Existe sexo depois do HIV? Como transar com prazer e segurança

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No mês em que se celebra o Dezembro Vermelho, dedicado à conscientização sobre o HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o Brasil comemora avanços importantes no enfrentamento do vírus, ao mesmo tempo em que reforça a necessidade de prevenção e informação. Segundo o Ministério da Saúde, 96% das pessoas vivendo com HIV no país diagnosticaram sua condição em 2023, e a taxa de mortalidade por Aids caiu para 3,9 óbitos por 100 mil habitantes — a menor desde 2013, refletindo maior acesso ao diagnóstico e tratamento antirretroviral eficaz pelo SUS.

Esses indicadores ajudam a contextualizar sobre como a vida pós diagnóstico positivo é para os que convivem com a IST, bem sobre como nutrir a vida sexual com prazer e segurança. Para isso, algumas questões sobre o HIV devem ser desmistificadas. Segundo o médico infectologista Victor Castro Lima, coordenador do Serviço de Infectologia e da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Mater Dei Salvador, a pessoa que vive com HIV e faz o tratamento regular não apresenta risco de transmissão do vírus.Tal condição é chamada de carga viral indetectável.

“Até hoje, nós não tivemos nenhum relato de nenhum caso na literatura científica mundial que uma pessoa que vive com HIV, fazendo uso regular das medicações, com carga viral indetectável, transmita o vírus, independente da forma de transmissão — seja via sexo anal, vaginal, oral. Então, a pessoa que está indetectável, ela também é intransmissível”, destaca o especialista.

O uso do preservativo, no entanto, segue recomendado em qualquer prática sexual. “Mesmo a pessoa tendo relação sexual com alguém com HIV, estando indetectável, ou mesmo que a pessoa faça uso de PrEP”, aponta Lima. “Essas estratégias são as que previnem especificamente contra o HIV. Mas nós precisamos lembrar que existem outras infecções sexualmente transmissíveis.”

Vale lembrar que o HIV também pode ser transmitido via sexo oral, mesmo que com o risco de trasmissão menor quando comparado com o sexo anal ou o vaginal. Então, o uso da camisinha é indispensável na vida sexual dos que convivem com o vírus.

Além disso, se o indivíduo tiver HIV e outra infecção sexualmente transmissível, o risco de transmissão do HIV é maior — mesmo com carga viral controlada. “Isso acontece porque muitas vezes a infecção sexualmente transmissível ocasiona lesões ali na região genital. E essas lesões têm um processo inflamatório acontecendo e isso acaba contribuindo com a transmissão do vírus”, ilustra o infectologista.

Mesmo que estigmatizado, parceiros(as) devem ser comunicados sobre o diagnóstico positivo. “O que eu sempre recomendo para os que passam por esse tipo de situação é que existe um cuidado com a saúde da outra pessoa que precisa ser levado em consideração”, argumenta o médico, além de ressaltar a importância da rede de apoio para o portador do vírus.

A PrEP (profilaxia pré-exposição) é um dos pilares da prevenção combinada de redução de risco de infecção. No entanto, o infectologista faz um alerta: “Ela não isenta os outros cuidados que são necessários, como o uso de preservativo, a testagem regular e a vacinação para ISTs. Não podemos encarar a PrEP como uma solução de forma isolada na prevenção do HIV.”

Pessoas que vivem com HIV ainda podem manter múltiplos parceiros ao mesmo tempo em que cuidam da saúde sexual. “A liberdade sexual é algo que merece ser respeitada”, opina o especialista. “Agora, isso também carrega uma responsabilidade de cuidado: testagem de forma regular, uso de preservativo, uso de lubrificantes… Todas as estratégias que são os pilares da prevenção combinada.” Assim, os desejos sexuais equilibram-se com o cuidado consigo e com os outros.

Bianca Lucca

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