AMANDO DE LONGE

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Recebi um vídeo lindo, da leitora Adriana Ziller, postado neste Blog sob o título O AMOR ENTRE IRMÃOS. Ele fala de colaboração, competição, ciúme, proximidade. Sugiro assistir antes de ler este texto. Ninguém a ele fica indiferente.

Uns lembram momentos felizes da infância. Outros lamentam não ter irmão. E há os que se entristecem por não conseguirem estabelecer com o irmão um laço merecedor de ser chamado irmandade.

O relacionamento entre irmãos é, antes de qualquer coisa, um relacionamento entre pessoas, com tudo o que isso compreende de bom e de ruim. Mas a irmandade tende a se perpetuar e as alegrias, assim como as dificuldades ultrapassadas juntos, servem para segurar a onda quando surgem desentendimentos.

Também as relações que foram difíceis na infância ou na adolescência podem se transformar com a entrada de um ou dos dois na idade adulta, quando os motivos de desavenças terríveis podem vir a dar causa a muitas gargalhadas, o que os une finalmente.

Mas pode acontecer de os conflitos se agravarem, trazendo uma desarmonia difícil de ser debelada. E, onde deveria haver irmandade, reina a aversão, brigas horrorosas, perseguições, truculências, Diante de situações assim, em geral pensamos “Mas são sangue do mesmo sangue!”.

Já vi diversos casos de irmão sofrendo com a perversidade do outro, sem conseguir se defender, repetindo “Mas ele é sangue do meu sangue, saímos da mesma barriga, fomos criados juntos, pelo mesmo pai e pela mesma mãe, para sermos amigos sempre!”.

Se o que sofre é mais velho, costuma adicionar “Lembro dele bebezinho, ajudei a trocar as fraldas, levava à escola, ensinava as tarefas!”. Se é mais novo, o lamento vem acrescido de “Mas ele foi e ainda é o meu ídolo!”.

É claro que ser sangue do mesmo sangue, ter saído da mesma barriga, pode nos impedir de dizer ou fazer, a um irmão, coisas que não hesitaríamos em dizer ou fazer a outra pessoa. Mas não há garantias.

Então, se você tem um irmão que também seja seu amigo, aproveite! Cuide para que a vida corrida, as tribulações do dia a dia, não os afaste. E, todas as vezes em que puder, esteja com ele. A irmandade é mais do que benéfica, é terapêutica.

Se são amigos, mas vivem às turras, pense na possibilidade de conversarem a respeito. Se não for viável sentar pra baterem um papo, você pode escrever-lhe uma mensagem dizendo como se sente. Mas seja totalmente sincero!

Comece lembrando os bons momentos, as situações engraçadas, as adversidades juntos superadas; fale o que admira nele e a importância dele na sua vida; confesse como se sente quando brigam; diga o que acredita ser o motivo de tantos conflitos; fale o que está disposto a fazer para se entenderem.

Nem pense em recitar os defeitos dele! Isso, com certeza, você já fez em todas as discussões que tiveram, sem obter bom resultado. E, finalizando a mensagem, peça que ele responda também por escrito.

As vantagens da mensagem sobre a conversa cara a cara são várias e posso citar duas muito importantes – dar ao outro a oportunidade de ler quando e quantas vezes quiser, facilitando a compreensão e a reflexão; e evitar interrupções que impedem que se diga tudo o que se quer e precisa ser dito.

Vocês podem trocar uma, duas, quantas mensagens forem necessárias. E só depois de se entenderem por escrito é que devem combinar um encontro, não para rediscutir os problemas, mas para brindar à nova fase, só os dois.

Caso nada disso dê certo, evite situações que costumam terminar mal. Se, por exemplo, até se dão bem, mas discutem sempre que almoçam juntos aos domingos na casa dos seus pais, passe a visitar seus pais aos sábados, ou então vá no domingo, mas não se demore, saia antes de começar a briga.

Se o pau quebra quando viajam juntos em férias, pare de viajar com ele, faça outro tipo de programa. Ligue para desejar ótima viagem, mas vá para outro lugar. Afinal, é melhor amar de longe a odiar de perto.

Mas se o seu relacionamento com seu irmão envolve boicotes, maledicência, escárnio, indignidades, talvez a melhor saída seja ficar bem longe dele! E não dar ouvidos a quem insistir para que releve o mal que ele lhe faz porque vocês são irmãos, você é uma pessoa boa, compreensiva, superior. Mães são mestras nessas considerações apelativas! Porque continuar se expondo a esse estresse é a forma mais fácil de se desenvolver uma doença grave.

E não há mérito nenhum em nos deixarmos pisotear por ninguém, seja lá quem for. É nosso dever por de lado as convenções e nos protegermos do que e de quem nos prejudica, manter distância, desfazer todo e qualquer vínculo, não dar chance ao azar.

Não! Você não vai para o inferno se cortar relações com aquele irmão que parece ter saído de um filme de terror ou de uma novela mexicana! Porque não estará fazendo mal a ele, mas bem a você e, indiretamente, também a ele, impedindo-o de lhe fazer mal e continuar se comprometendo negativamente com as forças do Universo.

Se um dia ele realmente precisar, creio que não deve se negar a socorrê-lo. Mas, se decidir ajudar, faça isso sem esperar retribuição, sem expectativa de que seu irmão ou o relacionamento mudará. Ajude se acreditar que deve e volte a manter distância. Se as coisas mudarem pra melhor dali pra frente, será lucro.

Agora, se você é filho único, não fique triste! Há amigos mais próximos do que irmãos de sangue. Se parar e olhar em volta, pode até se surpreender com a quantidade de irmãos que tem. Porque as verdadeiras irmandades independem dos laços de sangue, são encontros de almas!

MARACI SANT'ANA

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