateral e zagueiro compondo ao lado de Éder Militão e Gabriel Magalhães. Escrevi na convocação que Ancelotti procura jogadores com essa característica. Testou Danilo nessa função contra o Equador. Agora, firma Douglas Santos do outro lado e tem Carlos Augusto com esse perfil.
Mas voltemos à boa notícia. O Brasil tem uma crise no meio de campo. A carência ficou evidente naquela goleada da Argentina por 4 x 1, em Buenos Aires. A atua campeão da Copa e a Espanha fazem do meio de campo o principal argumento para o favoritismo em 2026. Há abundância de talento nas mãos de Lionel Scaloni e de Luis de la Fuente e escassez na prancheta de Carlo Ancelotti. No entanto, o italiano se vira com o que tem.
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Bruno Guimarães dá um passe em profundidade belíssimo para o gol de Estêvão. A assistência do primeiro gol de Rodrygo nasce de um passe curto de Casemiro. O quinto gol, de Vinicius Junior, tem mais uma vez a colaboração do ponta de lança Matheus Cunha. Foi assim também no gol do atual Fifa The Best contra o Paraguai. Há rascunho de uma sintonia.
Das duas uma: ou a Coreia do Sul foi ingênua ao dar liberdade aos volantes Casemiro e Bruno Guimarães para deixá-los trabalhar na frente da área como se fossem meias, ou subestimou a capacidade do par de volantes predileto de Carlo Ancelotti.
Dois gols não tiveram a colaboração do meio de campo. O segundo de Estêvão é pressão na saída de bola. O garoto de 18 anos foi bem. O outro resgata uma dupla importantíssima para o Brasil. Vinicius Junior e Rodrygo formaram a dupla de ataque do Real Madrid depois da saída de Benzema e levaram a trupe merengue ao título da Champions League em 2024. É de Vini o passe para Rodrygo marcar o quarto gol verde-amarelo.
Era para termos certezas a essa altura do ciclo para a Copa do Mundo de 2026, mas as três trocas de técnico no percurso acidentado herdado por Carlo Ancelotti dão mais esperança do que convicções. É necessário analisar jogo a jogo. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos contra o Japão, no Estádio Nacional de Tóquio. Como diz a canção de Martinho da Vila, vamos debagar, devagarinho com o santo que o andor é de barro.
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