Em tempos de combate ao machismo e à misoginia, o projeto inclusivo de futebol do Sport Club Internacional merece aplausos. Enquanto alguns clubes de ponta do futebol brasileiro, resistem, reclamam, desdenham, fogem e até ignoram a reponsabilidade de sustentar um departamento de futebol feminino, o clube gaúcho ostenta um projeto consolidado. O clube é finalista da Série A1 do Brasileirão Feminino, levou 36 mil torcedores ao Beira-Rio no último domingo no primeiro jogo da decisão contra o Corinthians e pode, sim, conquistar o título inédito dentro da Neo Química Arena, em São Paulo, neste fim de semana.
O Internacional não investe no futebol feminino por modinha. É um dos pioneiros no país. Incentiva desde 1983. Alcançou o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de 1987. O projeto passou por um longo processo de modernização a partir de 1996 sob o comando de Eduarda Luizelli, a Duda. A dirigente deixou como legado nível de excelência antes de partir para o desafio de trocar as Gúrias Coloradas pelo desafio frustrado de exercer o cargo de coordenadora de seleções femininas da CBF. A entidade demitiu a profissional no começo desta temporada.
A equipe gaúcha vinha dando sinais de evolução. Terminou em quarto lugar na edição passada do Campeonato Brasileiro. Caiu nas semifinais diante do Palmeiras. Nesta edição, desbancou Flamengo e São Paulo na caminhada até a decisão do título contra o Corinthians. A campanha na primeira fase foi excelente. O time avançou em terceiro, atrás de Palmeiras e São Paulo.
Paralelamente, o time masculino do Internacional faz uma bela campanha no Brasileirão. Parece contraditório, mas as eliminações na Copa do Brasil e na Sul-Americana fizeram bem ao grupo de Mano Menezes. Há semanas livres e tempo para treinar. Isso é fundamental para um elenco limitado — sem alternativas badaladas como desfrutam Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG.
A vitória por 2 x 1 contra o Atlético-GO, em Goiânia, devolve o Internacional à vice-liderança e deixa o time a oito pontos do líder disparado Palmeiras. O Colorado tem a melhor campanha do segundo turno da Série A. São 19 pontos contra 18 de Palmeiras e América-MG.
O trabalho do técnico Maurício Salgado no time colorado feminino vem desde 2019. Lá se vão três anos de trabalho. Há um elenco maduro para buscar o título inédito nesta ou nas próximas temporadas. Mano Menezes tem menos tempo de trabalho. Assumiu a prancheta em 18 de abril. Ele não era o técnico na eliminação da Copa do Brasil, levou o time às quartas de final na Sul-Americana e vai muito bem na missão de classificar o clube para a próxima Libertadores. Como sonhar não custa nada, a matemática permite imaginar uma virada contra o Palmeiras a 11 rodadas da conclusão do Brasileirão.
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