Método depende de controle total do parceiro e não protege contra ISTs, com alta chance de gravidez indesejada
O coito interrompido, também conhecido como “método da retirada”, é uma prática na qual o homem retira o pênis da vagina antes da ejaculação, com o objetivo de evitar a gravidez. Apesar de ser uma técnica amplamente utilizada, o índice de eficácia é relativamente baixo em comparação com outros métodos contraceptivos já comprovados pela ciência. Além disso, não oferece proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), tornando-se uma opção limitada que depende de controle durante a relação sexual.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o coito interrompido apresenta um Índice de Pearl, que mede a eficácia de um método contraceptivo, de 4% em uso perfeito e 22% em uso típico. Ou seja, quando o parceiro consegue interromper o ato no momento exato, somente 4 em cada 100 mulheres engravidam ao longo de um ano. Já no uso típico, com falhas de execução, atrasos ou situações fora do controle, cerca de 22 em cada 100 mulheres engravidam.
Mas, na prática, isso é difícil: para funcionar, o pênis deve ser retirado antes da ejaculação, evitando que o esperma e o líquido pré-seminal entrem em contato com a vagina ou vulva.
A ginecologista e obstetra Marcelle Domingues Thimoti explica que o principal risco da retirada é a dificuldade do parceiro em interromper o ato no tempo certo, já que depende totalmente de autocontrole. “Além disso, existe o líquido pré-ejaculatório, uma secreção liberada antes da ejaculação que lubrifica a uretra. Embora não seja produzido para conter espermatozoides, ele pode carregar células residuais do sêmen e provocar gravidez. Isso ajuda a explicar por que o método tem altas taxas de falha”, justifica.
O líquido pré-ejaculatório pode conter espermatozoides vivos e é o suficiente para causar gravidez, mesmo antes da ejaculação. Conforme a especialista, isso acontece porque, ao neutralizar a uretra, ele pode arrastar gametas que ficaram de ejaculações anteriores. Marcelle ainda reforça que o método não previne ISTs, sendo necessário o uso do preservativo.
Sendo o coito interrompido um dos métodos contraceptivos menos eficazes, Marcelle indica o uso de opções de longa duração, como DIU, implante e pílula. “Pode ser considerado apenas de forma transitória em casais estáveis e conscientes das limitações, mas a orientação é sempre o associar a outro método — principalmente o preservativo”, argumenta.
Embora o uso frequente do coito interrompido não prejudique diretamente a fertilidade feminina, o risco constante da gravidez pode trazer ansiedade, estresse e levar ao uso repetido da contracepção de emergência, que não deve ser uma rotina.

