Ano novo, velho perrengue. Dois mil e dezoito começa com uma dívida do GDF empurrada para debaixo do tapete do Mané Garrincha. Sem receber jogos oficiais há oito meses, o estádio mais caro da Copa de 2014 está com o gramado em perfeito estado para abrigar jogos do Campeonato Candango, a partir do próximo dia 20, mas o blog apurou que o pagamento da manutenção do campo está atrasado.
Nos bastidores do governo, há o temor de que a dívida com a manutenção do gramado comprometa a realização de jogos locais e o plano de disponibilizar o Mané Garrincha para partidas do Flamengo na Libertadores. Em 2016, o clube chegou a bancar do próprio bolso a manutenção do campo e até o aluguel de um gerador para mandar jogos do do Carioca e do Brasileirão no Distrito Federal.
O Flamengo aguarda a punição que será imposta pela Conmebol após os episódios ocorridos na final da Copa Sul-Americana diante do Independiente. A partir do castigo, apontará onde (no Rio ou fora do estado) e em que condições (portões fechados ou com venda de ingressos) receberá seus jogos. Em 1991, Brasília abrigou um jogo rubro-negro no torneio continental diante do Bella Vista, do Uruguai. O GDF está disposto a disponibilizar o estádio ao clube em caso de castigo severo — como, por exemplo, mando de jogos fora do Rio.
O plano de trabalho do Mané Garrincha para 2017 previa investimento de R$ 595.516,83 no gramado, no período de abril a dezembro do ano passado. É o que mostra a planilha. Na última semana de dezembro, o GDF correu contra o tempo para evitar problemas jurídicos e amortizou oito meses da dívida com a empresa Greenleaf.
A Novacap pagou os serviços de março — pendência do contrato de 2016 — a outubro, mas ainda deve os meses de novembro e dezembro. O dinheiro sai da conta da Terracap e a Novacap executa o pagamento. A pendência é de aproximadamente R$ 112.913,16.
Uma fonte admite a dívida, mas atribui o atraso à burocracia do serviço público, como a lentidão no trâmite de notas. Diz ainda que é normal o “delay” de três meses, e que o valor será quitado até março. Há pressa para resolver o perrengue também devido ao processo de licitação da ArenaPlex — complexo que engloba o Estádio Mané Garrincha. O vencedor assumirá a concessão por 35 anos e não pode herdar a dívida.
A Greenleaf tem contrato até abril deste ano e não quis falar sobre a dívida. Apesar do perrengue, continua tocando os serviços. No entanto, recentemente, a firma viveu problema semelhante num outro estádio da Copa de 2014. Em novembro do ano passado, a empresa ameaçou paralisar o serviço na Arena da Amazônia. Motivo: uma dívida de R$ 999.657,99.
Na lista de serviços realizados no Mané Garrincha em 2017 estão, por exemplo, a instalação da grama de inverno realizada no meio do ano e a utilização de luz artificial. Para o mês de novembro, havia previsão das reformas de fim de ano: descompactação e nivelamento do gramado.
Apesar do tratamento luxuoso dado ao campo de jogo do estádio mais caro da Copa de 2014 (R$ 1,7 bilhão), a arena não recebe uma partida oficial de futebol desde 6 de maio do ano passado, quando o Brasiliense conquistou o Campeonato Candango em cima do Ceilândia. Lá se vão oito meses sem bola rolando. Recorde desde a inauguração, como mostrou o blog no início de dezembro.
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