Existe mais de um método de elaboração do vinho rosé?

Existe mais de um método de elaboração do vinho rosé?

Durante a pandemia resolvi colocar em prática um projeto antigo, realizar semanalmente uma degustação virtual de vinhos, com o encaminhamento, para os participantes, da seleção dos rótulos da noite acondicionados em garrafinhas de 50ml. A brincadeira acabou sendo nomeada de LIVE WINE.

Foram no total 61 destes encontros virtuais, com a degustação de 380 rótulos, de 87 uvas e provenientes de 27 países. E o mais importante, formamos um grupo de mais de 160 degustadores, onde se multiplicaram amizades que persistem hoje em encontros pessoais. Um tipo de família do vinho.

A Norma Venancio, uma das participantes mais frequentes das LIVE WINE, pergunta se existe mais de um método de elaboração dos vinhos rosés.

Alguns historiadores afirmam que os primeiros vinhos a serem produzidos pelos antigos gregos e egípcios eram rosés.

São quatro os principais métodos de produção de vinho rosé: prensagem lenta ou direta; maceração curta; sangria e corte ou blend.

  1. Prensagem lenta ou direta: As uvas são prensadas levemente e a fermentação se dá apenas após a separação das cascas. O tempo de contato com as cascas definirá o tom da cor.  Estes rosés costumam ser mais claros e delicados.

  1. Maceração curta: é o método mais adotado para a produção dos vinhos rosés. Adota o mesmo cuidado da prensagem lenta, mas o foco aqui é o tempo de contato do mosto com as cascas. Resulta em vinhos com aspectos olfativos e gustativos de frutas vermelhas frescas, vegetais e algum toque de especiarias.

  1. Sangria (Saignée): De todos os métodos esse é o mais nobre. Ou seria apenas o que entrega um subproduto? A dúvida decorre porque inicialmente se está produzindo um vinho tinto e, algum tempo após o início da fermentação, entre 5% e 15% do líquido é drenado, “sangrado”, do tanque, deixando todas as cascas. O vinho tinto que fica no tanque recebe uma maior transferência das substâncias presentes nas cascas, ficando mais encorpado e com uma maior intensidade de cor. Esta parte sangrada termina sua fermentação separadamente e tem a cor rosada de um tom mais escuro e normalmente são mais alcoólicos.

  1. Corte ou blend: o vinho rosé é obtido pela mistura de uvas brancas e tintas ou pelo corte, blend ou assemblage entre vinhos tintos e brancos. Este blend não é muito utilizado mas é o adotado para a elaboração do champagne rosé.

Foi falarmos em champagne rosé para me lembrar da lenda da sua origem. Napoleão era um grande amigo de Jean-Rémy Moët, herdeiro da Casa Moët & Chandon, e durante um baile em que ambos estavam presentes, uma linda jovem encantou Napoleão, ficou para a história que ela se chamava Adelaide, e estava com um vestido rosa, talvez no tom das pétalas da rosa Adelaide d’Orleans. Assim, Napoleão teria sugerido que a Moët, numa homenagem à beleza de Adelaide, elaborasse um champagne na cor daquele vestido.

É uma bela história, mas a casa de champagne Ruinart alega que desde 1764 já produzia um espumante rosé.

Os vinhos rosés são coringas da harmonização, os leves combinam com saladas, pratos de frutos do mar e com a secura do cerrado. Os com mais cor e estrutura acompanham pratos de salmão, carnes brancas e culinária asiática. Talvez seja o estilo de vinho mais indicado para harmonizar com sushis.

Encontro muito preconceito entre os consumidores com os rosés, e percebo que é em grande parte pelo desconhecimento de toda a sua variedade. Mais de um destes “inimigos” do rosé me explicou que uma vez experimentou um e não gostou, daí resolveu nunca mais beber outro. Sempre me dá vontade de perguntar se gostaram ou não do primeiro beijo na boca. Continuem degustando rosés e beijando na boca, a prática aperfeiçoa a experiência.

sergiosvp

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