Caixas de cerveja ou bolachas de chope?
Pouco depois que eu conheci a Madame E. ela me falou com um semblante muito sério e com olhos faiscando raios verdes, percebi que aí vinha um alerta muito importante, vamos sair para beber com os meus amigos e já aviso logo, são duas horas de cerveja e quatro horas de saideira. Enquanto a caixa embaixo da mesa não estiver cheia ninguém levanta!
Caaaara! Quando olhei para aquilo pensei logo, essa é mulher para casar! Não deu outra.
Talvez a turma nova não saiba, mas naqueles tempos do século XX, um boteco de categoria, igual também aos sem categoria, só tinha estas duas opções, cerveja em garrafa de 600ml ou chope. E a maioria nem tinha chope. As caixas de cerveja debaixo da mesa eram o controle da conta. Já prestaram atenção que na grade da caixa cabem 24 ampolas e que o dia tem 24 horas. Coincidência? Não acredito! Sinais foram dados, prestem atenção!
Lá pelo início do século XIX, a partir do engarrafamento dos seus produtos, os cervejeiros perceberam que precisariam encontrar uma maneira segura e com boa durabilidade para transportar as garrafas. Solucionaram com caixas de madeira bem robustas, divididas internamente como uma grade.
Nas décadas de 1960 e 1970 surgiram as caixas de plástico que conhecemos hoje, mais leves, duráveis e resistentes à água. E ainda são multiuso, nos encontros da turma, conforme a necessidade, podem virar banquinhos ou mesas de apoio.
Tanto para cerveja, como para o chope, os ingredientes e o método de produção são os mesmos. Então, qual é a diferença entre as duas bebidas? O que muda é a pasteurização da cerveja. O processo que aquece o líquido para a eliminação de micro-organismos, dando uma durabilidade maior para a cerveja em relação ao chope.
O chope é fresco e mais leve, precisa ficar armazenado sempre em baixa temperatura e ser consumido mais rapidamente. Já a cerveja, é menos fresca e mais encorpada, mas tem uma vida maior, podendo ser armazenada sem refrigeração.
Na hora do pedido da cerveja a sabedoria popular funcionava quando se exigia que o casco fosse o escuro, nunca o claro. O vidro escuro, marrom ou âmbar, permite que a cerveja permaneça mais tempo com o gosto original, uma vez que oferece uma proteção maior contra a luz, que pode causar um gosto desagradável, conhecido como “gosto de luz” ou “skunky”. Hoje encontramos também muitos cascos verdes.
A primeira vez que conheci cervejas especiais foi uma viagem para a Bélgica, falavam em quase 300 cervejarias, com praticamente todos os 154 estilos de cerveja. Sempre fui fã em degustar e conhecer novos sabores. Mas tinha um negócio que me deixou doido, cada cerveja tinha um copo especial. Queria todos! Mas não dava para trazer. Me contentei em ir colecionando as diversas bolachas.
As bolachas de chope, surgiram nos bares e cervejarias alemãs, no século XIX, com o propósito de proteger as mesas de madeira, não as deixando marcadas. No início eram feitas de feltro ou tecido, hoje são fabricadas em papelão grosso e também servem como um espaço de propaganda para as marcas de cerveja.
E eram umas duas ou três novas bolachas por dia. Madame E. tomava sempre a mesma cerveja. Até que numa feira vi um cara vendendo, dentro de um saco de plástico, uma coleção com 50 bolachas diferentes. Na verdade tinha vários vendedores, acho que colecionar bolachas era um esporte nacional lá. Esperei a Madame E. se distrair e comprei logo umas 150 bolachas diferentes. Era algo que eu precisava muito possuir. Desde então, nestes últimos 15 anos, elas estão no fundo de uma gaveta aguardando uma oportunidade de serem usadas. Finalmente encontrei um uso para elas, vou tirar uma foto de algumas para esta crônica.
Estávamos na Itália, perto vulcão Etna, e em uma mesa na calçada de um restaurante pedimos uma cerveja para o garçom italiano, ele perguntou brasiliani? Quando concordamos, ele abriu um sorriso e gritou muito alto, chamando a atenção de todas as mesas em volta, SOLTA UMA CERVEJA ESTUPIDAMENTE GELADA! Começamos a rir e ele explicou, namorei uma carioca e passei 6 meses no Rio de Janeiro.
Para ajudar o caro leitor ou a cara leitora a pedir a sua cerveja no grau de boteco, nada a ver com a temperatura justa para degustação, seguem, além desta acima, algumas formas já testadas e garantidas de atingir o seu objetivo e ainda criar uma camaradagem com o amigo garçom.
É só falar: quero um/uma:
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