FBL-WC-CLUB-2025-MATCH54-CITY-HILAL Marcos Leonardo choca o mundo na maior surpresa da Copa do Mundo. Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP Marcos Leonardo choca o mundo na maior surpresa da Copa do Mundo de Clubes da Fifa. Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP

A dimensão dos feitos de Al Hilal e Fluminense ao eliminarem City e Inter

Publicado em Esporte

New Jersey — Alguma vez time europeu havia sido eliminado antes da finalíssima da Copa Intercontinental, Copa Toyota ou Mundial de Clubes da Fifa em qualquer formato no período de 1960 a 2024, ou seja, no período anterior ao lançamento da Copa do Mundo de Clubes da Fifa nos Estados Unidos? Sim! Precisamos voltar 25 anos no túnel do tempo para dar a dimensão do que fizeram Fluminense e Al Hilal ao eliminarem, respectivamente, Internazionale e Manchester City em uma segunda-feira muito simbólica.

 

Em 2000, a Fifa chamou para si pela primeira vez a responsabilidade de organizar o torneio inventado para ser apenas um tira-teima entre os campeões da Libertadores e da Copa dos Campeões da Europa, posteriormente rebatizada de Champions League.

 

O torneio teve oito times. Eles foram divididos em dois grupos com quatro cada. Os líderes ao término das três rodadas disputariam o título. Real Madrid e Manchester United ficaram pelo caminho. Corinthians e Vasco foram à final. O Timão levou a taça nos pênaltis.

 

Foi a única vez. De 1960 a 2004, o torneio colocava frente a frente os campeões da América e da Europa somente. A partir de 2005, quando a Fifa assume de vez a paternidade, os europeus passaram a disputar semifinais e jamais caíram antes da decisão do título.

 

Portanto, o feito do Al Hilal é o maior da história da competição em qualquer tempo e sob qualquer gestão. Nunca na Copa do Mundo de Clubes, em qualquer formato, um time europeu havia passado por esse constrangimento. O Fluminense fez o mesmo ao desbancar a Internazionale, mas estamos falando de um clube de fora do circuito América do Sul-Europa. O Al Hilal é da Arábia Saudita, um país periférico no mapa da Fifa.

 

Há temperos geopolíticos também no triunfo do Al Hilal. O ex-time do técnico Jorge Jesus e de Neymar é bancado pelos petrodólares da Arábia Saudita. A nação virou uma forte parceira comercial e de eventos da Fifa. Receberá a Copa do Mundo de seleções em 2034. Provavelmente a de clubes também, em 2033.

 

Do outro lado estava o Manchester City, um investimento do City Group, dos Emirados Árabes Unidos. Era “briga de vizinhos”. Mais do que isso: uma disputa de egos entre xeques cheios do dinheiro divertindo-se com brinquedinhos comprados no shopping da bola.

 

Dentro das quatro linhas, vimos uma das melhores versões do centroavante Marcos Leonardo. Revelado pelo Santos, o jovem atacante foi vendido por 22 milhões de euros ao Benfica, não encontrou espaço no clube português e transferiu-se para o Al Hilal.

 

O time árabe pagou 40 milhões de euros por ele e viu o jovem de 22 anos mudar a história do jogo contra o Manchester City de Erling Haaland, Rodri, Foden e do maestro Pep Guardiola. Malcom e Renan Lodi também devem ter chamado a atenção do senhor italiano Carlo Ancelotti, simplesmente o novo técnico da Seleção Brasileira.

 

Chamou atenção também para a grande exibição do sérvio Sergej Milinković-Savić. Como joga bola a “criança”. Em 2015, ele foi eleito o terceiro melhor jogador do Mundial Sub-20, na Nova Zelândia. Derrotou o Brasil por 2 x 1 na final. O malinense Adama Traoré ficou com a Bola de Ouro, Danilo Barbosa recebeu a de Prata e Savić ganhou a de bronze.

 

Para terminar, veja o que é o futebol. Simone Inzaghi saiu desmoralizado da Internazionale depois de perder a final da Champions League por 5 x 0 para o Paris Saint-Germain na maior goleada na história da decisão do torneio. Quase um mês depois, desbanca o todo-poderoso Manchester City nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes e pode ter antecipado o fim do ciclo de Guardiola no clube. Vai saber…

 

E Neymar? Sem ele, o Paris Saint-Germain conquistou a Europa pela primeira vez. Hoje, o time francês joga o melhor futebol do mundo. Sem ele, o Al Hilal elimina o Manchester City e alcança as quartas de final da Copa do Mundo da Fifa. Meras coincidências?

 

Um lado da chave da Copa do Mundo de Clubes da Fifa está definido. Palmeiras, Chelsea, Fluminense ou Al Hilal chegarão à final. Dos quatro, somente o time inglês ostenta o título no currículo conquistado justamente contra o Palmeiras, em 2021. Do outro lado já temos Bayern de Munique e Paris Saint-Germain qualificados para as quartas de final. Restam duas vagas: Real Madrid ou Juventus e Borussia Dortmund ou Monterrey.

 

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