Fluminense Garoto de Xerém, Wellington Silva fez o primeiro gol tricolor no Fla-Flu. Foto: Nelson Perez/Fluminense FC

Dez pitacos sobre futebol candango, brasileiro e internacional no fim de semana da bola

Publicado em Esporte
  1. Taça Guanabara

O Fluminense foi campeão sem Gustavo Scarpa. Sem Douglas. Sem descanso. Foram 18 horas de viagem de Sinop (MT) ao Rio. Uma viagem e meia à Europa, talvez. Inclusive com trecho de ônibus. Baú, mesmo! Ainda assim, jogou com fôlego de menino contra um Flamengo formado há 10 meses e que não teve compromisso duranta a semana. O Fluminense quebrou um tabu de 13 anos. O Flamengo não perdia uma decisão por pênaltis desde 22 de setembro de 2004, para o Santos, na Copa Sul-Americana. Naquele mesmo ano, o Fla-Flu decidiu título pela última vez. Deu Flamengo 3 x 2. Dessa vez, quase deu Flu 3 x 2. Não foi no tempo normal porque, segundo um rastreamento que fiz nos gols da carreira de Paolo Guerrero — de 2004 a 2017 — o peruano fez gol de falta pela primeira vez como profissional.O rubro-negro tinha Guerrero. Mas o tricolor, um time de guerreiros. Que partida de Wellington Silva. Que exibição de Sornoza. Que frieza de Henrique Dourado. Foi um clássico digno de enciclopédia. Digno do estádio que se chama Nilton Santos.

Cinco gols no primeiro tempo foi até pouco. Em 1999, o Fla-Flu foi para o intervalo com seis bolas na rede.  Era de se esperar. O tricolor tem o melhor ataque. O rubro-negro, a melhor defesa. Abel Braga não teve vergonha de escalar o cão de guarda Pierre. Zé Ricardo teve vergonha de usa Márcio Araújo, que deu estabilidade ao time no terceiro lugar do último Brasileirão. Pra mim, foi um detalhe do clássico. Romulo ainda é um ser estranho no Flamengo, busca entrosamento com Willian Arão e o sistema defensivo. Como era uma decisão, talvez, Márcio Araújo seria necessário. Quem sabe a ausência de Gustavo Scarpa deixou Zé Ricardo menos tenso. Quem sabe… O tal do “se” não entra em campo.

Ah, que estrela do atacante brasiliense Marco Júnior, hein! Fez o gol do título da Primeira Liga no ano passado. E cobrou o pênalti da conquista da Taça Guanabara neste domingo.

Mais belo do que o clássico que brigou para ter torcida mista — motivados, a bem da verdade, por Eurico Miranda, que bateu o pé no Flamengo x Vasco — só a troca de mensagens no twitter oficial dos dois clubes…

Flamengo: “Parabéns, @FluminenseFC pela conquista da Taça Guanabara. Nos veremos em outros clássicos e decisões. #PazNoFutebol”

Fluminense: “Obrigado, @Flamengo! Até a próxima! #PazNoFutebol”

 

  1. Campeonato Paulista

Impressionante o desempenho de Jô, centroavante do Corinthians, neste início de temporada. Foi decisivo contra o Palmeiras na vitória por 1 x 0. Brilhou novamente na vitória sobre o Santos. O início do trabalho de Fabio Carille no Timão lembra o de Tite na conquista do Campeonato Brasileiro de 2011. Lembram quantas vitórias por 1 x 0 ou por um gol de diferença? Como diz o bando de loucos: “O que importa é os três pontos, mano”. Uma ode a Tite, que estava sentadinho na tribuna de honra vendo o jogo. De lá, viu o seu 4-1-4-1 envenenar mais ainda o início de ano complicado de Dorival Júnior no Santos. Quanto ao São Paulo, como diz o amigo Braitner Moreira, se o Rogério Ceni arrumar a defesa, esse time tricolor vai dar trabalho na temporada. Cícero, Cueva, Luiz Araújo e Gilberto botaram para quebrar nos 4 x 1 sobre o Santo André. É o melhor ataque entre os times da Série A.

 

  1. Campeonato Gaúcho

Finalmente um bom clássico lá em Porto Alegre. Não havia gostado dos últimos que vi, quando esqueceram a bola, partiram para a pancadaria e esqueceram-se de que futebol é gol. Ao Grêmio, o jogo serviu para acender a luz. O time e o elenco são superiores ao Inter, mas é preciso encaixar na Libertadores. Ao Inter, serviu de motivação. Com uma equipe inferior à do rival, peitou o adversário na casa alheia com muita criatividade do técnico Antônio Carlos Zago. Ousado, recuou D’Alessandro para atuar praticamente como volante. Bolaños arrebentou. Marcelo Oliveira distribuiu chapéus. E o atacante Fernandinho, decisivo no Flamengo em 2016, decidiu para o tricolor gaúcho ao evitar a derrota.

 

  1. Campeonato Mineiro

Escrevi isso mais de uma vez aqui nos pitacos. Esse time do Cruzeiro montado pelo Mano Menezes é candidato ao título do Campeonato Brasileiro. Ok, a vitória de ontem foi sobre o América de Teófilo Otoni, mas a equipe é regular, organizada, moderna. Se o seu ouvido está viciado de ouvir falar do Palmeiras, do Flamengo e do Atlético-MG como favoritos ao título da Série A, dá uma olhada com carinho nesse time do Cruzeiro. Ah, por falar no Galo, o Fred continua demais. Que início de temporada do melhor centroavante brasileiro em atividade no país. São nove gols em 2017 — o melhor início de temporada do camisa 9. Defendi a convocação dele ao menos para o banco contra Uruguai e Paraguai. Fui voto vencido.

 

  1. Campeonato Pernambucano

O Náutico não vencia o Sport desde 2014! Pois o tabu caiu ontem na Arena Pernambuco. As atenções no clássico estavam voltadas para Diego Souza, possível substituto de Gabriel Jesus contra o Uruguai e o Paraguai, no fim do mês, pelas Eliminatórias. Diego Souza atuou como meia no esquema 4-5-1 de Daniel Paulista, atrás do centroavante Leandro Pereira. Tite imagina Diego Souza fazendo na Seleção um papel semelhante ao de Danilo nos tempos de Corinthians, mas foi o zagueiro Ronaldo Alves quem balançou a rede para o Sport.

 

  1. Copa Verde

O futebol candango já está fora da Copa do Brasil. Agora, sofre também a Copa Verde. Mais lamentável do que a derrota por 1 x 0 para o Luverdense no sábado, no Abadião, foi o fato de o atual vice-campeão do DF jogar com portões fechados. Sem torcida. Faltou laudo do Corpo de Bombeiros! Gato tem sete vidas, mas não dá para abusar. Na partida de volta, no Passo das Emas, em Lucas do Rio Verde, o Gato precisa no mínimo vencer por 1 x 0 para forçar os pênaltis. Ou por 2 x 0 para protagonizar uma classificação épica. Atual campeão candango, o Luziânia empatou ontem por 1 x 1 com o Operário no Morenão, em Mato Grosso do Sul. Em casa, o time goiano tem a oportunidade de salvar a pele do futebol candango neste primeiro semestre.

 

  1. Campeonato Candango

Infelizmente, um velho inimigo do futebol brasileiro — o asterisco — deve tirar um pouquinho do brilho do duelo de maior rivalidade da cidade no próximo domingo: Gama x Brasiliense, às 16h, no Bezerrão. Desde já, recomendo às duas diretorias que conversem decentemente com as autoridades de segurança e sigam o exemplo do Fla-Flu de ontem. Que clamem pela paz. Com a vitória de ontem sobre o Paranoá, por 2 x 0, o Brasiliense lidera sozinho com 19 pontos em sete jogos. O Gama é o segundo com 13, mas tem duas partidas a menos. No meio de semana, o Brasiliense pega o Ceilândia e o Gama, o Luziânia. São jogos chaves para sabermos se a partida de domingo valerá (ou não) a liderança.

Preso na última quinta-feira pela Polícia Federal por causa de crime tributário, Souza esteve em campo ontem, no Bezerrão. E Reinaldo, aquele, revelado pelo Flamengo e com passagem pelo São Paulo, balançou a rede. Um time que vem comendo pelas beiradas é o Real, ex-Dom Pedro. Ontem, o time presidido por Luis Belmonte derrotou o Brasília, que até 2016 foi comandado por Belmonte, por 2 x 0 no Mané Garrincha. O Sobradinho mandou 4 x 3 no Formosa e o Atlético Taguatinga perdeu por 2 x 1 para o Santa Maria.

 

Classificação

  1. Brasiliense, 19 pontos
  2. Gama, 13
  3. Ceilândia, 12
  4. Paracatu, 11
  5. Real, 11
  6. Sobradinho, 9
  7. Santa Maria, 8
  8. Luziânia, 6

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  1. Paranoá, 5
  2. Formosa, 4
  3. Brasília, 3
  4. Atlético Taguatinga, 1

 

7ª rodada

Formosa 3 x 4 Sobradinho

Paranoá 0 x 2 Brasiliense

Real 2 x 0 Brasília

Atlético Taguatinga 1 x 2 Santa Maria

Adiados por causa da Copa Verde

Luziânia x Paracatu

Ceilândia x Gama

Artilheiros: Roberto Pitio (Gama) e Romarinho (Ceilândia), 4 gols

 

  1. Campeonatos Europeus

A emoção que tem faltado ao Campeonato Brasileiro, que não é decidido na última rodada desde 2011, quando Corinthians e Vasco chegaram à 38ª com chance de título, está de volta em ao menos quatro das sete principais ligas da Europa. Na Espanha, o Barcelona lidera com 60 pontos. O Real Madrid tem 59, mas com um jogo a menos. No Francês, ainda temos um campeonato. O Monaco comanda com 65 e o PSG contabiliza 62. Na Holanda, o Feyenoord mantém quatro pontos de distância do Ajax. Em Portugal, o Benfica está um pontinho à frente do Porto (60 x 59). As exceções são o Inglês, o Italiano e o Alemão. O Chelsea continua sobrando na Premier League, com 63 pontos, sete à frente do Tottenham. Na Itália, a Juventus tem 67 contra 59 da Roma. A Velha Senhora até tropeçou fora de casa contra a Udinese, mas a Roma perdeu por 2 x 1 para o Napoli. Na Alemanha, o Bayern de Munique já tem 56 pontos contra 49 do Red Bull Leipzig.

 

  1. Canarinhos

Que golaço do Neymar nos 5 x 0 do Barcelona no sábado. Obra-prima o gol de cobertura no Campeonato Espanhol. Que exibição do goleiro Ederson na vitória de sábado do Benfica diante do Feirense. Fez valer a convocação. Alô, Tite, o Fabinho continua arrebentando com o Monaco no Campeonato Francês. Era lateral direito. Está comendo a bola como volante. Alô, Tite, é bom ficar de olho no tal do Tiquinho Soares. O novo Hulk fez mais dois no fim de semana, pelo Porto. Se brincar, daqui a pouco Portugal naturaliza o atacante e perderemos mais um Diego Costa da vida. Que susto nos deu o Douglas Costa na vitória do Bayern de Munique no sábado. Mas nas redes sociais ele disse que tá tudo bem. Sem risco de corte da convocação para os duelos com o Uruguai e o Paraguai pelas Eliminatórias. Na abertura do Campeonato Chinês, o volante Paulinho fez dois gols na vitória do Guangzhou Evergrande, o time do técnico Luiz Felipe Scolari.

 

  1. Bundesliga ou Brasileirão?

Fiz um levantamento aqui e vejam só! Dos 18 clubes que disputam o Campeonato Alemão, oito já trocaram de técnico na temporada de 2016/2017! Um deles, o Wolfsburg, duas vezes na mesma edição. Qualquer semelhança dos carrascos dos 7 x 1 com o Brasil é mera coincidência. O último a dispensar dono da prancheta foi o Bayer Leverkusen neste fim de semana. Roger Schmidt perdeu o emprego. Antes do Bayer, sete times mandaram treinadores para o departamento pessoal:  Wolfsburg, duas vezes, Werder Bremen, Hamburgo, Ingolstadt, Darmstadt, Augsburg e Borussia Monchengladbach.