ELE ME ENVIOU FLORES!

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É muito difícil, pra quem está de fora, entender o que leva uma mulher a manter um relacionamento com um homem violento. Mas o texto abaixo mostra exatamente o que acontece na maioria desses casos. Leia e divulgue! Você pode salvar vidas!

E se souber de alguma mulher que esteja passando por uma situação assim, denuncie! Qualquer um pode e deve denunciar. Em briga de marido e mulher, a gente tem o dever de meter a colher!

Somos todos responsáveis! #NÃOAOFEMINICÍDIO

“Fizemos um mês de namoro, ele me enviou flores!

Fizemos dois meses de namoro, ele pediu pra eu vestir uma saia um pouco mais “decente”, mas me enviou chocolates e flores!

Fizemos três meses de namoro. Ontem ele me proibiu de sair com Pedro, meu melhor amigo. Ele disse que “meu melhor amigo agora é ele”. Mas hoje é nosso aniversário e ele me enviou flores!

Fizemos quatro meses de namoro. Ele me pediu que não usasse batom vermelho, pois ele não namorava “uma garota de programa”. Usei batom rosa, mas tudo bem – ele me deu uma aliança!

Fizemos cinco meses de namoro. Ele me empurrou contra a parede porque um moço me chamou de princesa na rua, mas tudo bem – ele pediu desculpas e disse que me ama. Ele disse que me ama!

Fizemos seis meses de namoro, ele me proibiu de viajar para ver minha mãe, pois nessas viagens de férias “rola muita pegação”. Ele viajou sozinho, mas me trouxe sandálias, lindas sandálias!

Fizemos sete meses de namoro. Ele me deu um tapa, um tapa forte! Mas depois chorou, chorou muito, disse que me amava e jurou, jurou que nunca mais o faria. Ele me ama!

Fizemos oito meses de namoro. Ele me pediu para parar de trabalhar, pois meu chefe estava me “assediando”. Então deixei o trabalho. Sim, deixei meu trabalho, deixei também minha casa e fui morar com ele. Mas tudo bem – era só um trabalho, e ele, o amor da minha vida!

Fizemos nove meses juntos.  Fomos jantar fora. Sim, ele me levou para jantar ! Jantamos e foi perfeito. Só que, na saída do restaurante, um moço passou a mão na minha nádega. Eu fingi não ter visto para não causar confusão, mas, quando chegamos a casa, ele começou a gritar, gritar muito, gritar alto “VADIA!”, “PIRANHA!”, “VAGABUNDA!”, “ELE É SEU AMANTE!”. Ele me bateu, bateu muito, bateu forte, me socou tanto que eu não conseguia nem mais enxergar.

Acordei em um lugar estranho, toda doída, numa sala branca. Estou no hospital? – Sim – uma bela moça de olhos azuis e cabelos presos me respondeu ao fundo. Ela disse que fui assaltada na noite anterior e que meu marido teria me socorrido. Segundo ela, eu estava com três costelas quebradas. Sim, ele quebrou minhas costelas, três delas! Meio que sem jeito, aquela bela moça se aproximou e disse que eu poderia contar a ela o que realmente ocorreu, que ela me protegeria e que a Lei Maria da Penha me ampararia. Ele preso? Preso? PRESO? NÃO!

Estava pensando que o amava muito, muito mesmo, e dependia muito dele, quando, meu Deus!, ele entrou com um urso gigante e muito balões! Meu Deus!, dizendo que tinha vindo cuidar do amor da vida dele. Como eu o amo! Vamos voltar pra casa!

Fizemos dez meses juntos. Como ele está mudado! Me leva pra jantar ou pro cinema todos os finais de semana. Disse que me ama! Eu também o amo! Ele me enviou flores o dia inteiro!

Fizemos onze meses juntos. Tudo são rosas! Ele é lindo, me ama e já faz meses que não levanta a voz para mim! Fomos à casa do meu sogro, pois é seu aniversário. Ele chegou do trabalho e eu já estava pronta, usando meu tubinho preto e minhas belas sandálias, que há um tempo ele mesmo me deu.

Pela primeira vez em meses, ele não reclamou da minha roupa, disse que eu estava linda e, quando chegamos, todos vieram me dizer o mesmo. Logo me enturmei com seus primos, começamos a contar várias piadas e percebi que ele me observava de uma maneira estranha, como naquele dia, aquele dia horrível. Não! Eu o perdoei, a gente esqueceu. Afastei da minha mente aquela ideia boba. Quando fomos nos despedir, todos trocamos abraços. Ele apertou forte a minha mão quando abracei seu primo, mas fomos para casa.

Ele havia bebido além da conta, bateu o carro no portão e começou a gritar comigo, gritar muito, como naque… Ai! Não! Não! Não! NÃO!!! Ele estava em cima de mim, me socando com muita força. Meu rosto sangrava, ele gritava MUITO ALTO, “SUA VAGABUNDA!” “VOCÊ DEU EM CIMA DE TODO MUNDO!” “VADIA!” “EU VOU MATAR VOCÊ!” “VOCÊ VAI APRENDER A USAR ROUPA DE MULHER DECENTE!” “VADIAAAA!” “VOCÊ VAI MORRER!”.

Acordei, dessa vez, sem lugares estranhos. Eu estava em casa. Ai! Que dor! Como doía! Tudo doía! Ai! Tentei me levantar, mas não deu, doía muito! Ele chegou e estava ao pé da cama, me pedindo perdão. Disse que bebeu muito e que perdeu o controle. Mas eu estava decidida! Vou embora! Quando disse isso a ele, senti uma pancada muito forte. Abri meus olhos e estava no hospital novamente.

A doutora disse que caí da escada. O que estaria acontecendo? Tantas pessoas na sala! A doutora continuou dizendo que, por um milagre, eu não o havia perdido. Como assim não o havia perdido? E ela me contou que eu estava grávida. Isso veio como um choque, uma pancada, muito, mas muito mais forte do que todas as outras que ele tinha me dado até ali. Eu esperava um filho do homem que mais me fez mal e que eu mais amei no mundo. Chorei, chorei, chorei muito.

Não tinha como eu ser mãe solteira! Ele me pediu perdão, chorou, disse que me ama. Eu vou perdoá-lo. Ele entrou no quarto com um sapatinho amarelo, me pediu perdão novamente e me prometeu que será o melhor pai do mundo. Eu vou perdoá-lo. A partir de agora, seremos una família.

Fizemos um ano juntos. Estou com dezoito semanas de gestação. É uma menina! Ele tem me tratado muito bem, não me agrediu, como prometido. Eu o amo! Hoje ele fez uma surpresa linda para mim – a gente andou de balão!

Fizemos um ano e um mês de união. Ele quer se casar, casar “de verdade”, como sempre sonhei, como a gente sempre sonhou. “Sim”, foi minha única reação quando ele se ajoelhou no meio do restaurante. Vamos nos casar! Ele é tão fofo! Como eu o amo!

Ontem completei seis meses de gestação e fui fazer exames detalhados para decidir como será o parto. Ele disse que não poderia ir, tinha muito serviço, mas me desejou boa sorte! Mas, no último exame, ele chegou! Ah! Ele veio! Entramos na sala e um médico encantador veio me atender. Eu deveria me despir. Aí ele pediu para trocar o doutor por uma médica do plantão, porque “mulher dele” não ia ficar nua na frente de homem algum, mas o rapaz disse que infelizmente só havia aquele médico no plantão.

Então comecei a me despir. Ele me pegou pelo braço, me arrastou corredor a fora, dizendo que, já que eu queria ficar “pelada”, seria para todos verem. Depois me jogou no carro, me arrastou pela casa gritando, dizendo que eu não merecia a filha dele. Eu chorava, chorava muito, e ele gritava cada vez mais alto: – “QUERIA MOSTRAR O CORPO, VADIA?” “VOCÊ NUNCA MAIS VAI SE EXIBIR ASSIM, ENTENDEU?” “VAGABUNDA!”.

Eu implorei para que ele não me tocasse. Minha filha! Minha filha! Ele acertou meu rosto! Ele esta socando minha barriga com força! MEU DEUS! MINHA FILHA, MINHA FILHA, ÁGATA, NÃO!!!

O dia amanheceu. Acho que já recebi mais de 20 buquês de flores. E chegam mais e mais. Ele me enviou flores. Sim, ele me enviou flores. Mas ele não foi o único. Minha mãe está chorando aos meus pés. Meu pai teve uma crise nervosa. E eu? Ah! Eu estou morta! A Ágata? Também está morta! Ele conseguiu nos matar !! Se eu tivesse tido a coragem e a força para deixá-lo… Se eu não tivesse abandonado o meu trabalho, não tivesse trocado o meu batom, não tivesse tirado aquela saia, se eu tivesse ido embora naquele tapa, talvez…

Eu sou a Maria, eu sou a Joana, a Débora, a Eva e a Luana, eu sou a Marta, eu sou a Larissa. Sim, a minha história termina com um “talvez”, pois eu me calei desde a primeira agressão. A sua história não acaba aqui. Você pode falar! Sabe aquela ajuda que eu dispensei? Aceite! Eu estou morta! Minha filha está morta! Mas você pode dizer não, você pode resistir, você pode ir embora, você tem família e, se não tiver, você tem a você e você tem força pra lutar, e você tem A Lei Maria da Penha para te amparar.

Ligue 190, procure a Delegacia da Mulher! Do fundo coração, eu lhe desejo coragem e que sua história seja diferente da minha.”

Autor desconhecido

MARACI SANT'ANA

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