OS TRAUMAS AMOROSOS 2

OS PREGOS NO NOSSO ELÁSTICO

Publicado em Filosofia, Psicologia

Recebi, de um leitor muito especial, o link para uma matéria postada por Helena Dornelas, jornalista pelo Centro Universitário de Brasília e repórter no CB Online, que trata de um estudo da Universidade Stellenbosch, da África do Sul, que envolveu mais de 2 mil voluntários entre 18 e 25 anos e apontou que rompimentos amorosos nessa fase da vida podem ser uma ameaça à saúde mental, especialmente porque, em geral, esse tipo de sofrimento, quando vivido por jovens, costuma ser menosprezado pelos adultos.

 

Esse leitor, que acompanha este blog desde o comecinho e costuma comentar as postagens, pediu que eu escrevesse sobre esse assunto e, sem querer, despertou em mim antigas lembranças que me conduziram ao meu primeiro namorado, a uma saudade que se encaixa perfeitamente em Detalhes, de Roberto Carlos, a um amor que nem o tempo foi capaz de atirar no esquecimento, a um rompimento que também me trouxe uma dor subestimada pelos adultos que me cercavam.

 

Gosto de pensar na vida da gente como um elástico que vai sendo espichado conforme vamos vivendo. As alegrias aumentam a nossa elasticidade, a nossa flexibilidade, a nossa resiliência. São tudo de bom. Mas a felicidade não é deste mundo. Assim, as tristezas que traumatizam, que costumo ver como pregos no nosso elástico, podem nos manter presos, diminuindo e até bloqueando a nossa capacidade de seguir em frente.

 

Então, é preciso que estejamos sempre vigilantes, o que não significa não nos arriscarmos jamais, evitando toda e qualquer situação que possa nos traumatizar – porque ninguém pode viver dessa forma e talvez nem haja nada mais sofrido do que viver tentando evitar o sofrimento. Estar vigilante é, diante da dor, mesmo vivendo o luto que ela trouxer, refletir sobre o que o Universo está querendo nos dizer com aquele prego, retirá-lo e tocar adiante, tendo a cicatriz não como um marco de fracasso, mas de superação.

 

Sei que isso é muito difícil quando se é jovem como os voluntários do estudo. Para mim, foi dificílimo aos 16 anos. Aliás, quando se trata de rompimento amoroso, é dureza em qualquer idade. Por isso é importante o acolhimento, o amparo dos adultos e, se for o caso, a ajuda profissional. Nenhuma dor deve ser negligenciada.

 

Muita gente leva uma vida arrastada, carregando um sofrimento quem nem sabe dizer de onde vem. Muitos pregos estão tão escondidos e há tanto tempo que fica difícil estabelecer uma ligação entre eles e uma vida adulta que não flui, em que parecemos vegetar. Se é isso o que está acontecendo com você, que pensa, pensa, pensa e não encontra resposta para o porquê de tudo ao seu redor parecer acinzentado, sem graça, sem solução, procure ajuda o quanto antes.  

 

Conforme a frase atribuída a Carlos Drummond de Andrade, “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.

 

Para ler a matéria a mim enviada pelo leitor, basta clicar AQUI.

 

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14 thoughts on “OS PREGOS NO NOSSO ELÁSTICO

  1. Marcos via WhatsApp: Muito interessante o texto, como sempre. Como você falou, “aliás, quando se trata de rompimento amoroso, é dureza em qualquer idade”. E não apenas entre 18 e 25 anos, como diz a matéria que te inspirou a escrever o texto. Outro trecho que gostei foi: “Estar vigilante é, diante da dor, mesmo vivendo o luto que ela trouxer, refletir sobre o que o Universo está querendo nos dizer com aquele prego, retirá-lo e tocar adiante, tendo a cicatriz não como um marco de fracasso, mas de superação”. Grifei a palavra “retirá-lo” porque essa é a questão! Como retirar o tal prego que está prendendo o nosso elástico da vida, não nos deixando seguir em frente. Mais uma vez, parabéns pelo texto!

    1. Oi, Marcos! A gente tira esses pregos refletindo a respeito do que o Universo quer nos dizer com eles. Às vezes, só conseguimos dentro do processo terapêutico.

  2. Acho que meu elástico deve ser uma câmara de pneu de caminhão para ainda não ter se arrebentado… texto muito bom, como sempre! Obrigada! Você me faz pensar ainda mais!

  3. Fernando via WhatsApp: Gostei da leitura, e acredito que posso (com experiência própria), sugerir outro tema na mesma toada dessa pesquisa relacionada a rompimentos amorosos de jovens entre jovens de 18 e 25 anos). Tema: Como e quais seriam os traumas advindos de rompimentos amorosos entre adultos, quando estes adultos deixam de ter uma perspectiva de criar uma família, ter um lar de forma conjunta (pais e filhos), ficam sozinhos e vivem diante da possibilidade de passarem a velhice sozinhos ou em um abrigo para idosos “abandonados”??

    1. Bom tema. Gostaria que Maracy aceitasse a sugestão trazendo o assunto para nós adultos e sozinhos.
      Devemos viver a solitude?
      Ou nutrir a esperança de companhia com amizade, parceria e cumplicidade?
      Aquela que não nos completa, pois já somos completos. Mas a que faz transbordar o que temos guardado…

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