Baixa de preços de combustíveis na refinaria ainda não chegou nas bombas

Publicado em Deixe um comentárioConsumidor

Por Equipe do Correio

Apesar de a Petrobras ter anunciado corte de 3,2% no valor da gasolina nas refinarias, poucos postos de combustíveis diminuíram os preços no Distrito Federal. O custo mínimo encontrado no Plano Piloto se mantém em R$ 3,23, como na semana passada. Entre os revendedores que já cobravam menos que R$ 3,30, apenas três tiveram reduções, que variam de R$ 0,02 a R$ 0,04 a menos por litro. Muitos proprietários de postos alegam que ainda estão com os estoques altos e comprados antes da redução no valor nas refinarias.

Dos 22 postos visitados pelo Correio na tarde de ontem (17/10), sete tiveram redução. A maior queda foi de R$ 0,28 em um estabelecimento da Asa Sul, mas o custo cobrado anteriormente era superior a R$ 3,54. Os gerentes dos postos não souberam dizer se o recuo foi influenciado pela redução nas refinarias da Petrobras, mas garantem que a queda na distribuição será repassada aos consumidores.

Os novos valores nas refinarias estão em vigor desde sábado (15/10). As distribuidoras compram o combustível nos pontos de vendas da estatal e o repassam pelo preço desejado. “A Petrobras baixa lá na refinaria, mas os distribuidores finais podem reduzir ou não os valores. Isso depende das circunstâncias das operações, dos custos e da demanda”, explicou o consultor econômico Carlos Eduardo de Freitas.

A BR Distribuidora, vinculada à Petrobras, disse que não comenta a precificação final dos combustíveis, que é feita, informou, “a partir de variáveis como estrutura de custos fixos e variáveis, carga tributária, política comercial, concorrência etc”.

Leia aqui como é feita a composição do preço da gasolina

O brigadista Werley José Machado, 29 anos, diz que o preço justo da gasolina deveria ficar abaixo de R$ 3. “É um absurdo o produto custar R$ 0,94 na Venezuela e bem mais no Brasil, onde há maior consumo”, considerou. Ele e a família ficaram 35 minutos na fila de um posto que vendia gasolina a R$ 3,23 na Asa Norte. “O dinheiro que sobra eu coloco no cofrinho do meu filho, Matheus. Já consegui economizar R$ 400”, destacou.

Questionada se iria baixar os preços, a Rede Jarjour informou que o cenário em cada região é diferente, o que não garante uma redução igual na bomba em todo o país. “Em Brasília, estamos trabalhando com uma margem extremamente reduzida”, informou a empresa. O Correio não conseguiu contato com Rede Cascol, que está sob intervenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. A Rede Gasolline não respondeu às perguntas.

A assistente social Maria Aparecida Gomes, 51 anos, sempre pesquisa preços antes de abastecer. Desde o início do ano, ela conseguiu economizar entre R$ 100 e R$ 150 com a queda nos valores, e espera por novas reduções. “Vamos ver se os postos vão reduzir o preço. Espero que sim”, disse.
Confira os valores do combustível no DF

Posto de combustível 14/10 17/10
Petrobras Quadra 300 Sudoeste 3,59 3,59
Petrobras Quadra 305 Sudoeste 3,59 3,59
Petrobras Quadra 1401 Cruzeiro Novo 3,27 3,23
Shell Eixo W Quadra 16 Sul 3,54 3,28
Petrobras Eixo W Quadra 14 Sul 3,35 3,34
Jarjour Eixo L Quadra 11 Sul 3,25 3,25
Petrobras Eixo W Quadra 9 Sul 3,39 3,39
Auto Lu’s Eixo W Quadra 7 Sul 3,44 3,38
Petrobras Eixo W Quadra 5 Sul 3,39 3,39
Petrobras Eixo W Quadra 3 Sul 3,44 3,44
Petrobras Eixo L Quadra 14 Norte 3,29 3,29
Ipiranga Eixo W Quadra 11 Norte 3,39 3,35
Shell Eixo L Quadra 11 Norte 3,39 3,39
Ipiranga Eixo L Quadra 10 Norte 3,25 3,23
Petrobras Eixo L Quadra 9 Norte 3,25 3,25
Jarjour Eixo L Quadra 7 Norte 3,25 3,25
Ipiranga Eixo L Quadra 5 Norte 3,66 3,66
Petrobras Eixo L Quadra 3 Norte 3,61 3,61
Ale SHCS 05 (Próximo à Torre de TV) 3,25 3,25
Petrobras QE 23 Guará II 3,38 3,38
Petrobras QE 36 Guará II 3,38 3,38
Shell Eixo W Quadra 9 Norte 3,25 3,23

Interventor da Cascol terá que manter preços diferentes dos combustíveis

Publicado em Deixe um comentárioConsumidor, Sem categoria

A Cascol tem um interventor escolhido: Wladimir Eustáquio Costa. O executivo assume a empresa a partir do dia 12 de abril e deve permanecer no cargo por, no mínimo, seis meses. O anúncio foi feito na manhã de ontem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A escolha ocorre 25 dias depois da Cascol entregar a lista com nomes de possíveis administradores. O grupo empresarial, que tem 30% de participação no mercado local, é acusado de liderar um cartel no setor de postos de combustíveis no Distrito Federal.

Até o próximo dia 28 de março, o administrador provisório e a Cascol devem apresentar ao Cade a minuta do contrato firmado entre eles, considerando-se os deveres impostos pelo órgão. Costa será o elo entre a empresa e o Cade, prestando esclarecimentos e dando informações. Entre as obrigações previstas está a de o interventor manter preços diferentes dos combustíveis – gasolina, etanol e diesel – de forma adequada e em acordo com os respectivos custos. “Abstendo-se de, por exemplo, manter os preços do etanol artificialmente elevados a fim de evitar concorrência com a gasolina”, descreve a nota técnica do Cade. Em caso de descumprimento das medidas impostas pelo Cade, a multa imposta é de R$ 8 milhões cumulada com uma pena diária de R$ 300 mil.

O prazo de quase um mês entre o anúncio do nome escolhido e começo da intervenção foi dado pelo Cade com o objetivo de permitir que o administrador provisório se desligue de suas atividades atuais, garantindo, dessa forma, sua dedicação integral às atribuições.

O interventor da Cascol vai gerir toda a rede de postos a pedido da própria Cascol. A proposta anterior apresentada pelo Cade previa a intervenção em dois terços da empresa. O administrador terá o salário pago pela Cascol e pleno acesso a todas as informações de compra e vendas de produtos, presentes e passadas, como preços, volume e quantidades. Ele também poderá contratar, demitir e estabelecer remuneração dos funcionários.

Costa é conhecido no ramo de combustíveis. Sua carreira profissional foi construída na área de distribuição da Chevron Texaco, onde foi diretor-regional em Curitiba (PR), Goiânia (GO), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). No currículo ele ainda tem passagem como diretor nacional de marketing da empresa.

Em nota, a Cascol informou que ainda não foi comunicada oficialmente pelo cade e que, por isso, ainda não vai se manifestar sobre a escolha.

A intervenção no grupo Cascol é um desdobramento da da Operação Dubai, deflagrada no dia 24 de novembro do ano passado. Na ocasião, sete pessoas foram presas suspeitas de participação em um cartel de combustíveis. Entre os detidos estavam o presidente do Sindicato dos Donos de Postos de Combustíveis, José Carlos Ulhôa, e o empresário Antônio Matias, da rede Cascol. De acordo com os investigadores, havia uma combinação de preços entre distribuidores e revendedores. O sobrepreço teria proporcionado lucro de cerca de R$ 1 bilhão aos envolvidos no esquema este ano.

Entenda os motivos do etanol não ser atrativo no DF

Publicado em Deixe um comentárioSem categoria

Abastecer o carro com etanol não compensa. Com essa afirmativa, o Distrito Federal tornou-se uma das unidades federativas que menos usa o combustível quando se compara volume comercializado e a frota de veículos. Em 2015, enquanto se consumia um litro de etanol, outros dez de gasolina eram vendidos. O cálculo entre a diferença de rendimento da gasolina e do etanol tem sido desvantajoso, principalmente nos últimos 10 anos, de forma que o consumidor opta pela melhor relação custo-benefício e, na bomba, prefere a gasolina. Mas quais seriam os motivos para o etanol se tornar tão distante da realidade brasiliense?

Uma das explicações dos especialistas é a alta margem de lucro imposta pelas redes de postos. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que o lucro médio por litro é o mais alto do país. Em janeiro de 2016, por exemplo, foi de R$ 0,61, o dobro da média nacional. O segundo estado com a maior margem é Rondônia, com R$ 0,49. Os demais, oscilam entre R$ 0,26 a R$ 0,39. É importante ressaltar que essa média foi registrada após ser deflagrada a Operação Dubai, em novembro do ano passado. Dessa forma, mesmo com a fiscalização intensa, o lucro do etanol no DF não diminui.

No início da semana, o preço da gasolina caiu R$ 0,08 por conta do Termo de Ajustamento e de Conduta (TAC) assinado entre a rede Cascol e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que limitou o lucro da gasolina em 15,87% o litro. Entretanto, o etanol foi às alturas e, em alguns estabelecimentos, subiu mais de R$ 0,20 por litro e em algumas bombas, custava até R$ 3,59. Como o TAC fixou o lucro apenas da gasolina comum, a rede Cascol ficou com carta branca para alterar as tabelas dos outros combustíveis.

Na análise de Vander Mendes Lucas, professor do departamento de economia da Universidade de Brasília (UnB), subir o preço do etanol faz parte da estratégia empresarial de manter os preços da gasolina mais altos. “Se aumenta o custo do etanol, aumenta o custo da gasolina também. Por conta do tabelamento, a gasolina deveria ter baixado R$ 0,11 e não só R$ 0,08 ”, explica. “Isso mostra que essa estratégia de tabelar lucro tem problemas e que a população vai continuar insatisfeita”, complementa.

Para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), há evidências de que a comercialização do etanol não interessa ao cartel instaurado em Brasília. Documentos da investigação mostram que, até 2007, as margens praticadas para a gasolina e o etanol eram similares – 20% para o primeiro, 25%-30% para o segundo. Com a entrada intensa de carros flex no mercado automobilístico brasileiro desde 2007, a gasolina e o etanol passaram a ser combustíveis concorrentes. Nesse momento, os postos das principais redes do DF optaram por hostilizar o etanol como opção ao consumidor. “O cartel tenta fazer o álcool não ser viável no DF”, defende Ravvi Madruga, coordenador-geral de análise anti-truste do Cade.

Gráficos presentes em documentos do Cade mostram que, desde 2007, a margem do etanol vem crescendo e chegou a ser de 60% em período de safra de cana, onde geralmente o preço do combustível cai por causa da oferta mais expressiva do produto no mercado. A explicação seria a de que, se os postos diminuíssem o etanol na bomba, os clientes optariam por ele, e não, pela gasolina. Outra razão é que, como os combustíveis concorrem, a gasolina, para ser vendida, teria que abaixar o preço também. Para Ravvi Madruga, é incompreensível o fato do DF estar próximo de um estado produtor de álcool e ter os preços mais altos do país. “A gasolina vem de Paulínia, no interior de SP, temos álcool em todo o estado de Goiás”. Cerca de um terço da gasolina que vem de Paulínia pelo oleoduto é consumida no DF. O condutor leva o combustível para Brasília, Goiânia (GO), Ribeirão Preto (SP), Uberlândia (MG) e Uberaba (MG).

Ravvi conta que, em 2010, durante investigações sobre a conduta do mercado de combustível em Brasília, o Cade ouviu quatro sócios da Cascol sobre a questão do etanol. Na ocasião, os quatro ficaram em silêncio e, na época, se comprometeram, informalmente, a rever as políticas de margem do etanol, mas não foi o que ocorreu. Durante os mandados de busca e apreensão da Operação Dubai, agentes encontraram um estudo de uma usina de Goiás sobre etanol na sede do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis-DF).

O que intriga membros Cade é o desinteresse dos empresários locais pelo etanol. Uma das explicações seria a de que os postos não queiram gerar concorrência de produtos no mesmo estabelecimento comercial. As peculiaridades mercadológicas do etanol também não interessariam às redes de abastecimento. Ao contrário da gasolina, que só tem um fabricante nacional – a Petrobrás -, o etanol pode ser comprado de vários distribuidores, o que demanda mais negociação e pesquisa. Além disso, por conta da safra, o etanol oscila bem mais o preço do que a gasolina. Diante dessas características, Ravvi explica: “mais fácil fazer cartel com gasolina do que com etanol”.

A União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica) não fala sobre preços do etanol, mas a instituição defende que a tributação é uma das principais responsáveis pela pouca competitividade do etanol no mercado. “Para nós, o dono de posto é livre para escolher a sua margem de lucro. A questão primordial, além dos tributos federais, são os diferenciais tributários estaduais. No DF, a alíquota do álcool e da gasolina subiu para 28%. Em Goiás, o álcool é 22%”, afirma Antônio de Pádua, diretor-técnico da Unica.

Além da alíquota, o alto preço do etanol nas bombas gera um ciclo vicioso na tributação. Como a base é feita sobre o valor vendido ao consumidor final, se ela está mais cara nas bombas, o imposto também será mais alto. “A questão do etanol não é tributária e não é de frete, é de cartel mesmo”, analisa Ravvi Madruga, do Cade. O resultado: em 2015, o DF consumiu 104,9 milhões de litros de etanol hidratado, o que serve para abastecer. Em contrapartida, o consumo de gasolina C, foi de 1,01 bilhão, segundo dados da Unica.

Defesa

O Sindicombustíveis comunicou que não se manifesta sobre preços praticados no varejo, uma vez que o revendedor é livre. A Cascol informou, via nota, que não se pronuncia sobre preço e informou que “os valores de álcool, gasolina e diesel não são definidos pelos postos, mas sim, pelas distribuidoras”. Porém, na última quarta-feira, durante a audiência sobre a intervenção da Cade na administração da Cascol, o advogado do grupo, Marcelo Bessa, negou as acusações de que a Cascol elevava o preço do etanol para tornar o produto desinteressante ao consumidor e, assim, manter em alta a venda de gasolina. Bessa afirmou que a empresa juntou ao processo as cópias de 16 mil notas fiscais para provar que o valor do álcool vinha alto da distribuidora. “O preço de aquisição do etanol da distribuidora já não tinha atratividade para o consumidor”, comentou na ocasião. Marcelo Bessa afirmou ainda que os preços do combustível no DF são acima da média nacional porque os custos dos empresários na cidade são muito superiores.

Consumidores deixam etanol

Crédito: Antonio Cunha/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília - DF.
Crédito: Antonio Cunha/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília – DF.
Crédito: Antonio Cunha/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília - DF.
Crédito: Antonio Cunha/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília – DF.

A servidora pública Walbéia Santos, 40 anos, comenta que prefere abastecer com etanol do que gasolina. Entretanto, por causa do aumento do preço, tem misturado os dois produtos. “A gente coloca R$ 40 de gasolina e resto de etanol”, relata. Para ela, carro flex vale a pena para esses momentos em que ocorre alterações de preços, devido as opções que podem ser feitas.

Ao privilegiar a vantagem financeira, o motorista José Carvalho, 62 anos, opta por abastecer com gasolina. Apesar de saber o benefícios que o etanol traz ao meio ambiente, o preço não tem ajudado. “A autonomia que você abastece um tanque de gasolina, não é a mesma com que etanol. E o preço do álcool não tem compensado em nada ultimamente”, disse.

Para saber mais: 

A Operação Dubai foi conduzida pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público do DF (Gaeco) em novembro de 2015. Sete pessoas tiveram a prisão temporária decretada, entre elas o dono da Rede Cascol, Antônio Matias, e o presidente do Sindicato dos Donos de Postos de Combustíveis, José Carlos Ulhôa.
Memória:

Memória:

Em janeiro de 2015, o Executivo do Distrito Federal anunciou um pacote de medidas tributárias. Entre elas estava a de diminuir a alíquota do etanol de 25% para 19%. Porém, a proposta não passou na Câmara Legislativa local e, em vez de cair, a porcentagem de alíquota subiu de 25% para 28%, a mesma da gasolina. Segundo reportagem do Correio publicada no dia 25 de novembro de 2015, nas eleições de 2014, as empresas de comercialização de combustível doaram quase R$ 850 mil a dezenas de candidatos. Entre os eleitos, onze deputados distritais – dos 24 totais – e seis federais – dos 8 totais – receberam recursos.

Estados com maior margem de lucro do etanol:

1. DF – 0,612
2. Rondônia – 0,492
3. Rio Grande do Sul – 0,410
4. Roraima – 0,409
5. Tocantins – 0,399
6. Rio de Janeiro -0,396
7. Bahia – 0,373
8. Pará – 0,372
9. Rio Grande do Norte – 0,363
10. Minas Gerais – 0,359

* Fonte: ANP / janeiro de 2016

Colaborou: Júlia Campos