Gás de cozinha deve voltar a subir e terá o maior reajuste desde junho

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Porcentagem deve ser em torno de 15%, conforme comunicado enviado aos revendedores

Credito: Luis Nova/Esp.CB/Esp.CB/D.A.
Crédito: Luis Nova/Esp.CB/D.A.

O valor do gás doméstico (GLP) vai subir novamente a partir de amanhã (5/9) e o consumidor pode esperar alta nos botijões. O reajuste mensal de setembro a ser anunciado pela Petrobras deve ser em torno de 15%, o mais alto desde junho, data em que a estatal alterou a política de preços e a indexação passou a ser mensal. A orientação da Petrobras é a de que os revendedores mantenham “seus estoques cheios”.

De acordo com a Associação Brasiliense das Empresas de Gás (Abrasgás), em comunicado enviado aos revendedores, a companhia informou que o ajuste do dia 5 de setembro “aponta para um aumento de 15% no preço do GLP”. Entretanto, o informe não descarta a hipótese do acréscimo ser ainda maior: “Isto sem considerar o ajuste decorrente da Convenção Coletiva da categoria (que ocorre todo setembro) e repasse de custos”.

Em junho, a Petrobras anunciou reajuste de 6,7% no gás doméstico. Em julho, o índice foi de 4,5% negativo; em agosto, 6,9%. O acumulado nos três meses foi alta de 8,93%.

O Correio entrou em contato com a Petrobras, mas até a publicação desta matéria, a estatal não se pronunciou.

Composição do preço

Desde junho, a Petrobras passou a anunciar em todo dia 5 a correção mensal no valor do GLP-P13, conhecido como gás de cozinha ou doméstico. O preço final passou a levar em conta as cotações no mercado internacional. Até maio de 2017, a estatal adotava uma política que evitava o repasse da volatilidade do câmbio e das cotações internacionais no mercado interno. Por isso, geralmente, fazia-se uma correção anual. Na ocasião do anúncio da flutuação o presidente da companhia, Pedro Parente ressaltou que o gás não tinha uma política de comercialização definida e que “com isso, completamos o ciclo de definição de políticas para os produtos da companhia”.

O valor do botijão ao consumidor é formado pelo preço da Petrobras, equivalente a 27% do total, bem como tributos estaduais e federais e margens de distribuição e revenda, que respondem por 73% do preço.

 

 

 

A cada revenda regular de gás no DF existem dez ilegais

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O consumidor é o principal prejudicado pela ação das revendas clandestinas

Crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press. Brasil. Brasilia - DF.
Crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press. Brasil. Brasilia – DF.
A venda clandestina de gás de cozinha no Distrito Federal tem ganhado vários contornos e deixado a segurança dos consumidores em risco. Nem mesmo o cerco às revendas não autorizadas nos últimos anos tem conseguido barrar o comércio ilegal na capital do país. Segundo estimativas da Associação Brasiliense das Empresas de Gás (Abrasgás) a proporção é de quase 10 revendas irregulares para cada uma legalizada. O crescimento da atividade ilegal está ligado a pouca fiscalização da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que só pode agir por denúncia, e de órgãos de fiscalização locais, como a Agência de Fiscalização (Agefis) e as administrações regionais, a quem cabe checar as licenças de funcionamento.
As práticas ilegais da venda irregular do gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha, ocorrem de muitas maneiras no DF, principalmente nas cidades mais afastadas do Plano Piloto. As irregularidades vão desde a abertura de revenda sem registro até pessoas que vendem o produto de porta em porta e guardam os botijões em locais inadequados, como em áreas residenciais e sem seguir os padrões de segurança exigidos. O Correio fez flagrantes de revendas sem a devida autorização no Paranoá e no Itapoã — local em que a equipe encontrou botijões empilhados próximos a um varal de roupa. No Paranoá, imagens aéreas enviadas por denúncia anônima mostram os vasilhames dentro de caminhões estacionados em um ferro velho.
Como a atividade é ilegal, os endereços mudam com facilidade. Em Samambaia, por exemplo, havia um ponto de distribuição de gás em área residencial até dezembro do ano passado. Entretanto, os vizinhos disseram à reportagem que o ponto foi desmontado. Mesmo em alguns endereços com autorização da ANP, os produtos estão alocados de forma equivocada, por causa da pouca fiscalização.
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) e a Abrasgás, a prática irregular que mais tem crescido é a feita de porta em porta porque, neste caso, não necessita de um endereço comercial para agir, o que deixa a irregularidade mais capilarizada e difícil de ser rastreada pelas autoridades competentes. Nesse caso, o agente não tem autorização da ANP nem licença de funcionamento emitida pelas administrações regionais — o que evidencia a vulnerabilidade à qual o consumidor está exposto. “Com o desemprego no Brasil, percebemos o aumento dessa atividade”, diz Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás.

Perigo

O esquema funciona assim: a pessoa produz ímãs de geladeira ou panfletos com números de telefone e coloca na caixa de correio ou debaixo da porta do consumidor, que entra em contato, pede o gás e, muitas vezes, não questiona a procedência do produto, que pode ser ou não adulterado — em alguns casos, o botijão pode ter sofrido transvazamento, que é a prática de dividir o volume de gás entre dois vasilhames. A prática é proibida no Brasil por causa da grande chance de explosão do produto.
Além da possibilidade de adulteração do produto, o risco da revenda ilegal está na vizinhança. Mesmo que o vendedor irregular compre o botijão de outro revendedor e não o adultere, como ele não tem o devido registro e orientação, estoca o produto fora dos padrões de segurança, sem cumprir, por exemplo, a distância e a ventilação necessárias, causando risco para os vizinhos.
“Nem sempre o produto que o ilegal vende tem vício. Muitas vezes, ele compra de outro, que tem autorização e revende sem nota fiscal”, explica Sergio, presidente do Sindigás. “O que temos são dois problemas de segurança: o de entrar um desconhecido na casa da pessoa e, principalmente, o do vizinho dessa pessoa que revende o gás de forma clandestina, porque o armazenamento não é correto e pode causar explosão”, complementa.
Para Sergio, a vulnerabilidade do consumidor na compra de gás é maior do que em outros produtos derivados do petróleo, como a gasolina. “O consumidor de gás não vai até o ponto de venda, como o de combustível, então, ele não vê como o botijão está armazenado. Com isso, fica mais exposto.”

Concorrência desleal

Para a Abrasgás e o Sindigás, o revendedor que vende quantidades acima da média para uma única pessoa também está conivente com a prática irregular, porque está atuando como atacadista, o que é proibido por legislação, criando um ambiente de concorrência desleal. “As distribuidoras fazem mapeamento de demanda. Elas não colocam 50 empresas em um mesmo bairro porque isso cria um canibalismo. É preciso acabar com essa prática urgente”, opina Jonathans Garcia, presidente da Abrasgás. Segundo ele, os irregulares acabam prejudicando quem está na formalidade porque conseguem fazer preços um pouco mais baixos, uma vez que não emitem nota fiscal.
A ANP informou que a sua atribuição é a de fiscalizar o mercado regular. Afirmou ainda que atua contra as revendas clandestinas apenas quando recebe denúncias de outros órgãos do governo, de entidades do setor ou dos consumidores, e conta com apoio policial. Segundo a agência, em três anos, foram fechadas quatro revendas irregulares. Atualmente, são 571 autorizadas no DF.

A Agefis comentou que vai começar ainda este mês uma programação fiscal, em todos os locais que comercializam o GLP, para verificar as licenças de funcionamento. A ação vai começar em 21 de fevereiro e deve durar um mês.

Com aumento, preço do botijão de gás pode chegar à R$ 90

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Começa a valer a partir de amanhã o reajuste médio de 9% no preço do botijão do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), usado nas residências como gás de cozinha. O índice médio foi calculado pela Associação Brasiliense das Empresas de Gás (Abrasgás). Algumas revendedoras informaram que vão repassar o aumento aos poucos, de acordo com a chegada dos novos estoques com os valores atualizados. A previsão é a de que até a primeira quinzena de setembro todas as lojas trabalhem com preços mais altos. Dessa forma, o consumidor poderá encontrar unidades custando até R$ 90.

O aumento ao consumidor final é reflexo da alta do preço do produto na cadeia produtiva. Durante o mês de agosto, as principais distribuidoras de gás no país – Ultragaz, Supergasbras, Nacional Gás, Copagás e Liquigás – enviaram comunicados para as revendedoras locais avisando do reajuste. A Supergasbrás, por exemplo, informou que o valor do botijão será incrementado em 8,84% a partir de 5 de setembro e alegou que a porcentagem acompanha a inflação. A Ultragaz vai praticar reajuste em 7,92% a partir de 4 de setembro. No informativo, a companhia alegou correção inflacionária e custos com transporte e com insumos. “Como é de amplo conhecimento, ao longo do último ano, vivenciamos no Brasil uma forte pressão inflacionária. Soma-se a este fato um cenário logístico e de suprimentos ainda mais desafiador em nosso segmento, que resultou em impactos adicionais relevantes em nossos custos operacionais”.

A diretora da Abrasgás, Cyntia Moura Santo, acredita que os botijões podem ficar até R$ 15 mais caros do que o pago pelos clientes atualmente, o que daria um aumento superior ao médio, de 9%. Ela explica que, como o mercado é livre, os revendedores podem aproveitar para repassar custos adicionais. Ela lembra ainda que a Petrobras pode fazer um reajuste a mais, como fez no ano passado. Por enquanto, só as distribuidoras comunicaram dos aumentos. “Em 2015, a Petrobras anunciou reajuste de 15% às 18h do dia 31 de agosto. Sendo que a alta passaria a valer a partir de 1º de setembro. Quando vimos, tínhamos um aumento de 24,9%”.

Questionada sobre o acréscimo no valor do gás residencial, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) informou, por meio de nota, que não regula nem fiscaliza preços. O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) não quis comentar sobre o reajuste. A Ultragaz e a Liquigás disseram que não comentam preços. Supergasbras e Nacional Gás não responderam à reportagem até a sua publicação.

Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press.
Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press.

O repasse vai pesar no bolso do consumidor. No caso do Distrito Federal, além do reajuste, o consumidor precisa ficar atento ainda à região administrativa em que compra o botijão. As diferenças de preço chegam a 23%. No Lago Sul, por exemplo, uma unidade custa R$ 68. Em Ceilândia, o mesmo exemplar pode ser conseguido à R$ 55. No Setor Tradicional de Planaltina custa R$ 65, no Park Way, R$ 65.

Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press.
Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press.

A empresária Lurdes Mendonça, 65 anos, afirma que terá prejuízo. “Vendo caldos em frente a uma faculdade, chego a usar três botijões de gás por mês. Esse aumento já vai atingir diretamente os meus lucros”, relata. A vendedora foi pega de surpresa e relata que não irá aumentar o preço dos produtos. “Sei que se eu aumentar o preço, vou perder clientes”, conta.

Cláudia Fraga, 50 anos, é proprietária de uma distribuidora de gás no Cruzeiro e conta que o repasse deve impactar negativamente as vendas durante a primeira semana. “No começo os consumidores ficam pesquisando mais, mas como o aumento é geral, eles acabam voltando a comprar conosco e as vendas se normalizam”. Para entrega, o botijão de gás de 13kg aumentará de R$ 68 para R$ 72 na distribuidora. “Abrimos a loja em 1997, o reajuste acontece anualmente, sempre no mês de setembro. No ano passado foi maior, tivemos que passar de R$57 e R$68, então nesse ano o impacto será menor”, conta.