Jejum intermitente pode acelerar o envelhecimento

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Foto: Menahem Kahana/AFP

O famoso jejum intermitente pode não fazer tão bem à saúde quanto o imaginado. Pelo contrário. Uma pesquisa americana mostra que a dieta com restrições calóricas acelera o envelhecimento e causa efeitos negativos ao corpo. Segundo os cientistas, isso acontece quando o indivíduo abandona o jejum e retoma a dieta rica em calorias de forma abrupta ou tem o hábito de intercalar os regimes alimentares.

A hipótese levantada pelos pesquisadores é de que, no período de restrição, o corpo não investe em processos de reparação, apostando que a disponibilidade de alimentos vai aumentar. Na verdade, diante de falta de comida, ele fica esperando morrer. Dessa forma, se torna mais vulnerável ao surgimento de doenças relacionadas à idade avançada, como as demências.

“Nossa descoberta mais surpreendente foi que, sob certas circunstâncias, dietas restritas também podem ser a origem de tipos particulares de danos ao indivíduo. Esse entendimento aprimorado das penalidades e dos benefícios de certos tipos de dieta acelerará a busca por identificar intervenções farmacêuticas que imitem a restrição alimentar sem causar esses problemas”, afirma, em comunicado, Andrew McCracken, aluno de doutorado da Universidade de Sheffield e líder da pesquisa.

Surpresa

O experimento foi conduzido com moscas-da-fruta. Por ter um ciclo de vida curto, esse inseto é um dos mais usados em pesquisas sobre o envelhecimento. Os cientistas acompanharam dois grupos de cobaia. Um foi composto por moscas que seguiram uma dieta rica em calorias. Outro, por moscas que passaram por um período de jejum e retornaram à dieta calórica. No fim do teste, os animais do segundo grupo ficaram mais propensos a morrer e passaram a botar menos ovos.

Mirre Simons conta que o resultado não era esperado pela equipe. “Isso era contrário às nossas expectativas e à teoria evolucionária atual (…) Os efeitos da dieta na saúde são enormes, mas entendemos pouco dos mecanismos exatos. Nosso trabalho, agora, descobriu uma propriedade surpreendente de restrição alimentar” afirma o cientista.

Para a equipe, a pesquisa sugere que mudar de dieta repetidamente ou abruptamente pode ser prejudicial à saúde em determinadas situações. Além disso, o trabalho poderá ajudar a aprofundar o entendimento da influência da alimentação no processo de envelhecimento do corpo. “A restrição alimentar é um paradoxo incomum que atrai muito interesse no campo do envelhecimento. Nossos resultados nos apontaram em direção a uma explicação mais refinada de por que isso ocorre. Por isso, tem o potencial de mudar totalmente o foco de pesquisas futuras”, aposta Andrew McCracken.

O trabalho contou com a participação de cientistas da Brown University e foi divulgado, hoje, na revista Science Advances.

Carmen Souza

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