Uma decisão equivocada da entidade máxima de futebol (na minha opinião) pode cometer uma injustiça com Cristiano Ronaldo logo no início de 2017. Ao abrir a votação do Fifa The Best para internautas, não há garantia de que o português tricampeão mundial de clubes neste domingo, após a vitória por 4 x 2 do Real Madrid sobre o Kashima Antlers, com três gols do astro, é uma barbada, ou seja, vai ser eleito melhor do mundo em 9 janeiro, na Suíca. Há uma diferença enorme entre jurado e fã clube. Isso pode pesar a favor de Lionel Messi, por exemplo. O argentino teve uma temporada aquém do craque lusitano, mas a escolha do número 1 terá 50% de peso para técnicos e capitães das 209 seleções filiadas e outros 50% divididos entre jornalistas e júri popular.
Há risco de surpresa, mas não deveria. Cristiano Ronaldo é o primeiro jogador a conquistar a Liga dos Campeões da Europa, a Eurocopa, o Mundial de Clubes da Fifa e a Bola de Ouro da revista France Football no mesmo ano. Foi artilheiro da Champions, do Mundial, levou Portugal, repito, Portugal, ao primeiro título de sua história. Eusébio e Figo não conseguiram. De lambuja, ganhou a Supercopa da Europa. Um ano e tanto coroado com três gols na tensa vitória do Real Madrid na prorrogação sobre o Kashima Antlers neste domingo, por 4 x 2, em Yokohama, no Japão.
A entrega do prêmio de melhor do mundo a Cristiano Ronaldo seria uma barbada se a Fifa não inventasse moda. Aliás, o novo presidente, Gianni Infantino, está exagerando nas inovações, como a Copa do Mundo com 40 ou 48 países, por exemplo. A espera de Cristiano Ronaldo vai ser longa até 9 de janeiro. É o final pode ser infeliz para que pode até não ser o melhor do mundo, mas foi em 2016.
“Foi um ano inesquecível em nível coletivo e individual. Ganhamos a Champions, a Supercopa da Europa e o Mundial de Clubes. Além da Eurocopa com a seleção de Portugal . Foi um ano perfeito. Estou muito contente por terminar o ano assim. Os troféus são todos especiais, mas A Eurocopa com Portugal deixa-me um sabor especial porque foi o primeiro. Os outros títulos também foram muito importantes e estou muito feliz”
Cristiano Ronaldo, atacante do Real Madrid
A final deste domingo deixa como legado a coragem do Kashima Antlers. Não lembro recentemente de um finalista de Mundial de Clubes que jogou com tanta ousadia contra um adversário europeu. A regra era se defender, sofrer à espera de um contra-ataque, aproveitá-lo e suportar a vitória magra até o fim. Foi assim nas conquistas de São Paulo (2005), Inter (2006) e Corinthians (2012) sobre Liverpool, Barcelona e Chelsea, respectivamente. O Kashima teve mais medo do Atlético Nacional, da Colômbia, nas semifinais, do que do Real Madrid. Jogou como pequeno na semi e foi gigante na final.
Aliás, que defesa do goleiraço Navas no chute do brasileiro Fabrício no último lance do tempo normal. Era o gol do título. E que lambança da arbitragem. No Mundial das lambanças tecnológicas, nenhum árbitro de vídeo foi capaz de lembrar o árbitro de simplesmente cumprir o que diz a regra, ou seja, que Sérgio Ramos tinha de ser expulso ao matar um contra-ataque do Kashima. O juiz pipocou na hora de punir o zagueiro com o segundo cartão amarelo. Chegou a colocar a mão no bolso e desistiu.
Na prorrogação, um ex e um atual craque fizeram a diferença. Zidane — quarto homem a conquistar o Mundial como técnico e jogador — mudou o Real Madrid taticamente e encurralou o Kashima. Dentro das quatro linhas, Cristiano Ronaldo foi o responsável por executar o plano tático com perfeição na prorrogação com vitória merengue por 4 x 2.
Recordista de títulos no Campeonato Espanhol e na Liga dos Campeões da Europa, o Real Madrid também é, agora, no Mundial de Clubes da FIfa. Tem que respeitar.