1. Fiel a um estilo
O Corinthians é um dos líderes do Campeonato Brasileiro ao fim da terceira rodada, entre outros motivos, porque tem, há muito tempo, um estilo de jogo que marcou uma era vitoriosa no clube. O jeito Tite de jogar. É um time seguro, compacto e letal. O craque do time é o futebol coletivo, o conjunto. E a ordem é regularidade. Não perder. Há um pouco de Tite no Corinthians, mas também um pouquinho de Mano Menezes — o cara que resgatou o clube paulista da segunda divisão sem um futebol de encher os olhos, mas que era competitivo, a ponto de conquistar o Paulistão e a Copa do Brasil. Fabio Carille foi auxiliar de Mano e de Tite. É fiel ao estilo que marcou época. Quando o Corinthians tentou fugir do estilo, teve de demitir Adilson Batista, Cristóvão Borges, Oswaldo de Oliveira. Fabio Carille escolheu um caminho. Trata com carinho, principalmente, o legado de Tite. E entrega mais do que se esperava dele. E Mano Menezes? Depois de deixar sua sementinha no Corinthians, vai plantando seus conceitos também no Cruzeiro. Quem lê os pitacos sabe que digo, desde o início da temporada, que esse time celeste tem bala na agulha para brigar pelo título. Uma curiosidade: a liderança é de dois dos três clubes que menos sofreram gols neste ano. O Corinthians levou 16 gols em 29 jogos (0,55). O Cruzeiro sofreu 18 em 30 exibições (0,60).
A rodada teve cinco gols de cabeça. Desculpa a exigência, mas acho muito. Um deles foi do Flamengo. Como o time de Zé Ricardo cruza a bola para a área! Chega a ser chato. Em 2016, havia crítica ao Cucabol do Palmeiras. Mas o Zecabol também é demais. A tal da bola aérea é um dos pontos fortes do Flamengo, mas continua sendo o fraco também. Thiago Heleno usou a cabeça para impedir a vitória do adversário carioca. Como o Atlético-MG escapou da derrota contra a Ponte Preta? Com uma cabeçada de Rafael Moura, um dos especialistas no assunto. Luis Fabiano fez o primeiro gol do Vasco sobre o Fluminense de… cabeça. Matheus Ferraz é outro que usou a cuca para fazer o segundo do Sport na vitória diante do Grêmio.
Quatro times que pontuaram na terceira rodada disputarão apenas uma competição até o fim do ano: o Campeonato Brasileiro. Portanto, fique de olho em Vasco, São Paulo, Coritiba e Ponte Preta. Enquanto tem concorrente dividido entre Série A, Copa do Brasil e Libertadores ou Sul-Americana, esse quarteto está com tempo sobrando para treinar, surpreender e bagunçar a classificação geral. O São Paulo venceu o Palmeiras. O Vasco freou o Fluminense.
Temos um exterminador de líderes nesta largada do Brasileirão? Na segunda rodada, a vítima cruz-maltina foi o Bahia. Na terceira, o Fluminense. Anote aí: o próximo adversário é o terceiro colocado Grêmio, que dividiu a liderança com o Fluminense na segunda rodada.
A bancada do futebol carioca alugou o sexto, sétimo, oitavo e nono lugares da classificação. Incrível como as posições, respectivamente, de Fluminense, Botafogo, Vasco e Flamengo dizem muito e não dizem nada. O Fla é o pior do Rio. Mas é o único invicto dos quatro.
Tenho chamado a atenção desde a primeira rodada: mais uma vez, os camisas 9 provam que não estão em extinção. Não necessariamente eles usam o número 9, mas foram decisivos neste fim de semana. Artilheiro isolado do Brasileirão com cinco gols, Henrique Dourado fez dois pelo Fluminense. Lucca também com a camisa da Ponte Preta. André brilhou três vezes no triunfo do Sport sobre o Grêmio. Lucas Pratto, do São Paulo, decidiu o clássico contra o Palmeiras. Rafael Moura salvou o Atlético-MG da derrota em casa. Em São Januário, Luis Fabiano abriu o caminho da vitória para o Vasco.
Quando caiu para a segunda divisão, o Corinthians apostou em uma ideia: arrancou Mano Menezes do Grêmio e foi fiel ao técnico do início ao fim da volta por cima. Quando o Vasco caiu pela primeira vez, contratou Dorival Júnior. Foi fiel ao treinador do início ao fim da volta por cima. Cito esses dois exemplos para dizer o seguinte: a diretoria do Internacional não tem convicção nenhuma. Está perdida desde o momento em que escolheu Antonio Carlos Zago para comandar o resgate do clube. Ao contrário do Corinthians e do Vasco, O gigante do Beira-Rio pensou com cabeça de Série B. Demorou cinco meses para descobrir isso. E a essa altura da temporada atira para todos os lados. Guto Ferreira tem um estilo. Levir Culpi, Vanderlei Luxemburgo , Marcelo Oliveira e outros nomes especulados também. Acima de tudo, a diretoria colorada precisa ter convicção. Do contrário, corre o risco de ficar na Série B.
Importantíssimos os pontos conquistados fora de casa pelos representantes candangos na Série D do Campeonato Brasileiro. O Ceilândia arrancou um pontinho contra o enjoado Sinop no Estádio Gigante do Norte e divide a liderança do Grupo A10 com o Comercial-MS, quatro pontos cada. Formiga salvou o Gato da derrota. Em casa, o Luziânia desperdiçou a chance de manter 100% de aproveitamento ao empatar por 1 x 1 com o União. Mesmo assim, divide o topo do Grupo A11 com o time de Mato-Grosso. Sendo realista, as campanhas de Ceilândia e Luziânia superam as expectativas: duas rodadas e nenhuma derrota. Oito clubes continuam com 100% de aproveitamento: Atlético-AC, Rio Branco-AC, Altos-PI, Fluminense-BA, América-RN, Portuguesa-RJ, Bangu-RJ e São Bernardo-SP.
9. Campeões de copas
O fim de semana teve justíssimos campeões de copas nacionais. Na FA Cup, apesar do gol irregular na minha opinião, o Arsenal superou o Chelsea. Na França, deu PSG diante do modesto Angers. Na despedida de Luis Enrique do Barcelona, vitória fácil sobre o Alavés na decisão da Copa do Rei. Na Copa da Alemanha, festa merecida do Borussia Dortmund diante do Eintrancht Frankfurt. Em Portugal, deu Benfica contra o Vitória de Guimarães. Antes deste fim de semana, o Vitesse havia conquistado a Copa da Holanda. E a Juventus, a da Itália.
Em 2013, Francesco Totti disse em entrevista à revista France Football: “Em 2004, a minha transferência para o Real Madrid estava certa. Se eu tivesse ido, teria conquistado a Liga dos Campeões da Europa três vezes, duas Bolas de Ouro e outras coisas mais”. Mas Totti escolheu um amor maior. Ser fiel a um só clube até a sua primeira morte — a aposentadoria como jogador de futebol. Emocionante o adeus do camisa 10. Que legado! 786 jogos pela Roma. 307 gols. 197 assistências. Um Campeonato Italiano. Duas Copas da Itália, duas Supercopas da Itália, uma Copa do Mundo e uma Eurocopa Sub-21. Segundo maior artilheiro da história do Campeonato Italiano 250 gols, abaixo apenas de Piola (274). Jogador mais velho a marcar na elite do Italiano, com 38 anos e 59 dias. Talvez, com direito a trocadilho, mesmo, Totti seja o último romântico. Minha continência a “Il Capitano”.
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