A primeira exibição de Neymar depois da eliminação do Brasil da Copa do Mundo nas quartas de final contra a Croácia deveria ter sido menos polêmica. O camisa 10 retornava do Catar com escala no Brasil em baixa na comparação com Mbappé e Messi, os protagonistas da final de todos os tempos entre Argentina e França no último dia 18. Portanto, a expectativa era de que o brasileiro comesse a bola. Fez o contrário. Sim, até deu assistência para o zagueiro Marquinhos na cobrança de falta, porém recebeu dois cartões amarelos e ampliou o repertório de expulsões.
Neymar desembarcou no Paris Saint-Germain como jogador mais caro da história. O clube pagou 222 milhões de euros por ele. Quem antes parecia ser o dono do time, agora experimenta uma nova ordem. O campeão mundial Lionel Messi (2022) chegou ao clube depois dele e foi liberado pelos patrões para se reapresentar em janeiro, ou seja, depois das festas de fim de ano. O campeão mundial Kylian Mbappé (2018) decidiu o duelo com o Strasbourg pelo Francês. E Neymar? O único sem Mundial entre os três astros está fora do próximo compromisso.
Um dado chama a atenção e precisa ser avaliado por Neymar e seu staff. Ele esteve em campo durante 62 minutos. Sabe quantas faltas sofreu? Seis! A exclamação é por conta da comparação com Mbappé. O francês foi parado quatro vezes de maneira desleal em 90 minutos.
Neymar precisa rever seu estilo de jogo. Prender menos a bola, carimba-la menos, soltá-la com rapidez para evitar tantos contatos físicos. Afinal, tem atuado como meia no PSG e na Seleção, enganche, homem de ligação. Vem de trás, raramente aberto na ponta-esquerda como no início da carreira. O tornozelo dele não aguenta mais tantas pancadas. Neymar chegou à casa dos 30 anos. O tempo de recuperação das lesões virou um adversário a mais. O histórico recente é de afastamentos da temporada. Ausências nos duelos que mais interessam ao PSG, ou seja, a fase de mata-mata da Champions League. Em fevereiro, o rival é o Bayern de Munique. Deixar o clube sem a conquista do inédito título continental será um fracasso retumbante. Acho até que essa deve ser a última temporada de Neymar no clube. Passou da hora de trocar de ares. A Premier League seria um ótimo desafio. Opinião.
Mas voltemos ao foco. O atacante havia melhorado muito no quesito simulação. Virou piada na Copa de 2018. Quatro anos depois, foi menos artista. Parou em pé no Catar. Iniciou e concluiu aquele golaço na prorrogação contra a Croácia. Quase viveu dia de herói. Ponto para ele. Contra o Strasbourg, simulou pênalti e deu tapa no rosto do marcador em uma disputa de bola. Inadmissível.
Neymar acumula 30 cartões amarelos e cinco vermelhos desde que chegou ao PSG. Para se ter uma ideia, Lionel Messi, aos 35 anos, foi expulso três vezes na carreira inteira. Entre os jogadores em atividade na Ligue 1, Neymar lidera as estatísticas de cartão vermelho.
Pior do que a expulsão é despertar comentários na crítica de que os atos foram premeditados a fim de que ele pudesse curtir o réveillon numa boa. O PSG tem compromisso no primeiro dia de 2023 contra o Lens novamente pelo Campeonato Francês. Neymar precisa dar paz a si mesmo. Basta fazer o que sabe: jogar futebol. Já ajuda. Muito.
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