No finalzinho de junho, publiquei OS PREGOS NO NOSSO ELÁSTICO, por mim escrito a partir de um estudo que apontou como rompimentos amorosos podem ameaçar a saúde mental dos jovens, especialmente quando o sofrimento deles é menosprezado pelos adultos. E recebi um comentário com a seguinte sugestão: “Tema: Como e quais seriam os traumas advindos de rompimentos amorosos entre adultos, quando estes adultos deixam de ter uma perspectiva de criar uma família, ter um lar de forma conjunta (pais e filhos), ficam sozinhos e vivem diante da possibilidade de passarem a velhice sozinhos ou em um abrigo para idosos “abandonados”??”.
Respondendo ao leitor, começo dizendo que não é possível sair ileso de um relacionamento, mesmo que ele nem tenha sido tão amoroso assim, porque a nossa cultura glamoriza o sofrimento por amor. Ideias como “felizes para sempre”, almas gêmeas que se buscam, é impossível ser feliz sozinho são corroboradas por romances, poemas, sofrências com que intérpretes levam os fãs a chafurdar nas suas mágoas. Afinal, quem nunca amarrou uma tremenda fossa com o fim de um amor, não é mesmo?
Sim, há quem nunca tenha se recuperado nem do primeiro rompimento amoroso e passe a Vida arrastando corrente como um fantasma preso a uma velha casa. Mas há quem já tenha passado por vários rompimentos e, não obstante as feridas, levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima como diz a música. Porque os nossos sentimentos não são determinados pelo que nos acontece, mas pela forma como lidamos com o que nos acontece. Aí reside a diferença.
Sempre recebo pacientes sofrendo horrores, que dizem que não conseguem parar de sofrer por não terem controle sobre os próprios sentimentos. Mas, no processo terapêutico, eles aprendem que os sentimentos decorrem da nossa forma de pensar sobre a Vida, sobre nós mesmos. E aprendem que só o autoconhecimento pode nos salvar. Só que, para a maioria das pessoas, o autoconhecimento é algo muito, muito distante.
Elas acreditam que, para se conhecerem realmente, precisariam viver como os sábios da antiga Grécia, que tinham tempo para reflexões por não precisarem trabalhar, lavar, passar, cozinhar, levar as crianças à escola, e que podiam até vagar pelas ruas distribuindo conhecimento sem medo dos arrastões, dos traficantes, dos milicianos, dos péssimos policiais. Só que isso não passa de uma crença limitante e é sobre crenças limitantes, como elas impactam negativamente nossa Vida e como superá-las refletindo sobre o nosso dia a dia, que quero conversar com vocês a partir dos questionamentos do leitor.
O primeiro questionamento dele foi sobre os traumas advindos de rompimentos amorosos entre adultos que deixam de ter uma perspectiva de criar uma família, ter um lar de forma conjunta (pais e filhos). Será que não estar vivendo um relacionamento realmente impede alguém de construir uma família? Não existem famílias formadas por pais e mães solos? Será mesmo tão importante ou absolutamente indispensável que o ser humano crie uma família? Será que é realmente impossível ser feliz sozinho? Ou será que o que o leitor nos trouxe não passa de uma crença limitante?
Quantas famílias são realmente felizes? Quantas não são prisões em que pais e mães apenas se suportam ou até mesmo se odeiam, mas seguem vivendo juntos pelas mais diferentes motivações, em que filhos sonham com a separação dos pais ou com poder deixar a casa o quanto antes? Será que esse casal não estaria melhor separado; ou se nunca tivesse tido filhos; ou se nunca tivesse se conhecido? Será que esses filhos não estariam melhor se tivessem nascido num lar não convencional, mas cheio de amor, sendo criados por famílias que nem de longe parecem de comercial de margarina?
O segundo questionamento trazido pelo leitor diz respeito àqueles que, por não terem criado uma família, ficam sozinhos e vivem diante da possibilidade de passarem a velhice sozinhos ou em um abrigo para idosos “abandonados”. Será que ter formado uma família é garantia de assistência na velhice? Será que não ter formado uma família significa que estamos destinados a nos transformar em idosos abandonados em um abrigo? Será que viver em um abrigo é o que de pior pode acontecer a um idoso? Ou será que o que o leitor nos trouxe não passa de uma crença limitante?
Todos conhecem idosos que, mesmo vivendo com uma família que lhes dá toda assistência material, são tratados como se não existissem, passam o dia na frente da TV enquanto as outras pessoas da casa seguem suas Vidas sem lhes enviar nem mesmo um olhar. Ou são roubados, maltratados e até mortos pelo companheiro ou companheira, filhos ou netos. Será que esses idosos não estariam mais felizes em um abrigo, com outros idosos com quem pudessem trocar lembranças e ideias, ouvir músicas “daquela época”, dançar, gargalhar? Muita gente pode não acreditar, mas há idosos que imploram para viver em abrigos. Alguns até se apaixonam e casam no abrigo.
Esse tema não será esgotado neste texto, muito menos por mim, pobre mortal. Mas há uma outra proposta de reflexão que não posso deixar passar: Será que alguém que ainda tem o desejo de construir uma família deveria estar tão preocupado com a velhice? Será que ninguém morre jovem, todos envelhecem? Será que devemos perder a juventude preocupados com a velhice, gemendo e chorando neste vale de lágrimas projetando situações dolorosas que podem nunca acontecer. Será essa uma maneira saudável, inteligente de se viver, já que, como dito pelo poeta Cassiano Ricardo, “Desde o instante em que se nasce, já se começa a morrer”? Meu Deus, será que eu deveria ter citado isso neste texto?!
Preparar-se para ter uma velhice tranquila é super importante. Uma boa alimentação, exercícios físicos, consultas médicas regulares, um bom plano de saúde e tudo o mais que possamos fazer nesse sentido. Mas, se chegarmos a envelhecer, nada tirará de nós a tristeza de termos desperdiçado a juventude, de termos condicionado a nossa felicidade a coisas como ter um companheiro ou companheira e ter filhos, tudo arrumadinho dentro dos vidrinhos. A Vida não nos dá garantias. E, como dizem, quando pensamos que temos todas as respostas, ela muda as perguntas, o que é maravilhoso porque tempera a nossa passagem pelo mundo.
A Vida nos dá talentos que desperdiçamos por não conseguirmos ampliar nossa visão, por não refletirmos sobre o que precisamos refletir, por não filtrarmos o que precisa ser filtrado, por nos deixarmos paralisar por crenças que, na grande maioria dos casos, nem sabemos de onde vêm, por não termos olhos para ver, explorar tudo o que já temos e o que ainda podemos realizar sem limitações tolas.
Você pode até achar que o que estou dizendo é bobagem por fazer parecer tudo muito simples, mas a Vida não é complicada, nós é que a complicamos. Só que simples não é sinônimo de fácil. Então, se não conseguir sozinho entender o que está imobilizando você, procure ajuda profissional porque há transtornos psicológicos, psiquiátricos e neurológicos que exigem intervenção sem a qual virar esse jogo pode se tornar impossível.
Como disse Gonzaguinha, “Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Ah, meu Deus! Eu sei, eu sei que a Vida devia ser bem melhor e será! Mas isso não impede que eu repita ‘É bonita, é bonita e é bonita’”.
Se você está se sentindo muito só, que tal adotar um pet? Eu tenho vários gatinhos resgatados e prontos para adoção. E você não imagina que companheiro maravilhoso um gato pode ser. Se tiver interesse, mande mensagem pra mim pelo WhatsApp.
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