Além do prazer: um olhar cuidadoso sobre o sexo seguro entre mulheres

Compartilhe

O sexo entre mulheres vai muito além do que se diz e requer métodos de prevenção adequados. Confira dicas

Por Gabriella Braz

Quando se fala em sexo, qual a primeira imagem que vem na sua cabeça? Tudo bem, não precisa me responder, apenas pense um pouquinho consigo mesmo.

O fato é que, para parte das pessoas, o sexo parece sinônimo de penetração. Mas e tudo que antecede esse ato? Por aqui, a ideia de “preliminares” já caiu por terra. Existem diferentes formas, com diferentes sensações de prazer e, claro, com cuidados necessários para cada uma delas.

A ideia de desmistificar o sexo é uma barreira encontrada por mulheres que se relacionam com mulheres – seja lésbica, bissexual ou pansexual. E, por mais óbvio e redundante que seja falar isso, é sempre importante lembrar que sexo entre mulheres é sexo, e pode ser bem diferente de como é retratado nas mídias.

Embora as relações entre mulheres tenham menos risco de contaminação por Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) (lembrando que, neste texto, delimitamos o tema a relações entre mulheres cis), esses riscos existem e devem ser prevenidos. De acordo com a pesquisa Vulnerabilidade de mulheres que fazem sexo com mulheres às infecções sexualmente transmissíveis, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), 47,3% das ouvidas pelo estudo já apresentaram alguma IST. Esse dado é resultado, entre outros fatores, da falta de informação sobre sexo seguro e métodos de prevenção acessíveis.

“Nossa sociedade muitas vezes tem um estigma muito grande em torno da sexualidade entre mulheres, e isso pode levar a essa falta de discussão aberta e com isso também o maior número de mulheres com ISTs”, destaca a sexóloga e terapeuta sexual Tamara Zanotelli. “Tem também um estigma de que a mulher é mais higiênica, mais cuidadosa e que ela não pega doenças, isso não é real”.

A falta de preventivos feitos especificamente para esse grupo é algo que dificulta ainda mais os cuidados. A orientação, então, é adaptar alguns métodos, a famosa “gambiarra”. Não é o ideal, mas é necessário.

“Tesoura” segura

A sexóloga explica que, no caso de sexo com penetração, os preservativos internos ou externos seguem sendo recomendados. Se for usar uma dedeira (o produto erótico), é importante utilizar camisinha. “Uma outra coisa que a gente nunca pode esquecer é a higienização adequada de brinquedos – como dildos e vibradores – porque, afinal, pode haver transmissão através dos fluidos que estão neles”, aconselha. As luvas de látex também podem ser uma opção, mas é preciso lubrificação.

No contato entre genitais, a famosa tesourinha, existe ainda um mito de que o preservativo não é obrigatório. “Tudo que envolve a nossa genitália tem fluidos, então é extremamente passível de transmitir infecções sexualmente transmissíveis”, explica a sexóloga. “Quanto ao uso do preservativo, é indicado principalmente o feminino, alguma coisa dentro desse estilo que não deixe ter diretamente esse atrito entre as duas. A melhor opção são as calcinhas de látex, que protegem e aumentam a sensibilidade, permitindo um contato com menos barreiras que as calcinhas usuais. Elas podem ser encontradas em lojas de sexshop.

Por fim, o sexo oral, que sim, é sexo, também precisa ter certos cuidados. Nesses casos, é necessário ter algum tipo de película protetora para impedir o contato direto entre a boca e a vulva. Um dos métodos utilizados é utilizar plástico filme, mas isso não parece nada sexy, não acha? Uma outra opção é utilizar camisinhas externas (masculinas). Para isso, é necessário cortar as pontas e depois cortar novamente para abrir o cilindro de látex para formar uma espécie de “manta” protetora. Uma dica é comprar camisinhas ultra finas, pois permitem maior sensibilidade.

Seja lá qual for o método escolhido, o importante é ter sempre diálogo entre as parceiras. Assim como na hora hora de explorar os prazeres e sentidos, na hora de se prevenir é importante levar em conta qual a preferência de cada um.

helenadornelas

Posts recentes

Fraturas penianas disparam entre 24 e 26 de dezembro, aponta estudo

Entre ceias fartas, encontros familiares e trocas de presentes, o Natal guarda uma estatística urológica pouco comentada.…

11 horas atrás

Livros para entender as novas formas de amar e se relacionar

Amar nunca foi uma experiência estática nem restrita a um único modelo. Em um cenário…

2 dias atrás

Transar com o ex da amiga é traição? Entenda limites e condutas

Na quinta temporada de Emily in Paris, a amizade entre Emily (Lily Collins) e Mindy…

4 dias atrás

Fim do ano e sexo: por que o desejo dispara no Natal e no réveillon

Não é só superstição, desejo ou piada de fim de festa: a virada do ano…

5 dias atrás

Presentes eróticos: guia de vibros, cosméticos, lingeries e brinquedos

Presentes eróticos deixaram de ser tabu e passaram a ocupar um espaço cada vez mais…

5 dias atrás

Existe sexo depois do HIV? Como transar com prazer e segurança

No mês em que se celebra o Dezembro Vermelho, dedicado à conscientização sobre o HIV/Aids e…

1 semana atrás