Sexting nem sempre é usado para fins sexuais, diz estudo; entenda

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Por Lucas Pestana*

Com a popularização dos serviços de mensagens por celular, o sexting se firma como uma prática cada vez mais comum entre casais. Junção dos termos sex (sexo) e texting (troca de mensagens), o sexting pode ocorrer por meio do envio de textos, áudios, fotos ou vídeos de teor erótico.

Surpreendentemente, contudo, se engana quem acha que as pessoas usam o sexting apenas porque querem fazer sexo. É o que revela uma pesquisa do Departamento de Ciências Psicológicas da Texas Tech University, nos Estados Unidos. O estudo foi recentemente apresentado no encontro anual da Sociedade para o Estudo Científico da Sexualidade (SSSS, na sigla em inglês).

Elaborado pelo professor Joseph M. Currin e pela doutoranda Kassidy Cox, o estudo coletou dados on-line. Ao todo, 160 pessoas, entre 18 e 69 anos e em um relacionamento estável, participaram. Com as respostas dos voluntários, os pesquisadores concluíram que há três principais motivos para alguém praticar sexting. E só um deles tem a ver com uma expectativa de relação sexual.

Os três motivos para praticar sexting são:

  • usar as mensagens como preliminares para o sexo;
  • receber um retorno positivo do parceiro e assim sentir que o relacionamento está sólido;
  • agradar o parceiro com a expectativa de receber alguma recompensa, como uma saída para jantar.

Ainda segundo os pesquisadores, nenhum dos três motivos é mais comum que os outros dois. Além disso, os resultados foram semelhantes entre parceiros heterossexuais e homossexuais.

“O intrigante foi que dois terços das pessoas que se envolvem em sexting o fazem para fins não sexuais”, afirma Cox em comunicado.

Diferença entre sexting e assédio

“Isso pode mostrar que algumas pessoas praticam sexting apesar de preferirem não fazê-lo. Mas o fazem para obter um meio de afirmação sobre seu relacionamento, aliviar a ansiedade ou obter algo em troca”, completa a pesquisadora.

Além disso, Currin e Cox ressaltam que sua pesquisa foi feita com parceiros em relacionamentos consensuais. E afirmam que, fora disso, a prática é assédio.

“Como em qualquer prática de sexo, é importante e necessário ter o consentimento para se envolver em sexting”, frisa Currin. “Indivíduos que enviam mensagens sexuais não solicitadas — como imagens de seus órgãos genitais — na verdade não praticam sexting. Estão assediando sexualmente o destinatário”, alerta o pesquisador.

Sexting envolve riscos

A popularização do sexting traz a necessidade de as pessoas ficarem atentas aos riscos que a prática traz. É sempre possível que o conteúdo enviado por meio eletrônico acabe chegando a terceiros ou seja distribuído na internet sem autorização da pessoa.

Esses vazamentos ocorrem tanto por vingança do parceiro quando um relacionamento termina quanto por violação dos aparelhos eletrônicos por hackers.

Os dois casos são crime. A divulgação de fotos ou vídeos eróticos sem o consentimento do dono acarreta em crimes de difamação ou injúria, com base nos artigos 139 e 140 do Código Penal.

A Safernet Brasil, ONG que combate crimes virtuais e a violação dos direitos humanos na internet, divulgou que o número de delitos virtuais cometidos em 2018 foi 109,95% maior em relação ao ano de 2017.

Entre as violações mais cometidas estão vazamento de nudes, ciberbullying, fraudes, golpes, e-mails falsos, entre outros.

A associação contabilizou que o maior número de denúncias foi o de vazamento de conteúdo íntimo, no total 669 casos, sendo que, desses, 66% envolviam chantagem ou ameaça de divulgação de imagens íntimas por vingança.

*Estagiário sob supervisão de Humberto Rezende

Humberto Rezende

Jornalista desde 1997.

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