Adoro quando os leitores fazem contato comigo para comentar algum texto, para uma rápida consulta. Não existe escritor sem leitor. Por isso, mesmo tendo pouquíssimo tempo e tanto o que escrever, sempre dou prioridade a compartilhar as dúvidas, as preocupações que eles me trazem, que certamente são as mesmas de muita gente. Afinal, somos todos um. Recentemente, um leitor me perguntou se sou espírita. Respondi que sim e ele me enviou a seguinte mensagem:
“É porque lembrei agora que você me disse um dia que a morte não existe e eu acredito nisso, apesar de eu ser católico. Ultimamente estou lendo bastante sobre transição para a quinta dimensão. Sua religião adota esses ensinamentos? Sinto também que minha consciência tem mudado de uns anos pra cá. Sinto também que meu gato que morreu há 3 meses atrás, teve grande influência no meu crescimento espiritual. Estou mandando mensagem só para tirar algumas dúvidas. Apesar de sermos de religiões diferentes, acho que você poderia me ajudar a sanar algumas dúvidas que tenho em relação à ascensão”.
Quando estamos atendendo a um paciente, fica mais fácil entender bem as dúvidas que ele traz. Mas, nesse caso, preferi enviar ao leitor, a quem muito agradeço por me acompanhar e participar deste blog, o texto que transcrevo a seguir, que publiquei em janeiro de 2010 no Blog do Vicente Nunes, site do Correio Braziliense, coluna A Psicologia e o Dinheiro, em que eu escrevia sobre Psicologia com um gancho na Economia. Ele curtiu e agradeceu. Aí vai! Espero que gostem, comentem e compartilhem! Considero esta mensagem sempre pertinente, mas absolutamente necessária quando o mundo ainda vive guerras, candidatos lamentavelmente fazem discursos de ódio e governantes se atrevem a falar em banho de sangue durante processos eleitorais.
“DESPERTE E SEJA FELIZ
Ano-novo, vida nova! Isso pode até não ser lá uma grande verdade. A gente sabe que quase nada muda de 31 de dezembro pra 1º de janeiro, embora nossa tendência seja crer que é só passar a régua ao final do ano velho, sem precisar pagar a conta. Aliás, conta é justamente em que as pessoas não querem pensar na passagem de ano, embora os boletos estejam prontos pra despencar em nossas cabeças. É no começo do ano que enfrentamos despesas do Natal, IPVA, IPTU, matrículas, uniforme, material escolar. Mesmo assim, repetimos, sem parar, “Saúde e paz! Do resto, a gente corre atrás!”.
Só que meu ano não começou como imaginei e a comemoração planejada ficou na intenção. Uma tremenda crise de rinite me jogou na cama, de onde vi chegar 2010. Justo eu, que havia me comprometido com uma palestra bem no dia 1º. Assim, entre espirros e fungadas, busquei me concentrar em uma mensagem que se encaixasse no tema proposto pela Comunhão Espírita de Brasília – Desperte e seja feliz. Lindo título para um começo de ano!
Inicialmente, pensei em uma mensagem de puro otimismo, que fizesse com que as pessoas voltassem para casa leves e cheias de esperança. Não consegui. Várias falas vieram à minha mente, mas, assim como vinham, eram rejeitadas. Claro que eu queria combinar com as festividades, mas algo em mim dizia que não mais podemos tratar a vida dessa forma, porque o momento é grave e exige de todos muito mais do que estamos acostumados a dar a nós mesmos, ao nosso próximo, ao nosso planeta, ao nosso Universo.
Então, sucumbi à dura, embora bela, realidade desse raciocínio. E, em lugar de focar o “e seja feliz”, procurei me concentrar no “desperte”. Porque não é possível alguém chegar à felicidade sem o despertar. E precisamos logo abrir os olhos da consciência porque o mundo está vivendo mais um momento crítico. São sucessivas catástrofes naturais provocando morte em massa; adultos perfurando crianças com agulhas; filhas tramando assaltar mães; mães jogando filhos recém-nascidos pela lixeira; dinheiro que deveria ser empregado em educação e saúde indo para contas particulares, bolsas, meias.
Alguém até pode dizer que as coisas sempre foram assim ou talvez piores. Mas, graças a Deus, agora elas nos encontram maduros o bastante para nos indignarmos verdadeiramente. A situação exige responsabilidade, trabalho, indulgência, caridade, força, perseverança, fé. Em resumo, exige amor.
É hora de nos comportarmos como adultos, de buscarmos compreender, por exemplo, quem somos nós; em que momento da vida estamos; as razões de uns sofrerem tanto e outros viverem tão folgadamente; os motivos para termos nascido naquela família ou termos sido adotados; o que fazemos na Terra, um entre tantos planetas; o que acontece conosco após a morte. Não dá mais para engolirmos respostas prontas, cercadas de mistérios, que adotamos sem refletir. É nossa felicidade que está em jogo.
Vivemos como sonâmbulos na maior parte do tempo. Basta acordarmos para ter início uma espécie de hipnose – pulamos da cama, geralmente atrasados; acordamos as crianças com as mesmas instruções de “tá na hora”, “escova os dentes direitinho”; tomamos um banho rápido; enfiamos uma roupa; e saímos dirigindo e falando ao telefone e xingando os mais lentos; trabalhamos todo o dia, em geral ultrapassando nossos limites; pegamos as crianças na escola, agoniados para chegar logo em casa; distribuímos novas ordens do tipo “tira logo o uniforme e vai tomar banho”; vamos pra cama; assistimos à TV; e dormimos já pensando no que faremos no dia seguinte, que será basicamente do mesmo jeito. Os finais de semana costumam ser dedicados ao churrasco, à cervejinha, ao cineminha.
Até mesmo quando fazemos nossas orações, costumamos agir como autômatos. Falta espaço em nossa vida para a reflexão a respeito de nós e de questões bem maiores do que trabalhar pra ganhar dinheiro e construir um patrimônio; estudar para dar um up no currículo; tentar dar aos filhos tudo o que tivemos e não tivemos na infância; manter um casamento a qualquer preço. Não estou dizendo que essas coisas não têm nenhum valor. Vivemos em um mundo material e temos o dever de buscar o nosso conforto e o daqueles que nos cercam, pelo menos. Mas a matéria não é nossa essência. Somos seres espirituais.
Deus é a força inteligente que criou e sustenta tudo o que há, e permite que trabalhemos sobre Sua obra, para promover o desenvolvimento. Isso faz de nós cocriadores do Universo, o que é uma enorme responsabilidade. Não dá mais pra continuar vivendo como zumbis ao contrário, como vivos-mortos. Devemos cumprir nossos deveres familiares e sociais, mas não podemos nos restringir a uma vidinha egoísta, esquecidos de nossa origem Divina, de nosso compromisso com a Humanidade. Não podemos mais manter fechados os olhos da alma. É preciso despertar para a Verdade e correr atrás do que realmente importa.
Na última terça-feira, perdemos a médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, um exemplo de consciência desperta. Reconhecida no mundo inteiro, ela, entre tantos outros trabalhos maravilhosos, ajudou a criar e coordenou os trabalhos da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa. Mais de 3 milhões de menininhos e menininhas menores de 6 anos de idade salvos de várias doenças, da desnutrição e da violência; mais de 100 mil velhinhos e velhinhas assistidos; cerca de 95 mil voluntários, todos sensibilizados e preparados para seguir com essa corrente do bem. Que escola!
A Dra. Zilda não tinha uma vida muito diferente da maioria de nós. Era mulher em um mundo machista e profissional dedicada, que casou e teve seis filhos, com tudo o que isso pode representar. Só que ela morreu em uma missão humanitária. Estava no Haiti quando a igreja onde palestrava desabou. Claro que esse não é um exemplo nada fácil de ser seguido, mas sempre podemos fazer alguma coisinha com os talentos recebidos de Deus. Ficou para trás o tempo de ser o bastante não fazermos o mal. É preciso ir além e fazer o bem. Porque não seremos cobrados pelo mal que ainda não pudermos evitar, mas pelo bem que, mesmo podendo, deixarmos de realizar.
E, para encerrar esse nosso papo de começo de ano, deixo aqui um resumo da mensagem da belíssima música “SOLO LE PIDO A DIOS” (clique e confira!), de León Gieco, imortalizada na voz de Mercedes Sosa, outra mulher extraordinária que também há pouco voltou para a Pátria Espiritual: “Só peço a Deus que a dor, o injusto, a guerra, o engano, o futuro não me sejam indiferentes. E que a seca morte não me encontre vazia e só sem ter feito o suficiente”. Um feliz 2010! Que este seja o ano do nosso despertar!”
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19 thoughts on “DESPERTE E SEJA FELIZ!”
Débora Miliorini via WhatsApp: Muito bom esse texto. Concordo com o que diz sobre fazer o Bem. Acho que foi Mandela que disse que não era a maldade dos maus que o preocupava, mas o silêncio dos bons. Gostei mto do que o leitor citado disse sobre o gatinho dele o ensinar sobre espiritualidade. Os animais fazem isso e que bom que ele estava aberto para receber essa lição. Nada vem antes do tempo, não é mesmo? Tb tive em gatinho que me abriu pra alegria e leveza em minha vida. Se foi muito novo pq disse que sua missão era curta e ele conseguiu realizá-la com louvor. Só sei que depiis disso mudei meu olhar e atitudes pros animais, me tornei protetora e minha vida melhorou muito. Eles são excelentes professores!
Oi, Débora! O leitor que enviou os questionamentos e você estão certos. E muita gente sente o mesmo sobre os animais. Eu os vejo como irmãos que nos acompanham na nossa jornada. Cabe a nós não apenas olhar por eles, já que são nossos irmãos, portanto nossa responsabilidade, mas também nos abrir para receber todo o amor que eles têm para nos oferecer, que não é pouco.
Leitor que fez a consulta, por WhatsApp: Fiquei feliz com o que foi abordado no comentário, situações parecidas de evolução espiritual. Apesar de eu e a pessoa que comentou não termos mais nossos animais de estimação, nós não os perdemos, pois a morte não existe.
Exatamente. Eles estão sempre conosco.
Ana Glória via WhatsApp: Amei Mara🥰👏🏽
Orlando via WhatsApp: 👏👏👏👏👏
Leitor que fez a consulta, por WhatsApp: Boa noite Maraci! Tudo bem? Só agora consegui ler o texto que enviou! Adorei! Eu comecei a ler e vi que o texto se tratava das minhas dúvidas que você sanou em relação a evolução espiritual. Obrigado por tornar público o relato das minhas dúvidas que você sanou, sei que esse relato pode ajudar muitas outras pessoas. Acabei de ver o vídeo, gostei dessa música, ela passa uma mensagem forte.
Wagner Luís Pinto via WhatsApp: Oi, Mara. Gostei do texto, mas será que você tirou as dúvidas do seu leitor? Acho que sim, ao levá-lo a pensar no amor, Nas boas ações e Na responsabilidade que temos de melhorar o mundo, do qual, segundo seu texto, somos cocriadores.
Oi, Wagner. Pelo comentário dele, que está logo acima do seu, respondi sim.
Flavia Campos via WhatsApp: Acredito que tudo o que fazemos, pensamos, queremos impacta no comunitário. Vivemos em sociedade… e precisamos ser sensíveis à dor ou ao sucesso dos que nos cercam. “Se te faz feliz ver o voo dos outros, você entendeu tudo.” Um final de semana de aconchego e amor pra você.
Sandra via WhatsApp: Muito lindo, Maraci! Temos que ter atitude!
Fernando via WhatsApp: Bom dia! Este texto é uma prova de que o trabalho de pessoas muito competentes sempre se prolongam pelo tempo. Feito em 2009 mas totalmente atual.
Leitor que fez a consulta, por WhatsApp: Bom dia Maraci! Agradeço por me informar sobre os comentários! É muito bom saber disso!! Acredito que outras pessoas que estejam se questionando sobre as dúvidas que eu estava tendo, possam vir a ser ajudadas com esse conteúdo e com os demais conteúdos que você posta no seu blog e que edificam. Que tenhas um ótimo dia! 🤝🙏
Adriana Ziller via WhatsApp: Como sempre, gostei muito.
Tatá via WhatsApp: Gostei do texto de hj.
Regina Coeli via WhatsApp: Creio que a escola terrena é um circuito em que casa escala que alcançamos, dentro de nós, que quer ser nem que seja un poquito melhor. As vezes este “melhor” diferencia de fulano para ciclano. Melhor p mim é estudar-me, trabalhar fraquezas e fortalecer o q considero bom, que precisa melhorar e rápido! o tempo de contemplação se foi, a virada da esquina breve está, quem não despertou p novos aprendizados, corre risco de voar pelo vento, sabe-se lá … lá …
Silvia Aurora via WhatsApp: Bora
Geany via WhatsApp: Querida Maraci, o seu texto, como sempre me levou a várias reflexões. A primeira: eu acredito na morte e numa vida após ela. Como diz uma amiga: ” nao vamos levar essa vida, tão a serio, pois não sairemos desta com vida”. Assim como você acredito que estamos num momento de autoconhecimento, de despertar para nós e para o coletivo. Um ditado em inglês diz assim: your energy flows where your focus goes. E o nosso foco quando está desperto para o nosso interior percebe que estamos conectados, somos todos um, precisamos uns dos outros e portanto só ficaremos bem se o outro estiver bem. Não viverei bem se estiver produzindo e jogando lixo nas águas, pois esta sujeira invariavelmente voltará para mim e não ficarei bem. Despertar para o belo é despertar para o bem do outro. O seu texto me fez pensar muito na Ir. Rita e na sua vida dedicada aos outros. Interessante que ela acreditava muito que após esta vida prestariamos contas também daquilo que deixamos de fazer. Continuo a pensar que morrer pode ser muito ruim, se põe fim a uma existência alegre e dedicada ao próximo (ou talvez nos traga uma certa satisfação e uma passagem soft para o desconhecido. Agora se foi uma vida de sofrimento, acredito que não seja tão ruim assim.
Ana Ziller via WhatsApp: Lindo texto!! 👏🏻👏🏻😘