Rueda Reinaldo Rueda e Carlo Ancelotti: colombiano faz reciclagem para assumir a Colômbia

Reinaldo Rueda diz que não foi procurado pelo Flamengo e estuda para assumir a Colômbia após a Copa

Publicado em Esporte

O relógio do celular marcava 2h22 da madrugada em Brasília, 7h22 da manhã na Alemanha. Poucas horas depois da demissão de Zé Ricardo, Reinaldo Rueda respondia a pergunta que o torcedor rubro-negro queria saber: Você tem proposta do Flamengo? “Estou viajando pela Europa. Não houve nenhum contato”, limitou-se a dizer o ex-técnico do Atlético Nacional (leia atualização).

Perguntei se Reinaldo Rueda viu as manifestações da torcida do Flamengo em suas contas nas redes sociais. Questionei se ele toparia assumir um clube no meio da temporada. Fez o silêncio enigmático de quem não descarta possibilidades, está em negociação ou não quer cometer o erro de fechar as portas no clube mais popular do país.

Atualização: após a recusa de Roger Machado, o Flamengo abriu negociação com Reinaldo Rueda. Da Europa, o treinador respondeu sim ao convite feito pelo intermediário rubro-negro e impôs apenas uma cláusula no contrato: a liberação para assumir a Colômbia após a Copa do Mundo de 2018. Você entenderá o motivo ao longo deste post. 

Reinaldo Rueda não está na Europa a passeio. Sua carreira é tão planejada quanto, por exemplo, a de Pep Guardiola. De tempos em tempos, tira meses ou um ano sabático para se dedicar a estudar futebol. O senhor de 60 anos corre contra o tempo para se reciclar porque é o favorito a suceder o argentino José Pekerman na Colômbia após a Copa de 2018. Ele sabe disso. Jornalistas e torcedores da seleção também estão cientes. A turnê de Reinaldo Rueda começou com um encontro com o amigo Carlo Ancelotti no Bayern de Munique. Se não for obrigado pelo Flamengo a voltar mais cedo à América, deve se encontrar também com sua maior inspiração — o espanhol Vicente del Bosque.

Falta menos de um ano para José Pekerman deixar a seleção da Colômbia. Portanto, o Flamengo teria de ser extremamente sedutor para convencê-lo a trocar o certo pelo duvidoso. Mostrei no post da noite de domingo. Em cinco anos, a gestão do presidente Eduardo Bandeira de Melo teve 10 treinadores diferentes. Por que Reinaldo Rueda seria imune a isso? Por que daria brecha a que outro compatriota assumisse o lugar na fila para assumir a Colômbia?

Há um outro obstáculo: a saúde. Os médicos que fizeram uma cirurgia no quadril de Reinaldo Rueda recomendaram ao treinador que ele diminua suas atividades. Comandar um time exige esforço diário. Ele teve de ficar 50 dias afastado do Atlético Nacional num momento em que precisava remontar o time depois das saídas de Berrío, Guerra, Borja, Copete, entre outros. Resultado: a equipe foi eliminada na fase de grupos da Libertadores neste ano em uma chave que tinha Botafogo, Estudiantes e Barcelona de Guayaquil.

O plano A de Reinaldo Rueda é assumir a Colômbia no meio do ano que vem. A primeira passagem pelo cargo foi frustrante para ele. “Por uma mescla de fatores. Alguns problemas internos do futebol colombiano, desentendimentos da associação dos jogadores com o comando do futebol do país, a mudança no comitê executivo e diretivo da federação e o fato de eu não ter classificado a Colômbia para a Copa do Mundo de 2006. Nós também fomos mal na Copa Ouro e na Copa América”, disse em outra entrevista, em maio do ano passado. Rueda teve outra frustração nas divisões de base. Ele também levou a seleção às semifinais do Mundial Sub-20, mas perdeu para a Espanha nas semifinais.

Reinaldo Rueda foi alvo do Cruzeiro, sondado pelo Atlético-MG, confirmou ter sido convidado pelo presidente Roberto de Andrade para assumir o Corinthians antes de Fabio Carille ser efetivado. Na mesma entrevista, em maio do ano passado, admitiu que é um sonho treinar algum time brasileiro. “Eu asseguro a você que seria uma honra, uma distinção trabalhar no Brasil, no futebol pentacampeão do mundo”.

Mas muita coisa mudou… Do início do ano para cá, Reinaldo Rueda passou a admitir que seu quadril não permite mais tantos esforços. E foi convencido de que comandar seleções é a melhor saída para a continuidade da carreira. Classificou e comandou Honduras para a Copa de 2010. Classificou e comandou o Equador na Copa de 2014. Por isso, estuda para assumir o próximo desafio de sua vida: classificar e comandar a Colômbia na Copa de 2022, no Catar. Provavelmente, o Flamengo, que já sonhou com Jorge Sampaoli, também não terá Reinaldo Rueda.

O favorito da diretoria do Flamengo era Roger Machado, ex-Grêmio e Atlético-MG, e muito conhecido de Rodrigo Caetano, um dos defensores da sua contratação. No entanto, o treinador recusou o convite. Consequentemente, Reinaldo Rueda continua sendo uma possibilidade cada vez mais real.