Sempre que vou a um sebo, me sinto um verdadeiro Indiana Jones, vasculhando por entre sítios arqueológicos atrás das mais preciosas relíquias. Não sei se isso acontece com todos, mas, quando vou, encontro algo que me faz sair de lá com um sorrisão estampado no rosto. Comecei este texto falando de sebo porque, para mim, eventos e lojas nerds também possuem preciosos tesouros: pessoas incríveis, artistas, desenhistas, game designers, empreendedores de coração.
Hoje apresento a vocês um bate papo com Iaggo Piffero, um game designer que tive o prazer de conhecer no Empreende Nerd, evento que organizei pelo Omninérdia. Ele estava na área de playtest de jogos apresentando o Lucinde.
Agora, chegue mais perto, pode sentar que lá vem história …
Como surgiu a ideia do Lucinde?
Sempre gostei de pegar mecânicas variadas e juntar no mesmo jogo. No início, em meus primeiros protótipos, a ideia era a de o jogador ser uma estrela que precisava acender a luz de seu caminho para seguir em frente. Porém, nessa fase, a mecânica do jogo, para 4 jogadores, envolvia muita sorte: rolava-se o dado, o resultado fazia uma sequência de lugares apagarem a luz e outros lugares acenderem a luz. Continuei meus estudos e pensei em um tema com uma mecânica estilo take that, no qual você precisa queimar o tema (coisas e pessoas). Inicialmente, uma a carta de queimar seria colocada no local onde o jogador estava, até que tive a ideia dos tiles para baixo – cada jogador teria 5 tiles: um de pessoa e os demais de fogo. Quando o jogador colocasse um tile de fogo para baixo, ele se queimaria, se colocasse o tile de pessoa, queimaria outro jogador. Porém, essa mecânica também não aprovei. Pensei que seria legal fazer uma mecânica utilizando cartas, onde, para usar a carta o custo seria procurar as peças nos tiles virados para formar o símbolo e usar a carta. Foi nesse momento em que teria que optar por continuar fazendo um jogo de corrida, no qual tem que se encontrar o padrão para acender as luzes para seguir em frente, ou fazer um jogo de cartas, em que você usa os poderes e o padrão dos tiles para ativá-lo. Foi aí que pensei: por que não juntar os dois? E assim surgiu o Lucinde. Depois da mecânica definida, fiz um primeiro protótipo com letras e runas mágicas, mas vi que causava muita confusão para os jogadores. Então mudei para o uso de vitrais de animais, que é como o jogo é hoje, que é a quinta versão do jogo, para 2 a 4 jogadores.
Sei que você está fazendo vários playtests do jogo ainda, mas gostaria que falasse um pouco de como é a mecânica do jogo hoje, pois nossos leitores devem estar curiosos
Todo jogador é um mago cujo objetivo é aprender magias para dominar a Orbe da Sombra, que é a Lucinde. Cada jogador vai ter um meeple representando o mago e uma trilha acompletar. Cada trilha é dividida em duas partes, com duas casas em cada: a primeira representando partes dos animais (chifres, asas, nadadeiras), e a segunda, alguns animais em si (cobra, elefante, lobo). Para passar de uma casa para outra, o jogador precisa encontrar, nos tokens que se encontram virados na mesa, os 2 tokens que representam a casa. Exemplo: para passar da primeira para a segunda casa, preciso encontrar os tokens do chifre esquerdo e do chifre direito. Esta busca se repete até que o jogador complete todas as casas da trilha, para acabar o jogo. Além dos tokens das casas, existem magias espalhadas entre eles, as quais permitem ao jogador realizar certas ações ou até mesmo dificultar a vida dos outros jogadores.
Na primeira edição do Empreende Nerd, você levou um protótipo na área de playtest desenvolvido para apresentar ao público o seu jogo. Que tipo de feedback você recebeu lá? Ajudou na evolução do jogo para essa última versão?
Recebi uma variedade enorme de opiniões de jogadores normais e editores presentes no evento, desde algo simples nas cartas (quando existiam) até na parte de componentes, que podia interferir na gráfica, sair mais caro e coisas do tipo. Recebemos feedbacks de coisas que nem notamos, como a cor de algo que poderia ser melhor notado, uma fonte que poderia ser mais chamativa e partes da mecânica que poderiam ser falhas. Acredito que a parte que contribuiu mais para o jogo ser o que ele é hoje seria quando me perguntaram sobre a história. Era rasa demais, então pensei bem e uni o que já tinha pensado sobre a nova roupagem para a ilustração do jogo com a nova história, que deu um ar totalmente original e único.
Qual a duração do jogo atualmente?
Cada partida está com menos de 10 minutos, já que as ações de todos os jogadores são tomadas simultaneamente. Porém estou estudando uma variante do jogo por turnos, em que cada jogador teria sua vez.
As cartas de magia são as famosas cartas “vamos trollar o coleguinha”. Você sempre gostou de jogos com mecânicas que possibilitam isso?
Sim, sempre me apeguei mais no take that. Meu grupo sempre gostou desse tipo de mecânica, sempre fizeram mais sucesso. Isso meio que influenciou essa característica do Lucinde.
Além do Lucinde, existe mais algum jogo que você desenvolveu?
Existem outros, porém ainda estão longe de ter a maturação que eu esperava ou não ficaram como eu esperava.
Sobre Playtests, sei que você já fez na BGC, Orgutal… Como nossos leitores podem ficar sabendo onde terá playtest do Lucinde?
Sempre informo onde haverá o próximo playtest na pagina do facebook do Lucinde (https://www.facebook.com/lucindeboard). É só seguir a página e ficar de olho.
Sobre o Iaggo, como veio esse gosto por desenvolver jogos?
Desde pequeno, sempre foi meu passatempo. Na terceira, quarta série, eu escrevia quadrinhos com vários capítulos, e sempre acabava arquitetando como seria um jogo de plataforma baseado no meu quadrinho. Outra paixão sempre foi o origami, que eu também tentava mesclar com outras coisas.
Há um ano e meio, meu tio, que sabia da minha mania de criar jogos, me chamou para criar uma empresa de jogos para celular, criamos a Bullet Proof Co. Lançamos um joguinho chamado Dust na Google Play.
Outras inspirações vieram de animes, como Yugi Oh, e outros que mostravam jogos de tabuleiro. Tentei fazer algo parecido, então comecei a criar meus primeiros protótipos de boardgame e card game. Apresentei aos amigos e eles gostaram, e acabei fazendo uma versão melhor e vendi em algumas lojas de boardgame de Brasília, se chama Escape do Ciclope. Porém, veio a faculdade, faço curso de Análise de desenvolvimento de software, e fui deixando um pouco de lado, mas sempre anotando ou fazendo algo quando surgia uma ideia. Sempre fui apaixonado por criar coisas, livros, jogos, quadrinhos, animação, enfim gosto de criar coisas.
E editoras interessadas no Lucinde?
No momento, existem interessados, mas ainda nenhuma proposta fechada.
Lucinde é um party game leve, para adultos e crianças. Para as crianças, é uma divertida introdução ao mundo lúdico e um excelente jogo de memória e raciocínio. Recomendo a todos que puderem conhecer o jogo.
Espero que tenham curtido. No mais, é isso aí.
“So Long and thanks for all the fish!”
Mallien
twitter: @malliens
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