Quando completar 100 anos, em 2060, Brasília terá dois idosos para cada jovem, segundo o IBGE. Hoje, eles somam cerca de 12% da população — gente que tem muito a ensinar para os menos vividos da cidade. Por isso, a Universidade Católica de Brasília (UCB) estuda o segredo da longevidade dos mais adiantados: aqueles que chegaram aos 80 anos. A pesquisa com 227 octogenários está em andamento, na fase de análise dos dados, mas os pesquisadores já chegaram a algumas características e comportamentos que garantem mais tempo de vida: genética, bons hábitos e visita regular aos profissionais de saúde.
“Aqueles que têm pais e avós que viveram muito tempo têm mais chaces de viver mais também, mas o autocuidado pode fazer a diferença. Não fumar, não beber, praticar exercícios e ir ao médico com regularidade influenciam muito nessa questão”, diz Vicente Paulo Alves, coordenador da pesquisa e do programa de pós-graduação em gerontologia da UCB.
Os participantes são frequentadores de ambulatórios de geriatria e de medicina interna e têm perfis distintos. Vicente Paulo conta que há casos de idosos com 102 anos e independentes, assim como indivíduos com menos idade, mas mais comprometidos. “Cada pessoa envelhece de um jeito. Se você não pode jogar bola ou não sabe dançar, não deve insistir e se quebrar todo ou ficar frustrado. É preciso encontrar o seu lugar e ter uma postura positiva diante da vida”, sugere.
Segundo o professor, o preconceito contra a pessoa idosa também é um fator que tem sido identificado em pesquisas sobre longevidade e observado pela equipe da UCB. “A medicina tem evoluído muito, o que faz com que as pessoas vivam cada vez mais. Mas elas precisam se sentir acolhidas, o que nem sempre acontece. Esse ambiente hostil está relacionado ao aumento de casos de depressão e suicídio na terceira idade”, alerta.
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