A inflação alta, o arrocho fiscal e o aumento dos juros foram os principais motivos para o desaquecimento no comércio no primeiro semestre. “As manifestações de rua também atrapalharam bastante. Foi um movimento legítimo, mas os lojistas tiveram que fechar as portas e houve um clima de incerteza”, analisa Álvaro Silveira Júnior, presidente da CDL-DF. Os setores de vestuário, eletrodomésticos e calçados foram os que mais sentiram a queda nas vendas. “Pior do que a crise é a psicologia da crise. Os consumidores ficam receosos e param de comprar”, complementa Álvaro.
Desde janeiro, o comércio local ou acumula crescimentos modestos nas vendas ou amarga resultados negativos. Em janeiro — um mês no qual a queda é sazonal por causa do Natal, maior pico de vendas — ,o desempenho foi de -6,68, seguido de -1,10 em fevereiro. Nos três meses seguintes, houve aumento nas vendas, mas em percentuais abaixo do esperado pelos comerciantes: de 2,44%, 0,10% e 2,98%, respectivamente, em março, abril e maio. Em junho e julho, os índices voltaram a ser negativos, de -0,30 e -0,46. “Os resultados do primeiro semestre do ano mostram um crescimento pequeno, até com tendência de queda. Tanto que não apostamos em crescimento significativo até o fim do ano”, afirma o presidente da Federação do Comércio do DF (Fecomércio), Adelmir Santana.
Santana atribui fraco desempenho à economia brasileira, que vem dando sinais de desaceleração, com alta nos preços e volta da inflação, que reduz o poder de compra das famílias. Segundo ele, o Liquida DF ocorrerá em um momento ideal, em um mês sem datas comemorativas. Apesar de apreensivos, os comerciantes do DF estão mais confiantes do que os do restante do país, segundo o presidente da Fecomércio, graças à forte participação dos servidores públicos na massa de salários. “Essas pessoas têm maior capacidade de endividamento, porque contam com a estabilidade do serviço público. Nacionalmente, o comércio deve crescer entre 2,5% e 3%. Ainda trabalhamos com um índice de 5%”, diz.