Frankenstein foi o meu primeiro livro do “projeto Penny Dreadful”. Depois que a série acabou e fiquei sozinha, chorando, na rua da amargura, resolvi ler os livros que a inspiraram. Tinha acabado de ler uma biografia da Mary Shelley de maneira aleatória. Estava interessada na biografia da mãe dela, Mary Wollstonecraft, e li um livro com a história das duas. Muito bom, mas isso é outra história.
Gostei muito de Frankenstein, porque, de um certo modo, ele se assemelha a Penny Dreadful: a capa é gótica mas o conteúdo é muito mais complexo e interessante do que o terror em si. Pelo menos pra mim. Terror não é minha praia. Frankenstein não é meramente uma história sobre um monstro.
Mary Shelley
Em 1797 nascia Mary Shelley, filha de dois figurões da filosofia política inglesa, William Godwin, o “pai” do anarquismo, e Mary Wollstonecraft, a “mãe” do feminismo. Alguns anos mais tarde, ela se engraça com Percy Shelley, um dos mais famosos poetas do romantismo, e foge com ele. O casal vive altas aventuras na companhia de Lord Byron e outros. Dependendo do tipo de nerd que você é, só isso já é suficiente para impressionar.
Mary estava no centro de um círculo social e cultural progressista, movido pelos ideais românticos. E um dos maiores grilos dos românticos era com a industrialização e suas consequências. Frankenstein traz um ar pavoroso sobre essas transformações. Lança dúvidas sobre as aspirações e a ambição confiante que tomou conta da Europa com a revolução industrial e os avanços tecnológicos e científicos que se seguiram.
“Acredito muito na ciência”
Hoje todos nós sabemos muito bem o que a eletricidade pode e não pode fazer, mas, no início do século XIX, ela era uma coisa mágica. Esperavam tudo e mais um pouco. Mais ou menos o que uns e outros andam fazendo com física quântica por aí. Então, a ideia de que a eletricidade poderia trazer um corpo de volta à vida não parece muito absurda nesse contexto.
A história todo mundo conhece: um doutor excêntrico produz uma criatura feita de cadáveres e faz dela um ser vivente utilizando eletricidade. E não, o nome do monstro não é Frankenstein. Frankenstein é o nome do maluco que costura o monstro. Em nenhum momento a criatura é nomeada. Isso é um dos vários motivos que fazem ele ficar nervosinho e sair aterrorizando a vida do doutor.
E isso é outro detalhe importante: a criatura não sai por aí à solta atacando todo mundo. O probleminha dele é com o seu criador. Isso é bem trabalhado em Penny Dreadful também (sim, eu vou continuar fazendo referências). O ponto parece ser questionar a audácia do ser humano de se aventurar a fazer algo desta magnitude: trazer uma criatura à vida, e refletir sobre as consequências disso. Tem uma cena ótima no final da terceira temporada da série quando Frankenstein é confrontado por isso.
Na segunda temporada de Penny Dreadful (é a última referência, prometo), Caliban faz a seguinte citação: “– Se nós abríssemos a Caixa de Pandora, o que haveria dentro? Um espelho, apenas um espelho.” É isso. Isto resume Frankenstein: um idealista achando que seria o “pai” de uma nova raça superior, quando na verdade tudo que conseguiu criar foi sofrimento e tragédia para si mesmo, para sua criatura e para os que estavam ao seu redor.
Então, colega, não deixe de ler. A obra já é de domínio público. Veja Penny Dreadful também. 😉
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Texto por:
– Dona Tereza –
“Saia do meu gramado!”