A temporada do futebol candango terminou oficialmente no último sábado (29) com mais uma daquelas histórias bizarras: a Federação do Distrito Federal (FFDF) teve de realizar final num estádio do Entorno — especificamente em Luziânia (GO). O Serra do Lago abrigou a decisão do Campeonato Juvenil entre Ceilândia e Guaraense. Motivo: nenhuma arena da capital do país tem laudo da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Vigilância Sanitária e da Defesa Civil para receber jogo. Inclusive o Mané Garrincha. O documento do maior e mais caro elefante branco da Copa do Mundo 2014 venceu no último dia 23.
Colocar as casas dos clubes em ordem será o primeiro desafio do novo secretário de Esporte do Distrito Federal. Ex-ministro do Esporte no governo Michel Temer, Leandro Cruz vai se deparar com as mazelas do futebol candango. Ele e seus pares terão de correr contra o tempo para realizar um mutirão nos estádios até 25 de janeiro — véspera da primeira rodada do Candangão. Do contrário, o torneio arrisca começar em cidades de estados vizinhos, como Goiás e Minas Gerais. Seria um vexame.
Nas últimas semanas, o diretor de competições da FFDF, Márcio Coutinho, o Careca, visitou os 10 estádios indicados pelos 12 times para o Candangão 2019. O diagnóstico é assustador. “Hoje, só o Serra do Lago (Luziânia) e o Frei Norberto (Paracatu) têm laudo. Falta limpeza, cuidados. Os gramados do Mané Garrincha, Augustinho Lima, JK e Bezerrão são os melhores”, disse o dirigente ao blog.
O Serejão foi indicado por dois clubes. Brasiliense e Taguatinga pretendem utilizá-lo no Candangão. Segundo a FFDF, além do laudo, o espaço precisa de limpeza. A boa notícia é o gramado. O piso, até então abandonado, está sendo tratado.
Atual campeão candango, o Sobradinho depende dos laudos para mandar jogos no Augustinho Lima, um dos trunfos do time na conquista deste ano. Ceilândia e Bolamense querem jogar no Abadião. O estádio está bom para consumo interno. Porém, necessita de laudos.
Reinaugurado em 2008, o Bezerrão vive seus perrengues 10 anos depois. O gramado do estádio indicado por Gama e Santa Maria está castigado pelo excesso de partidas, peladas e até jogos de futebol americano. Há problemas de água, luz e laudo.
O Real faz um baita esforço para reformar o campo do Defelê, na Vila Planalto. Entretanto, a corrida contra o tempo dificilmente permitirá que o clube mande os jogos por lá. A diretoria teve uma iniciativa bacana. Quer acabar com a vida cigana do time. Em 2018, a equipe mandou partidas no Serra do Lago, Bezerrão e Augustinho Lima. Uma outra opção é o Mané Garrincha. Neste caso, o clube dividiria o elefante branco com o Capital.
A situação da turma do Entorno é melhor. O Serra do Lago, casa do Luziânia, está com os laudos em dia. Aprovado inclusive pela Confederação Brasileira de Futebol. O Formosa receberá os rivais no Diogão. A maior exigência da FFDF é pela melhoria do gramado, alambrados e laudos. Os problemas no Frei Norberto, em Paracatu, são a sinalização, área de imprensa e o corte do gramado.
A demanda do Estádio JK, no Paranoá, é pela construção de cabine de imprensa. O clube da cidade não disputará a competição, mas a arena é uma das alternativas dos clubes. O Rorizão também. Porém, segue indisponível por causa de questões judiciais e, para variar um pouquinho, ausência de laudo.
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