Em participação no podcast Acompanhadas na última terça-feira (13/6), a atriz Deborah Secco, ao lado de Bruna Surfistinha destacou como as mulheres muitas vezes se forçam a ter relações sexuais, mesmo sem querer, por falta de coragem de dizer que não está afim ou que não está bom.
“Eu acredito que todas as mulheres já se sentiram ‘prostituídas’, a gente não quis estar ali por diversas vezes. Já doeu diversas vezes e a gente continuou. Já foi ruim diversas vezes e a gente fingiu que estava bom”, declarou.
“Eu me vi adolescente fazendo isso, achando ruim, doendo, continuando, fingindo, mentindo. Demorei anos para descobrir que eu não ia conseguir gozar com penetração e que estava tudo bem, sabe? E a gente não fala sobre isso, tudo é tabu, tudo é proibido. Então, a minha ideia quando falo sobre isso publicamente é que a gente tenha mais voz, que isso não seja uma dor silenciosa, porque é para muitas mulheres”, desabafou a atriz durante o bate-papo.
Ao Blog Daquilo, a sexóloga Alessandra Araújo explicou que esse tipo de comportamento tem origem na educação patriarcal.
“Dentre as educações castradoras antigas, está uma deseducação na realidade que é a de dar ao parceiro aquilo que ele necessita principalmente no quesito relação sexual. Não se podia dizer não, não se podia respeitar o que o corpo estava falando, como falta de excitação, falta de desejo sexual, cansaço ou simplesmente não estar afim naquele momento. Caso a mulher fizesse isso, corria um sério risco de ser traída e até trocada por outra que cumpria o papel da mulher”, pontua.
Alessandra salienta o reflexo dessas crenças desvirtuadas que são passadas para as mulheres. “Existe um sentimento que traz danos psíquicos e físicos para o ser humano, e nesse caso as mulheres: sentimento de medo”, destaca.
Esse medo, ela afirma, desperta uma ação paralisadora e outras vezes de fuga. “Noradrenalina e adrenalina são lançadas no nosso corpo impossibilitando uma racionalidade diante da situação. Por isso muitas vezes a mulher toma atitudes que não legitime a sua necessidade e sim a do parceiro”, explica.
Para a especialista, a maneira de mudar essa cultura de “servidão sexual” é através da educação sexual.
“Dar à mulher a liberdade dela dizer sim e dizer o não e ser respeitada é o caminho para que ambos saiam satisfeitos da relação sexual. A mulher ter voz na sociedade é uma luta e uma busca constante e ela poder ter essa voz na intimidade da relação sexual é um caminho a ser trilhado”, conclui.