Osteoporose, problemas de visão e perda da força nas pernas costumam deixar os idosos mais vulneráveis às quedas. Uma pesquisa estadunidense traz um novo sinal de alerta. Na velhice, os tombos também podem indicar a existência de alterações no cérebro que levarão ao Alzheimer. Segundo a equipe da Escola de Medicina da Universidade de Washington, o idoso pode estar na fase do Alzheimer pré-clínico. Ou seja, nos últimos anos — cinco anos, em média — anteriores ao surgimento dos sintomas clássicos da doença, como perda de memória e confusão.
Já se sabia que a demência instalada aumenta o risco de quedas. Um estudo de 1987, também da Universidade de Washington, mostrou que idosos com Alzheimer têm duas vezes mais risco de sofrerem uma queda traumática, quando comparados a pessoas da mesma idade sem a doença. Agora, os pesquisadores conseguiram mostrar a vulnerabilidade antes de os sintomas da neurodegeneração aparecerem.
Para isso, eles acompanharam 83 pessoas com mais de 65 anos durante um ano. Todos os participantes foram avaliados como cognitivamente normais no início do estudo. Eles tinham que registrar, em relatórios mensais, se haviam sofrido alguma queda. Também foram submetidos a varreduras cerebrais para a detecção de sinais de Alzheimer.
A análise dos dados revelou que os idosos que caíram tinham o hipocampo menor. Essa região do cérebro é ligada à memória e perde o tamanho em razão do Alzheimer. Esses idosos também tinham sinais de degradação da rede somatomotora. Nessa rede, ocorrem as conexões cerebrais relacionadas ao recebimento de dados sensoriais e ao controle dos movimentos. As duas complicações indicam o estágio pré-clínico do Alzheimer.
Segundo Beau M. Ances, coautor do estudo, essa informação tem importante valor clínico. “Quando a mobilidade de uma pessoa está diminuindo, mesmo que ela pareça muito normal, isso pode ser um sinal de que algo precisa de avaliação adicional”, afirma. “Na verdade, é um marcador potencial muito importante que deve nos fazer dizer: ‘Espere um minuto. Vamos mergulhar mais nisso. Há outras coisas que vêm junto com ele?’”, detalha.
Outra aplicação imediata da descoberta — considerando que ainda não existe a cura do Alzheimer — é a importância de adotar medidas que reduzam a ocorrência de quedas. Susan Stark lista medidas simples para deixar os ambientes seguros. “Certificar-se de que a banheira não está escorregadia, garantir que o idoso pode levantar-se facilmente do banheiro, fazer treinamento de equilíbrio e força e revisar as prescrições para avaliar se há medicamentos ou combinações de medicamentos que estão aumentando o risco de queda”, enumera a coautora do artigo. A pesquisa foi divulgada, nesta semana, no Journal of Alzheimer’s Disease.
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