Basta uma vitória sobre a Venezuela nesta quarta-feira para o Uruguai quebrar um jejum de 36 anos e conquistar o Sul-Americano Sub-20. A duas rodadas do término do hexagonal final, o Uruguai tem nove pontos, contra quatro de Equador, Venezuela e Brasil, três da Argentina e um da Colômbia. Na última vez que ganhou o torneio, em 1981, justamente em Quito, no Equador, o time comandado à época por Aníbal Gutiérrez Ponce contava com uma promessa que se tornou simplesmente um dos maiores jogadores da história do país: Enzo Francescoli.
Naquele tempo, o Uruguai era uma potência na categoria. Havia faturado os títulos de 1975, 1977 e 1979. Deu a volta olímpica também em 1981, no primeiro tetracampeonato da história do torneio. O outro foi do Brasil, em 1988, 1991, 1992 e 1995.
Campeão do Grupo A, o Uruguai avançou ao quadrangular final e venceu as três partidas. Fez 2 x 1 no Brasil e na Bolívia e goleou a Argentina por 5 x 1. O timaço tinha o goleiro Zeoli; Melián, Ostolaza, Gutiérrez e Vázquez; Batista, Berrueta e López Báez; Francescoli, Da Silva e Villazán.
Enzo Francescoli foi pentacampeão argentino pelo River Plate e a Copa Libertadores da América de 1996. Pelo Olympique de Marselha, conquistou o Campeonato Francês na temporada de 1989/1990. Pelo Uruguai, ganhou a Copa América em 1983, 1987 e 1995. Eleito melhor jogador da América em 1984 e em 1995, inspirou um dos seus fãs, Zinedine Zidane, a batizar uma dos filhos de Enzo.
Trinta e seis anos depois, O Uruguai pode ser octa nesta quarta com um time não menos promissor. Rodrigo Amaral, um dos artilheiros do Sul-Americano Sub-20, além de De La Cruz, Bentancur, Schiappacasse e Walter, por exemplo, sào muito bons de bola.
Mais do que o título, chama a atenção o que está acontecendo no país vizinho. O Uruguai está classificado para o Mundial Sub-20 pela quinta vez consecutiva. Esteve em 2009, 2011, 2013, 2015 e vai ao torneio em 2017. Detentora do maior jejum de títulos mundiais na categoria profissional — o último foi em 1950, no Brasil —, a Celeste trabalha duro para conquistar o tri em 2018, 2022, 2026… Quem sabe em casa, em 2030, na edição centanária da Copa.
Não importa. Bacana é o belíssimo trabalho integrado do técnico Óscar Washington Tabárez com Fabián Coito. E a paciência da Associação Uruguaia de Futebol com o projeto. Nas divisões de base do Uruguai desde 2007, Fabián Coito passou pela sub-15, sub-17 e agora comanda a sub-20. Em 2011, levou o Uruguai ao vice-campeonato do Mundial Sub-17 no México. Depois de eliminar o Brasil, perdeu o título para os anfitriões por 2 x 0. No Sul-Americano Sub-17 de 2011 foi vice também. Portanto, se conquistar o título nesta noite, pode ser o primeiro dele nas divisões de base em 10 anos de trabalho. Quem teria tamanha paciência com um profissional.