Por Guilherme Pera e Roberta Pinheiro
Com a proximidade do Natal, o movimento nas lojas começa a aumentar. O pessimismo entre os empresários do ramo, tecla tão batida nos meses anteriores ao feriado, começa a esfriar. A Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF) havia previsto queda de 7% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, às vésperas da data comemorativa, a expectativa é a de que os números superem os de 2014. A razão é conhecida dos vendedores: os consumidores acabam deixando para comprar as lembranças para familiares e amigos na última hora, mas não deixam de comprar.
Apesar do otimismo aos 45 do segundo tempo, o feriado que mais aquece o comércio no Distrito Federal e no Brasil deve ficar centrado presentes de preços baixos. Produtos caros, como celulares smartphones, joias e carros, ficam de fora da lista da maior parte dos compradores. O tíquete médio fica entre R$ 100 e R$ 150. Três tipos de produtos fazem maior sucesso entre os consumidores da capital federal: roupas, perfumes e calçados.
“A perspectiva que temos é de um Natal de lembrancinhas”, define o presidente da Fecomércio-DF, Adelmir Santana. Para ele, algo tem se destacado neste ano: promoções em dezembro, algo raro. “As promoções se dão pelo desespero, as datas comemorativas no decorrer do ano foram muito fracas. Com estoques antigos, os comerciantes querem colocar tudo à venda logo”, explica. A tática tem dado certo. Se havia uma expectativa da Fecomércio-DF de queda de 7%, a expectativa agora “é de crescimento entre 2% e 3%”.
O otimismo de Santana com o movimento é compartilhado pelo presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), Edson de Castro. Ele reforça o discurso de presentes de menor valor, cita a crise, mas afirma que na comparação com o ano passado, a situação melhorou. “Em 2014, teve chuva e salários atrasados. Apesar da pouca expectativa, tenho visto shoppings e feiras cheios”, diz. “Tenho visto boa saída de perfumes, calçados e confecção em geral. As lojas de brinquedos estão cheias”, continua.
Consumidores
O tipo de compra da arquiteta Maria Helena Fernandes, 57 anos, mudou. “Este ano se fui ao shopping agora no Natal uma vez foi muito”, comenta. Como alternativa, ela tem optado por feiras e lojas de produtos alternativos da cidade. “São lugares que já costumo frequentar e que encontro presentes mais autorais, com personalidade e preços mais acessíveis”, justifica.
A jornalista Luciana Elisabeth, 35, também prefere o comércio fora dos grandes centros de consumo. “Acredito que as feiras fazem circular a economia criativa e artesanal da nossa cidade. Além de descentralizar. Mas, é uma pena que o governo esteja indo na contramão destas iniciativas”, avalia. Entre os expositores, ela encontra boas opções e artigos para todos os gostos. “Minha relação com o Natal é um pouco diferente. Quando compro um presente penso na pessoa, o que ela gostaria de ganhar e também que seja a minha cara. Isso sei que não vou encontrar em shopping”, afirma. Contudo, mesmo com uma clientela que valoriza a produção diferenciada, entre os vendedores de feira Liga-Pontos, que ocorreu no último domingo, se nota estratégias promocionais para chamar a atenção de quem passa.
Por mais que o setor tenha medo das vendas caírem com relação ao mesmo período do ano passado, o que depender da servidora federal Geny da Silva Cravo, 61 anos, o cenário não será tão diferente. “Olhando a economia mundial, estamos bem. Pensei que poderia ser muito pior. Vejo que as pessoas continuam comprando, viajando, comendo fora, adquirindo imóveis”, relata. O Natal na casa de Geny nãoterá grandes modificações. “Comprei normalmente. Senti que os preços subiram um pouco, mas achei normal. Hoje não está ruim, mas poderá fica pior se não tivermos cuidado com as políticas que virão”, avalia. A análise da servidora não difere do movimento nos centros de compra. Tanto nas feiras como nos shoppings a circulação de clientes ainda é alta.
A lista de compra dos brasilienses:
Vestuário 60%
Calçados 37,9%
Perfume 27,9%
Eletroeletrônicos 21,1%
Brinquedos 18,9%
Bolsa 13,2%
Relógio/óculos 11,4%
Livro 11,4%
Artigos esportivos 4,3%
Chocolates 2,1%
Flores/cesta 1,4%
Bicicleta 0,4%
Jogos de vídeo game 0,4%
Fonte: Fecomércio-DF