Dez pitacos sobre futebol candango, brasileiro e internacional no fim de semana da bola

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1. Tá difícil, Cristóvão
Quem lê os pitacos aqui no domingo sabe o quanto defendo a continuidade do trabalho dos treinadores. Mas no caso do Cristóvão Borges está ficando difícil. Já falei que não entra na minha cabeça que ele não tenha capacidade para repetir o sucesso de 2011, quando levou o Vasco ao vice-campeonato na Série A. Nos bastidores, o comentário é sobre um flerte do time de São Januário com Vanderlei Luxemburgo. Improvável. Não impossível. Rubro-negro assumido, o treinador não é bem visto por muita gente da diretoria cruz-maltina. A favor dele, a passagem pelo Vasco em 1981, como auxiliar de Antônio Lopes. Foi onde tudo começou…

2. Cosme e Damião

Passeando de carro com a família neste domingo, em Águas Claras, paro em um sinal vermelho. Com o vidro aberto, ouço a conversa de um casal. “Pô, o Leandro Damião fez três gols ontem! Nem lembrava mais que ele estava jogando bola. Nem que era reserva do Flamengo”. Escrevi no sábado aqui no blog sobre a atuação do Damião nos 5 x 1 contra a Portuguesa. Foi a sexta vez que o centroavante marcou três gols num jogo. Isso não rolava desde 14 de março de 2012, em um 5 x 0 do Internacional sobre o The Strongest, pela Libertadores. Te cuida, Guerrero! Ah, Damião, o Bruno Henrique, do Santos, também fez três gols neste fim de semana. Não foi só você que teve direito a pedir música no Fantástico…

3. Na base da base
Infelizmente, os clubes brasileiros olham para as divisões de base quando falta dinheiro para contratar medalhões. É assim o Corinthians em 2017. Apesar da triste constatação, fico feliz da vida quando um moleque formado no próprio clube faz um gol decisivo. Parabéns, Léo Santos! Que a bola na rede no empate por 1 x 1 com a Ponte Preta, em Campinas, seja o primeiro de muitos gols com a camisa do Timão. Nem que seja nesse período de vacas magras, ou seja, sem dinheiro no porquinho (ops, cofrinho) do Parque São Jorge.

4. Vende-se cobertura
Que golaço do Dudu na goleada do Palmeiras sobre o São Paulo no último sábado. Uma pintura a cobertura. Fico aqui pensando. Como é que o técnico Rogério Ceni vai chamar a atenção do goleiro Dênis se ele — Rogério Ceni — sofreu dois dos últimos três gols de cobertura em clássicos contra o Palmeiras, ambos do meia Robinho, atualmente no Cruzeiro. O Verdão ganhou com autoridade. Tchê Tchê voltou a ser aquele do Brasileirão. Guerra mostrou que está na área. O técnico Eduardo Baptista vive tempos de calmaria.

5. Fala sério, Mano!
Nada como uma polêmica de arbitragem após a outra… Lembram? Em janeiro, Mano Menezes alfinetou o arquirrival Atlético-MG, que teria vencido o América de Teófilo Otoni com um pênalti mandraque convertido por Fred. Pois neste domingo, o Cruzeiro venceu o clássico contra o América-MG graças a um pênalti controverso. Aquele mesmo Mano, que provocou o Galo, comentou: “O pênalti foi claro, é a minha opinião”. Então tá bão…

6. Zigue Zago
Antonio Carlos Zago está cavando a própria cova no Campeonato Gaúcho. Como diz um amigo de um colorado desiludido que agora torce pelo 14 de Julho de Livramento, ficar fora das quartas de final do Campeonato Gaúcho é mais vergonhoso do que cair para a segunda divisão. A derrota para o Juventude por 1 x 0 deixou o Inter em nono lugar! Sorte que ainda faltam quatro rodadas para o encerramento da primeira fase, mas tem treinador pelo Brasil dormindo com o celular na mão à espera de um grito de socorro.

7. Bahêa, Bahêa, Bahêa

O tricolor meteu 5 x 0 no Moto Club e garantiu passagem antecipada às quartas de final da Copa do Nordeste. Gosto do trabalho do técnico Guto Ferreira. O cara teria rejeitado o convite para comandar o Corinthians e faz um belíssimo trabalho em Salvador. E o abusado Régis, hein, que divide a artilharia do Bahia no Nordestão com Hernane “Brocador”. Olho nele… Por falar na Copa do Nordeste, o Náutico venceu o Santa Cruz por 1 x 0 no clássico deste domingo, na Arena Pernambuco. Foi o segundo triunfo seguido em dérbis. No domingo passado, a vítima do time comandado, agora, por Milton Cruz, havia sido o Sport. Incrível o gol de Nirley. O estreante precisou de 15 segundos depois de entrar em campo para fazer o gol da vitória.

8. Ressaca? Sei…
Sem Neymar e Rafinha, o Barcelona — com Messi — perdeu para o La Coruña por 2 x 1. Pior do que a derrota foi deixar a liderança do Campeonato Espanhol escapar. O topo, agora, é do Real Madrid. A impresa espanhola diz que o time catalão estava de ressaca depois da goleada por 6 x 1 sobre o PSG na quarta-feira, pela Liga dos Campeões. Graças a mais um daqueles milagres protagonizados pelo zagueiro Sergio Ramos, o time merengue virou o jogo contra o Bétis e lidera.

9. Mais um 7 x 1…

Quando a gente acha que esqueceu o 7 x 1, aparece uma Internazionale da vida para trazer o pesadelo de volta. O time italiano deu uma de Alemanha contra um “Brasil” chamado Atalanta no Campeonato Italiano. Por falar nisso, o Brasil vai encarar a Alemanha em 28 de março de 2018…

10. Fora de série é pouco!

Na edição deste domingo, o colega Victor Gammaro mostrou que, pela primeira vez, Gama e Brasiliense se enfrentariam sem nehuma perspectiva de figurar ao menos na quarta divisão — a última do futebol brasileiro. As vagas para o torneio, em 2017, são de Luziânia e Ceilândia. Pois eu digo o seguinte: fora de série é pouco para os dois clubes protagonistas de um novo vexame.

A irresponsabilidade dos jogadores dentro de campo e o vandalismo das organizadas na transformação do Bezerrão em campo de batalha mereciam o rebaixamento de ambos no futebol candango. Só que não! Alguém vai passar a mão na cabeça. Esperar súmula? Relato do delegado da partida? Compreensível do ponto de vista burocrático. Mas as imagens da tevê Globo estão aí, disponíveis para a Polícia Militar identificar e prender os valentões. Pior do que serem times fora de série é Gama e Brasiliense não terem a decência mínima necessária para terminar um jogo de 90 minutos válido pela fase classificatória. A partida acabou (?) aos 40 minutos do segundo tempo! Nesta noite de domingo, o Candangão foi (mais uma vez) uma vergonha nacional.

Mas há quem esbraveje dizendo que não se deve falar mal do pobre Candangão… Ah, não é só aqui que  isso acontece… Não deveria aqui nem na China. E como não falar mal diante de tantas bizarrices? Num dia é goleiro imensamente acima do peso virando campanha nacional para emagrecer. Lembram do “emagrece, Serjão”, goleiro da Aruc??? No outro, a sensação é um time que ficou sem chuteira para o jogo do Candangão. Os cinderelos do Formosa. Sem contar histórias como times goianos e mineiros que disputam o… Candangão, time dos bombeiros, do senador cassado, dos refugiados, do Legião Urbana, os efêmeros Botafogo-DF, Botafogo Sobradinho, Flamengo Tiradentes…
Sem contar o Brasília, que mudou a cor do escudo no ano passado para evitar associações de alinhamento com partido político.

Desculpa, mas é muita bizarrice em um campeonato que tem 12 (!) times e mal tem um. Ou não? O único representante de fato da cidade no Campeonato Brasileiro é o Ceilândia. A outra equipe da “cidade” na quarta divisão é o Luziânia. De Goiás! Mas está tudo lindo. Temos um campeonato com a mesma quantidade de clubes do Carioca. Temos quase um Paulistão, que tem 16.

Mas querem aparecer bem na fita… Querem aparecer de verdade? Como vitrine para o Brasil? Comprem passagem e façam intercâmbio, por exemplo, em Santa Catarina. Que tal aprender um pouquinho com os clubes (não com a Federação) do estado mais emergente do futebol brasileiro quando o assunto é futebol? Eles, sim, deixaram de ser manezinhos, terra de surfistas, e hoje conseguem revezar clubes nas séries A e B do Campeonato Brasileiro. Há perrengues por lá, bizarrices também. O Almanaque do futebol catarinense, do colega Emerson Gasperin, do Diário Catarinense, não me deixa mentir. Decisão de título que foi parar no tapetão…

Mas os clubes resistem. Evoluíram. Ganharam anticorpos. Estão vacinados. Em 2014, Santa Catarina chegou a ter mais clubes do que o Rio na elite. Quatro!!! Outro dia, a Chapecoense era fora de série. Hoje, joga a Libertadores. Se faltar dinheiro para trocar ideias com Avaí, Figueirense, Chapecoense, Joinville…, peguem nos arquivos do Correio Braziliense a série que escrevi com o amigo Rodrigo Antonelli sobre o crescimento do futebol de Santa Catarina e o desaparecimento do futebol candango do mapa do futebol brasileiro. Aprendam ou continuem aparecendo para o Brasil e o mundo com bizarrices ou barbáries como a deste domingo.

E antes que alguém atire a primeira pedra, gosto, sim do Candangão. Foi nele que comecei a carreira. Foi nele que aprendi muito, muito, mesmo. Mas, acima do Candangão, aprendi a fazer jornalismo. Quando é para falar bem, falo bem. Querem ver? Se não fosse a briga, valentões, eu estaria aqui dizendo que Gama e Brasiliense levaram mais pagantes ao Bezerrão do que o Vasco ao Engenhão na estreia do Luis Fabiano. A ideia inicial era essa. Foram 6.834 pagantes no Gama e 5.367 lá no Rio. Não seria um gol de placa do clássico verde-amarelo? Existe ou não existe potencial para crescimento? Mas estragaram tudo. Portanto, não peçam para eu falar bem do que as imagens não deixam. Contra o que aconteceu em Gama 1 x 1 Brasiliense não há argumentos. Pronto falei. Boa semana a todos!

Classificação
1. Brasiliense, 21 pontos
2. Gama, 17
3. Ceilândia, 16
4. Paracatu, 14
5. Real, 12
6. Santa Maria, 11
7. Sobradinho, 11
8. Luziânia, 9
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9. Paranoá, 8
10. Formosa, 7
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11. Brasília, 3
12. Atlético Taguatinga, 2

Artilheiros: Roberto Pitio (Gama) e Michel Paulista (Formosa), 5 gols

Marcos Paulo Lima

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