No sábado passado, publiquei aqui no blog uma entrevista com o técnico do Sobradinho. Aos 35 anos, Victor Santana, que só tem três meses na profissão, pode entrar para a história neste sábado, às 16h15, no Mané Garrincha, como o primeiro técnico nascido no Distrito Federal a conquistar o Campeonato Candango. Porém, do outro lado, ele terá pela frente um adversário pé quente em decisões. Ao menos nos tempos de jogador.
Aos 52 anos, Aílton Ferraz pode conquistar o segundo título da carreira no papel de treinador. Nos tempos de volante e de lateral-direito, ganhou quase tudo na vida. Foi tetracampeão carioca por Flamengo, Fluminense e Botafogo, campeão do Módulo Verde da Copa União de 1987 e da Copa do Brasil de 1990 pelo time rubro-negro, faturou o Campeonato Brasileiro e a Recopa Sul-Americana com a camisa do Grêmio em 1996 e o Campeonato Paraense de 1999 defendendo o Clube do Remo. Com a prancheta, conduziu o Resende ao título da Copa Rio de 2015, torneio disputado no segundo semestre.
Como se não bastasse a coleção de títulos, Aílton tinha fama de desequilibrar finais. Em 1995, foi o autor do chute que originou o gol de barriga de Renato Gaúcho no Fla-Flu que decidiu o Estadual. No ano seguinte, entrou em campo no segundo tempo da final do Brasileirão contra a Portuguesa, no Olímpico, e fez o gol do bicampeonato nacional tricolor. A seguir, o blog, em parceria com os repórteres Danilo Queiroz e Victor Gammaro, lista 10 curiosidades sobre o treinador que pode brindar o atual campeão com o décimo troféu no Campeonato Candango.
O novo técnico tinha um apelido que fez bastante sentido ao longo de sua carreira: Ailton “Sortudo”. E não é para menos. Em 17 anos como jogador profissional, o meia-direita fez companhia a grandes nomes do futebol nacional e tinha uma estrela que costumava brilhar em momentos decisivos e que o transformava em protagonista de grandes títulos. “Nunca saí de um clube por baixo”, recorda o comandante do Brasiliense. E seu histórico como jogador confirma isso…
Aílton Ferraz acumula momentos históricos com a camisa do Flamengo. Pelo rubro-negro, ele atuou em 380 partidas entre 1985 e 1991 e conquistou o título da Copa União (1987), uma Copa do Brasil (1990) e dois Campeonatos Carioca (1986 e 1991). Em 1987, vestia a camisa 8 do rubro-negro. “Em 1987, joguei num meio de campo que tinha só Zico, Andrade e eu”, recorda. Em 91, ele atuou como lateral-direito no jogo decisivo da Copa do Brasil, contra o Goiás.
O ex-senador cassado e dono do Brasiliense Luiz Estevão é tricolor de coração, mas parece ter admiração pelo Flamengo campeão da Copa União de 1987. Depois de Edinho e Andrade, Ailton Ferraz é o terceiro titular daquele timaço do Flamengo comandado por Carlinhos — Zé Carlos; Jorginho, Leandro Esinho e Leonardo; Andrade, Ailton e Zico; Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho — a assumir a prancheta do atual campeão candango.
O título carioca de 1995 conquistado pelo Fluminense ficou marcado pelo icônico gol de barriga marcado por Renato Gaúcho, aos 42 minutos do segundo tempo da final contra o Flamengo. Mas você sabe quem foi que deu o chute que originou o famoso gol? Ele mesmo, Aílton Ferraz. O meia fez grande jogada pela ponta-direita, driblou duas vezes o lateral Charles e bateu cruzado para Renato escorar e entrar para a história. “Aquele cruzamento foi para Renato Gaúcho. Um gol histórico”, lembra.
Por pouco, a “fama” pelo gol de barriga não caiu no colo do novo treinador do Brasiliense. O desvio foi de Renato Gaúcho, mas, na súmula, o árbitro Léo Feldman anotou o gol para o meia Ailton. “Quem vive de fama é museu. O que vale é a súmula. O Renato, por ser bom de mídia, pegou o gol. Mas, na súmula, ele é meu. Está lá, Aílton dos Santos Ferraz, camisa número 8, aos 42 minutos do segundo tempo”, brinca.
Como jogador, Aílton acumulou passagens por três grandes clubes do futebol carioca – vestiu as camisas de Botafogo, Flamengo e Fluminense. O novo treinador do Brasiliense alcançou a façanha de ser campeão estadual pelos três times. Além dos títulos de 1986 e 1991, pelo Fla, e de 1995, pelo Flu, Ailton levantou a taça de 1997 pelo Glorioso.
Não foi só no Rio de Janeiro que Aílton levantou a taça mais importante do país. O meia também brilhou no Rio Grande do Sul, ao fazer parte do elenco do Grêmio campeão Brasileiro de 1996. E, mais uma vez, o novo treinador do Jacaré decidiu. Foi dele o gol que garantiu o título aos gaúchos. Após substituir o volante Dinho, Ailton marcou, de pé esquerdo, o gol do segundo título Brasileiro do tricolor gaúcho, aos 39 minutos do segundo tempo. “A bola parecia que só vinha em mim. Quando a bola rebateu, só pensei em uma coisa. Gritei para o Paulo Nunes não ir para eu chutar. Quando vi a bola entrando, foi fantástico”, relembra.
Treinador desde 2007, Aílton já passou por outras 10 equipes como comandante principal — soma ainda outras quatro como auxiliar técnico de Jorginho. Porém, levantou apenas uma taça. Em 2015, teve sucesso no comando do Resende, do Rio de Janeiro, onde conquistou a Copa Rio de 2015. Em uma campanha de 15 jogos, o treinador acumulou 7 vitórias, 6 empates e 2 derrotas e ficou consagrado por uma atuação quase perfeita na final, quando o Resende venceu a Portuguesa por 5 x 2.
Dos quatro times grandes do Rio, Aílton só não vestiu a camisa do Vasco. Foi campeão caricoa por Flamengo, Fluminense e Botafogo. No rubro-negro, faturou o título em 1986 e em 1991. Pelo tricolor, deu a volta olímpica em 1995 justamente contra o Flamengo. Em 1997, fazia parte do grupo alvinegro que conquistou o título estadual.
Como jogador, Aílton conquistou o Campeonato Gaúcho de 1996 pelo Grêmio, mas também faturou o troféu pelo Remo no Paraense de 1999, após uma quadrangular final contra Paysandu, Águia e São Raimundo. Aílton chegou a atuar no meio de campo sistema tático 4-4-2 organizado pelo técnico Carbone.
*Colaboraram Danilo Queiroz e Victor Gammaro
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