Mulheres que se submetem à mamografia assim que entram na meia-idade, por volta dos 40 anos, podem estar dando um passo importante em prol da longevidade. Uma pesquisa britânica recém-concluída mostra que a realização do exame nessa fase da vida leva a uma redução de 25% na mortalidade por câncer de mama. O cuidado também salva vidas: a de uma mulher a cada mil examinadas. O tumor é o mais incidente em mulheres de todo o mundo e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que a mamografia passe a ser feita a partir dos 50 anos. O governo brasileiro segue a medida. Mas os resultados do estudo britânico sinalizam que antecipar o exame pode ser estratégico. Os pesquisadores da Queen Mary University of London acompanharam dados de 160 mil mulheres colhidos ao longo de 23 anos. A análise do material mostrou que o rastreamento do tumor quando se tem entre 40 e 49 anos reduz a mortalidade em 25% nos primeiros 10 anos.
“Esse é um acompanhamento de muito longo prazo de um estudo que confirma que o rastreamento em mulheres com menos de 50 anos pode salvar vidas. O benefício é visto, principalmente, nos primeiros 10 anos, mas a redução da mortalidade persiste a longo prazo, resultando em cerca de uma vida salva por mil mulheres examinadas”, enfatiza, em comunicado, Stephen Duffy, autor principal do estudo. A pesquisa foi divulgada, nesta semana, na revista The Lancet Oncology.
Estudos mais antigos não mostram a vantagem desse tipo de abordagem. Para Stephen Duffy, as novas tecnologias permitem uma análise mais apurada, o que abre espaço para novos debates sobre os protocolos médicos. “Nós, agora, examinamos de forma mais completa e com melhor equipamento do que na década de 1990, quando a maior parte da triagem nesse ensaio ocorreu. Portanto, os benefícios podem ser ainda maiores do que os que percebemos”, justifica o cientista.
A equipe britânica reconhece que são necessários mais estudos para avaliar se o tratamento do câncer de mama pode modificar a redução da mortalidade relacionada ao rastreamento na faixa etária de 40 a 49 anos. O que já se sabe é que a incidência do câncer de mama tende a crescer progressivamente nessa etapa da vida, assim como a mortalidade.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, em mulheres com até 40 anos, ocorrem menos de 10 mortes a cada 100 mil com câncer de mama. Na faixa etária a partir de 60 anos, o risco de morrer é 10 vezes maior. Em 2017, 16.724 mulheres perderam a vida em decorrência da doença.
A estimativa é de que, até o fim deste ano, 66.280 recebam o diagnóstico. Porém, com a pandemia da covid-19, que desacelerou a realização de exames de rotina, esse número pode mudar. Especialistas temem que esse atraso na descoberta da doença atrapalhe a efetividade do tratamento, resultando em aumento no número de mortes.
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