Vacina da gripe comum reduz o risco de morte na UTI

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Foto: AFP/Norberto Duarte

Se você ainda não se vacinou contra a gripe, um estudo dinamarquês pode te ajudar a mudar de ideia. Após avaliar dados de quase 90 mil pessoas com mais de 65 anos, cientistas da Universidade de Aarhus concluíram que a vacinação reduz o risco de morte em idosos internados nas UTIs. A proteção acontece, inclusive, nos idosos que têm as doenças crônicas mais comuns, como hipertensão e diabetes. Acredita-se que a vacina também ajude os infectados pelo novo coronavírus.

Os pesquisadores analisaram as informações de idosos internados na UTI ao longo de 11 anos por motivos diversos. Independentemente da causa que levou ao tratamento intensivo, a vacina contra a gripe comum fez diferença. Ela evitou, principalmente, a formação de coágulos sanguíneos no cérebro, chamados de derrame. A redução do risco de ocorrência de derrame foi de 16%.

A taxa de mortalidade também é reduzida entre os que se protegeram da gripe e tiveram alta da UTI. O risco de morrer foi 8% menor durante o primeiro ano após a saída do hospital. Em média, 20% dos pacientes que deixam a UTI, independentemente da idade, morrem no primeiro ano devido a complicações.

“Nosso estudo mostra que há menos mortes e complicações graves entre os pacientes que foram vacinados contra a influenza. Portanto, isso apoia a recomendação atual de que idosos devem ser vacinados”, enfatiza Christian Fynbo Christiansen, professor clínico do hospital da universidade dinamarquesa e líder do estudo, divulgado no jornal Intensive Care Medicine.

Campanha

Segundo Christiansen, o estudo é o primeiro a demonstrar outros efeitos da vacina da gripe comum em idosos, além da imunização. Há pesquisas mostrando que a vacina reduz risco de infecções bacterianas e de ataques cardíacos, mas em pessoas mais novas. Apesar do resultado inédito, o cientista ressalta que não se pode dizer, com 100% de certeza, que o risco de derrame e morte é menor apenas por causa da vacina.

“Mas podemos ver que os idosos que foram vacinados se saem melhor em caso de doença grave. Isso sugere que seria bom se mais pessoas idosas recebessem a vacina. Ainda mais porque a vacina é segura e barata”, defende. Christiansen lembra que os resultados do estudo são também importantes devido à resistência à vacinação na Europa. Segundo o pesquisador, menos de 40% dos idosos europeus aderem à vacinação contra a gripe comum.

No Brasil, a campanha de vacinação foi prorrogada até o próximo dia 30. Isso porque apenas 63,5% do público-alvo, do qual os idosos fazem parte, foram se vacinar contra a influenza. A meta original do Ministério da Saúde era chegar a 90%. Vale lembrar que os idosos também são mais vulneráveis ao novo coronavírus, e que o agravamento da doença causada por ele, a covid-19, geralmente exige tratamento na UTI.

Carmen Souza

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