“Sabe qual é o segredo pra aguentar noite todinha? Tadalafila! Tadalafila!”. Esse é um trecho da música do grupo Os Barões da Pisadinha com Alanzim Coreano. Moda nas redes sociais e tópico entre famosos, a tadalafila conquistou popularidade nos últimos anos. No mercado há mais de duas décadas, a medicação para o tratamento da disfunção erétil é considerado o primeiro com efeito oral de longa duração.
A tadalafila é um medicamento usado para o tratamento da dificuldade de obtenção e/ou manutenção da ereção do pênis, conhecida como disfunção erétil. “O Tadalafila é um inibidor da fosfodiesterase-5. O medicamento inibe essa enzima, o que aumenta o fluxo de sangue para dentro dos copos cavernosos. Com o aumento do fluxo de sangue no pênis, há aumento na ereção do paciente, ou seja, o pênis fica mais rígido”, explica o urologista Rodrigo Trivilato.
Apesar da popularidade — o uso do medicamento já virou música, foi citado no Big Brother Brasil por MC Bin Laden, jogador de futebol, e influenciadores e tema de conversa em Diogo Defante e os apresentadores do Pod Pah — a tadalafila é um medicamento e precisa ser usado com cuidado. “Todo medicamento pode causar efeitos adversos e complicações para o paciente. Os inibidores da fosfodiesterase-5 podem causar principalmente congestão nasal e o rubor facial – o paciente fica ruborizado, vermelho, além da dor muscular. Alguns pacientes, em consultório, relatam dor de cabeça e dor muscular, inclusive na região lombar”, acrescenta o profissional.
E por ter se tornado assunto tão popular, o uso e venda do medicamento aumentou significativamente. De acordo com um levantamento do Consulta Remédios, que reúne mais de duas mil farmácias do país, a tadalafila foi o terceiro remédio mais vendido online no país em 2023.
Desde 2022, o remédio está na seleta lista dos medicamentos que venderam mais de R$ 1 bilhão no prazo de um ano no Brasil. No ano passado, somente cinco remédios atingiram a marca e a tadalafila ficou em segundo lugar, atrás apenas do Ozempic. Foram comercializadas 43,1 milhões de unidades de tadalafila em farmácias em 2023, indicando um crescimento de 38,9% em relação a 2022, segundo dados da Close-UP International.
O fármaco também chamou a atenção durante uma partida que aconteceu no dia 28 de janeiro, na primeira rodada do Campeonato Baiano, um jogador do Esporte Clube Vitória, em Salvador, comemorou seu gol de maneira inusitada. O volante Dudu, camisa 21 do time, segurou uma caixa gigante de tadalafila, fazendo alusão ao uso do medicamento.
A tadalafila, que está se popularizando entre os jovens, tem como função principal o tratamento da disfunção erétil. Os torcedores recentemente adotaram o apelido “time do sexo”, que também faz menção a um dos patrocinadores do clube, a Fatal Model, uma plataforma de anúncio de acompanhantes.
O médico comenta que o uso frequente do medicamento pode causar a sensação distorcida de que o sexo ou a ‘performance’ só será positiva com o uso. “Muitos jovens tomam medicamentos sem necessidade e sem indicação, para melhorar a performance sexual. O problema disso tudo, a longo prazo, é que pode promover um efeito psicológico nesse paciente, ou seja, ele vai começar a achar que só vai ter uma boa relação sexual, uma boa ereção, se tomar o medicamento. Então, o principal problema é o psicológico, a dependência do medicamento para melhorar a performance sexual”, observa Trivilato.
Mesmo assim, o medicamento tem sua função, o médico acrescenta que prazer é subjetivo e o medicamento pode em parte ajudar a torna a relação sexual mais prazerosa. “O que geralmente acontece é que o paciente que tem a necessidade e tem dificuldade na ereção; ele quando usa o medicamento, ele fica mais tranquilo, porque sabe que vai ter uma ereção satisfatória e uma boa performance sexual. Com essa melhora de performance e ereção, ele fica mais tranquilo para ter a relação sexual e fica mais calmo, diminui a ansiedade e isso pode levar ao aumento do prazer”, conclui.