Manter a pressão arterial sob controle rende benefícios significativos para a saúde cerebral na velhice. Segundo pesquisadores americanos, idosos que conseguem reduzir a pressão arterial sistólica (o maior dos dois números aferidos) de 15 para 13 apresentam queda de 40% no acúmulo de lesões no cérebro. Esses danos ocorrem por restrição do fluxo de sangue para o órgão e dão origem à doença cerebrovascular. Homens e mulheres com essa doença têm reflexos mais lentos, dificuldades para se locomover e declínio cognitivo.
Segundo William B. White, pesquisador da Universidade de Connecticut, os ganhos foram identificados nos participantes que mantiverem a pressão arterial reduzida 24 horas por dia, durante três anos. A expectativa é de que, em um período maior, a redução das lesões tenha efeitos ainda melhores. “É razoável esperar que esses idosos comecem a mostrar benefícios na mobilidade e nas funções cognitivas depois de mais alguns anos”, ressalta White, em comunicado.
O controle intensivo da pressão arterial também trouxe benefícios cardiovasculares. Os participantes da pesquisa enquadrados nessa condição ficaram mais protegidos da ocorrência de derrame e de ataque cardíaco nos três anos de monitoramento intenso. Já entre os participantes submetidos a um controle da hipertensão menor, o risco de sofrer essas complicações foi quatro vezes maior.
Participaram da pesquisa 199 pessoas com idade média de 81 anos, pressão arterial sistólica em torno de 15 e evidências de doença cerebrovascular (identificadas em exame de ressonância magnética). Metade dos voluntários seguiu o controle padrão e, em três anos, baixou a pressão de 15 para 14. O outro grupo foi submetido a um monitoramento ininterrupto da pressão arterial e a manteve em 13. Nesses idosos, houve redução de 40% nas lesões do cérebro, comparados com os outros participantes.
“É uma descoberta clínica importante e esperançosa para idosos que têm doença vascular do cérebro e hipertensão. Isso é altamente significativo clinicamente. Acho que, durante um período maior, a redução intensiva da pressão arterial também terá impacto substancial, deixando os idosos mais funcionais”, aposta White.
O pesquisador lembra que o resultado é mais expressivo quando se considera a idade dos voluntários. “Uma pessoa com 80 anos e sem uma doença grave, como câncer ou insuficiência cardíaca, pode esperar viver cerca de mais 13 anos. Se reduzirmos o acúmulo de danos vasculares ao longo desse período, vamos melhorar substancialmente a qualidade de vida desse indivíduo”, explica. A pesquisa foi apresentada, nesta semana, no encontro anual do American College of Cardiology.
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