Racionamento chega ao Plano Piloto; entenda como funciona o rodízio em todo o Distrito Federal

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Veja como será o racionamento no Plano Piloto e em outras regiões do DF

Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press
Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press

Na segunda-feira (27/2) começou a ampliação do racionamento de água no Distrito Federal para as regiões abastecidas pelo sistema Santa Maria/Torto. Agora, são 26 regiões atingidas pelo corte de água. Confira o tira-dúvidas de como vai funcionar a interrupção na capital do país:

Quem terá que racionar água no Distrito Federal?

Moradores de 26 regiões abastecidas pelos dois principais reservatórios da cidade: o Descoberto e o Santa Maria/Torto. Juntos, eles são responsáveis por levar água à 82% da população do DF, ou seja, 2,4 milhões de pessoas.

Por que terei que racionar água?

Desde novembro, a Agência Reguladora de Águas do DF (Adasa) autorizou a Caesb a fazer um plano de racionamento caso o volume dos reservatórios ficassem abaixo de 20%. Em janeiro, a Barragem do Descoberto atingiu a marca de 18,69% e, para conter o rebaixamento, a Caesb colocou o plano em ação nesse reservatório. Em fevereiro, a Adasa diminuiu a vazão da captação da Caesb, ou seja, a empresa não pode tirar água do rio na mesma quantidade que tirava antes. Por isso, a empresa optou por fazer racionamento também para os abastecidos pelas águas do Sistema Santa Maria/Torto. A ideia é economizar 12% de água com a medida, no Sistema Santa Maria/Torto. No Descoberto, em janeiro, a economia chegou a 14%.

Quem está de fora do racionamento?

A Esplanada dos Ministérios, Setores Hospitalares Sul e Norte e cidades abastecidas por sistemas isolados, de captação direto no rio ou por poços artesianos, é o caso de Sobradinho, Planaltina e São Sebastião.

Como vai funcionar o racionamento. Serei avisado com antecedência?

A Caesb montou um calendário com as datas em que cada região ficará sem água. A data de racionamento é publicada na edição impressa e online do Correio e no site da Caesb.

Por quanto tempo ficarei sem água?

O ciclo proposto pela Caesb dura seis dias. A interrupção dura 24h – das 8h às 8h. Em seguida ao religamento, o consumidor pode ficar com o serviço instável por até 48 horas. Depois, fica com água normal por 72 horas.

Continuo com a pressão das torneiras reduzidas das 7h às 19h?

Sim. A redução de pressão da água pelos canos não foi interrompida por causa do racionamento.

Continuo pagando tarifa extra para consumo acima de 10 mil litros mensais?

Sim. Todas as medidas de contenção de consumo continuam em vigor.

 

Quanto tempo vai durar o racionamento?

Ainda não há prazo para o fim da medida. Vai depender da recuperação dos manaciais do Descoberto e do Santa Maria/Torto de modo que eles se recomponham para garantir o abastecimento no próximo período de seca.

Como devo me preparar para o racionamento?

A Caesb indica que todas as casas, prédios e comércios tenham reservatórios como caixas d’água. Eles devem estar preparados para o dia de interrupção do serviço.

Os serviços públicos funcionarão nas regiões sem água?

Sim. Hospitais, delegacias e escolas serão abastecidos por caminhões-pipa, caso a água das caixas d’águas não seja suficiente.

Mais dúvidas? Envie para flaviamaia.df@dabr.com.br ou pelo Whatsapp:

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Rodízio de água em regiões como Plano Piloto, Lagos, Itapoã e Varjão começa na segunda, anuncia Caesb

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Os detalhes sobre a operação de racionamento serão divulgados esta semana

Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press.
Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press.

O racionamento de água vai chegar a praticamente todas as residências do Distrito Federal. A Companhia de Saneamento do DF (Caesb) anunciou nesta terça-feira (21/2) que a partir da próxima segunda (27/2) o rodízio vai começar também nas regiões abastecidas pelo sistema Santa Maria/Torto. Os detalhes sobre a operação e os dias disponíveis para cidade serão divulgados na quinta-feira (23/2).

Também não está descartada a hipótese do corte ser ampliado e ocorrer dois dias por semana, tanto para o sistema Santa Maria/Torto quanto para a Barragem do Descoberto. As medidas ainda mais drásticas para contenção de consumo são reflexo de duas resoluções publicadas ontem pela Agência Reguladora de Águas (Adasa) que preveem redução da vazão a ser captada pela Companhia de Saneamento do DF (Caesb) tanto nos sistemas da Barragem do Descoberto quanto no de Santa Maria. Dessa forma, a Caesb terá menos água para oferecer à mesma base de clientes. A empresa tem até o próximo dia 6 para começar a operação com menos líquido.

Pela primeira vez na história, a Adasa reviu a autorização de retirada de água pela Caesb e determinou que as revisões do valor da captação podem ser mensais. Atualmente a Caesb pode retirar 6 mil litros por segundo. Entretanto, desde o início da crise hídrica, a companhia conseguiu diminuir a retirada para 3,8 mil litros/s. Agora, ela será obrigada a captar apenas 3,5 mil litros/s. Dessa forma, a redução chega a 41,6%. No Santa Maria, o decréscimo foi mais crítico – 66% – e a vazão passará a ser de 500 litros/s. Atualmente a autorização é de 1,4 mil litros/s e, desde o início da escassez, 800 litros/s estão sendo retirados.

A redução brusca na vazão média está forçando a Caesb a preparar o rodízio em áreas antes não afetadas, como Plano Piloto, lagos Norte e Sul, Sudoeste, Noroeste, Itapoã e Varjão. A companhia informou, via nota, que os técnicos estão analisando como serão feitos os cortes e que o anúncio de contenção ocorrerá com até três dias de antecedência. Embora impopular, a medida prevê a manutenção de quantidade de água suficiente para o período da seca. Além disso, pode sensibilizar na liberação do recurso pelo governo federal para a construção da captação de água do Lago Paranoá no valor de R$ 50 milhões. O Ministério da Integração Nacional deve dar a resposta do repasse até o início do próximo mês.

Simulações feitas pela Adasa mostram que, mesmo com a redução da captação e com regime normal de chuvas, o Descoberto deve chegar até o fim de maio com valores de 50% a 70% de sua capacidade, quando o normal é 100%. Em Santa Maria, a previsão para o mesmo período é de 50%, uma vez que este reservatório tem mais dificuldades para se recompor. “Ficar sem água é uma medida muito extrema. Vamos poupar agora enquanto está chovendo”, informou Paulo Salles, diretor-presidente da Adasa.

De acordo com a Adasa, não choveu como o esperado, assim como as chuvas ocorreram mais na parte norte do DF, longe dos reservatórios. Salles informou que as resoluções fixaram o prazo de 6 de março porque a situação hídrica é crítica. “Publicamos a resolução de escassez hídrica em novembro, somente em janeiro, a Caesb começou com o rodízio. Agora não dá para esperar”, explica.
Pesquisador em hidrologia, Marcelo Resende, professor e coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Católica de Brasília afirma que a racionamento deveria ter atingido as cidades abastecidas pelo Reservatório de Santa Maria na mesma época que as do Descoberto. O professor ainda acrescenta que para o DF passar pela época da seca sem desabastecimento, será necessário medidas mais extremas no rodízio de água. “O corte no abastecimento vai ter que ser de mais de 24 horas nas cidades abastecidas pelo Descoberto, para dar conta da demanda”, argumenta.

Presidente do Comitê da Bacia do Lago Paranoá e pesquisador da Embrapa Cerrados, Jorge Werneck, acredita que o momento é de redução de demanda até que as obras necessárias sejam feitas e que haja redução da perda de água, atualmente em 35%, sendo 15% de líquido furtado. “Todo mundo sabia que seria um período difícil. Ninguém esperava que fosse tão ruim. Eu tento me colocar no papel do gestor público, se ele tivesse colocado medidas drásticas antes e os reservatórios fossem recompostos, ele também seria criticado. Agora é monitorar os vários cenários e diminuir as perdas”, conclui.