VINHO SEM ÁLCOOL É VINHO OU É SUCO DE UVA?
Fui convidado para uma degustação de “vinhos sem álcool” na loja A Garrafeira, na CLS 215, que organiza diversos eventos de bebidas e uma feirinha aos sábados com diversas comidinhas gourmet, cafés especiais e artesanatos. Já durante a tarde no grupo de Whatsapp da loja surgiu a polêmica. “Não tenho estrutura para beber vinho sem álcool!” ou “para as grávidas, como eu, que sentem falta do seu vinhozinho, eles quebram um galhão!”.
Os comentários estavam bem-humorados até que surgiu a afirmação “vinhos sem álcool não são vinhos, nem nas descrições oficiais”. E agora?
Se o líquido, que foi obtido pela fermentação de uvas, que transforma os açúcares do mosto da uva em álcool e gás carbônico está agora sem álcool, poderá ser chamado de vinho? O Sommelier responde.
Mas antes de responder vamos ver quais são os métodos mais utilizados para a remoção do álcool. Lembrando que depois ainda será preciso ter cuidado para evitar uma eventual refermentação.
DESTILAÇÃO A VÁCUO: me parece um certo exagero chamar um ambiente de baixa pressão de vácuo, mas não sou da área. O que sei é que com a pressão reduzida, o vinho é aquecido em condições controladas, diminuindo o ponto de ebulição do álcool, que evapora primeiro que os outros componentes. O problema é que às vezes os aromas vão embora junto, precisando ser reintegrados depois.
OSMOSE REVERSA: o vinho é pressionado através de uma membrana que age como um filtro de moléculas, deixando passar as menores como as da água e do álcool e retendo as maiores dos açúcares, ácidos e compostos aromáticos. Depois a água precisa ser reposta assim como alguns aromas.
O consumo de bebidas e vinhos sem álcool é um nicho de mercado, que já a algum tempo é uma tendência, visando atender a consumidores que por conta do estilo de vida, por alguma restrição de saúde ou religião não desejam consumir álcool. Também será bem útil para o motorista da vez. Ou não? Bebidas sem álcool podem conter até 0,5% de álcool por litro. Mas não era sem álcool? O mundo não é perfeito.
O vinho sem álcool é tecnicamente um vinho ou ao menos já foi, uma vez que cumpriu o requisito básico definitivo previsto na Lei do Vinho (n.º 7.678/1988) “Art. 3º Vinho é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples de uva sã, fresca e madura.”
Mas, a mesma lei prevê os índices mínimos e máximos de álcool para as diferentes classificações de vinho, sendo que o menor índice seria para o VINHO LEVE, teor alcoólico de 7% a 8,5%. Já tanto os vinhos de MESA como os FINOS ficam com o teor alcoólico entre 8,6% a 14%.
Respondendo a questão inicial. O “vinho sem álcool” é tecnicamente um vinho. Mas legalmente não é.
Se nos atentarmos aos rótulos destes vinhos encontraremos expressões como “fermentado de uvas desalcoolizado” no lugar da palavra vinho.
Antes que me perguntem se gostei ou não dos “vinhos sem álcool” que provei, prefiro dizer que não se deve procurar uma semelhança entre aromas, corpo, taninos ou acidez com os similares com álcool, afinal é um outro estilo de bebida. Sugiro degustarem sem preconceitos.
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