Quando entrei na Força Aérea, em 1982, não havia a classificação “pardo”, e minha ficha de identificação ficou, erroneamente, como “branco”. O mundo mudou, o mundo muda, e hoje não há mais dissenso sobre classificações de pele. Em que pese o Brasil ser o país de todas matizes possíveis; maior extensão geográfica em miscigenação do planeta.
A cena, agora eternizada, da (justa) reverência de Simone Biles e Jordan Chiles à nossa rainha Rebeca Andrade foi ideia de Chiles, que ao ouvir de Biles: “…um pódio todo com mulheres pretas …superemocionante para nós”, disse à colega: “deveríamos nos curvar a ela”.
Jordan tem seu primeiro nome em homenagem a outro negro: Michael Jordan. Manuel de Oliveira Lima, com sua obra “Nos Estados Unidos. Impressões Políticas e Sociais” (1899), descreveu o desprezo do norte-americano mais que pelos escravos; pelos AFRICANOS que habitavam seu solo; embora tais africanos, seus filhos e netos, fossem responsáveis pela dura lavra da riqueza americana.
Hoje, 5 de agosto de 2024… norte-americanas – também negras, não preconceituosas – ginastas com seus passados de questões familiares superadas, saúdam “Rê”.
Rê com infância de trajeto de duas horas a pé, para ir ao treino em Guarulhos, acompanhada do irmão. Rê de superação, de três cirurgias no joelho que a tornaram a melhor ginasta do mundo no solo. Treino, dedicação; treino e mais dedicação.
Neil deGrasse Tyson, o astrofísico mais aclamado pela mídia, relata como foi difícil seu início acadêmico, com seu entorno incentivando-o a ser um atleta de sucesso por ser… negro. E, felizmente… cada vez mais veremos pardos, pretos, amarelos, indígenas – mulheres e homens – tratados como Homo sapiens. Com possibilidades no esporte, na ciência. Em tudo.
Simone e Jordan trouxeram também um pouco do ouro para si próprias, com sua saudação à Rê.”