Marçal, o eleito da antipolítica

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Coluna publicada em 27 de setembro, por Carlos Alexandre 

Eleição só se define com a divulgação dos resultados. Mas, a dez dias do pleito na maior cidade do país, observa-se uma provável disputa no segundo turno entre o candidato da situação, Ricardo Nunes (MDB), e um adversário da oposição, Guilherme Boulos (Psol). O fenômeno Pablo Marçal (PRTB), após dois episódios repugnantes de violência ocorridos em debates entre os postulantes à Prefeitura de São Paulo, aparentemente desacelerou na preferência dos eleitores.

Ainda há tempo para reviravoltas, e as pesquisas eleitorais podem cometer imprecisões, mas é razoável supor que o interesse dos paulistanos por Pablo Marçal alcançou o teto. Até porque, afora as arruaças ocorridas nos últimos dias, não se tem grande conhecimento sobre propostas inovadoras ou impactantes do candidato para a capital paulista.

Mesmo assim, chama a atenção Marçal ainda acumular uma quantidade expressiva de intenções de voto. Nem tanto pelas características do candidato — agressivo, truculento, grosseiro —, mas talvez pelo que ele representa. Marçal é a personificação da antipolítica, e é grave isso ocorrer na cidade mais rica do país, onde supostamente os eleitores teriam mais meios de se informar e qualificar o voto.

Mesmo que fique fora do segundo turno, o que é prematuro afirmar, Marçal é um sintoma preocupante do divórcio entre sociedade e a política como instrumento civilizatório.

É com elas

As eleições municipais deste ano passarão pelo crivo de mais uma mulher. A ministra Isabel Galotti tomou posse ontem do cargo de corregedora-geral da Justiça Eleitoral, em cerimônia realizada no Tribunal Superior Eleitoral. A presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, considerou ser uma “sorte para o Brasil” contar com os serviços da magistrada em favor da justiça. Formada em direito pela Universidade de Brasília, Isabel Galotti é também ministra do Superior Tribunal de Justiça.

Em guerra

A Coalizão Indústria, uma associação de 14 entidades empresariais, renovou os ataques do setor à chamada “invasão chinesa”. Para a associação, o país oriental adota “práticas predatórias” de comércio, o que ameaça investimentos para as empresas brasileiras de R$ 826 bilhões até 2027. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), por sua vez, prevê um déficit de US$ 135 bilhões no saldo da balança comercial brasileira em 2024.

Dois fronts

Após emitir alertas de novos temporais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, veio a Brasília defender os interesses do estado. Ao participar de uma feira de turismo na capital federal, informou que as cidades gaúchas estão em condições de receber visitantes e o aeroporto Salgado Filho será reaberto no próximo mês.

Promessa é dívida

Leite também cobrou os recursos federais prometidos para a recuperação do estado. “Há espaço, tenho absoluta convicção, para evitar que corte aquilo que se anunciou para o RS. Nós não vamos aceitar, vamos nos mobilizar e vamos garantir a pressão para que esses cortes não aconteçam”, disse o governador.

Reforço

As Forças Armadas vão atuar em mais 600 localidades para garantir a segurança na votação e na apuração das eleições deste ano. O reforço dos militares atende às demandas de 12 estados, incluindo sete capitais. Ao todo, o Ministério da Defesa dará 123 apoios logísticos e 481 apoios de segurança. Em 2020, mais de 28 mil militares foram convocados para o primeiro
turno das eleições.

Bate-bola

Na antessala do CB.Debate sobre hidrogênio verde, realizado ontem, já era possível perceber a qualidade das discussões que viriam a ocorrer no auditório do jornal. No aquecimento dos motores, os convidados anteciparam alguns temas, como o desafio de financiamento e infraestrutura. Mas houve espaço para assunto da maior relevância: a rodada do futebol da quarta-feira.

Reconhecimento

O Correio Braziliense é finalista do Prêmio Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI), com a reportagem “Cinco décadas do programa de imunização no Brasil”. Os vencedores serão conhecidos na próxima sexta-feira, em São Paulo. Assinada por Isabel Dourado, a reportagem reconstitui a história da vacinação no país e os desafios do programa de imunização após a pandemia de covid 19.