No último dia 5, recebi de um amigo, Madison Almeida, o seguinte texto por ele publicado que aqui compartilho com vocês. O momento evocado junta-se a outros como aquele em que a jogadora da Seleção Brasileira de Handebol Tamires mostrou o verdadeiro significado do espírito olímpico ao carregar no colo a adversária, não inimiga, Albertina Kassoma, da Seleção de Angola, que sentiu uma lesão na perna esquerda durante o jogo em que se enfrentavam. Essa forma de encarar os jogos olímpicos também me fez lembrar quando Charlão, o padrasto de Gabriel Medina, disse em entrevista que o surfista não perdeu a medalha de ouro, ganhou a de bronze. Que venham outros momentos como esses!
“A HISTÓRIA DE UMA CENA QUE MARCA PARIS-2024
Quando entrei na Força Aérea, em 1982, não havia a classificação “pardo”, e minha ficha de identificação ficou, erroneamente, como “branco”. O mundo mudou, o mundo muda, e hoje não há mais dissenso sobre classificações de pele. Em que pese o Brasil ser o país de todas matizes possíveis; maior extensão geográfica em miscigenação do planeta.
A cena, agora eternizada, da (justa) reverência de Simone Biles e Jordan Chiles à nossa rainha Rebeca Andrade foi ideia de Chiles, que ao ouvir de Biles: “…um pódio todo com mulheres pretas …superemocionante para nós”, disse à colega: “deveríamos nos curvar a ela”.
Jordan tem seu primeiro nome em homenagem a outro negro: Michael Jordan. Manuel de Oliveira Lima, com sua obra “Nos Estados Unidos. Impressões Políticas e Sociais” (1899), descreveu o desprezo do norte-americano mais que pelos escravos; pelos AFRICANOS que habitavam seu solo; embora tais africanos, seus filhos e netos, fossem responsáveis pela dura lavra da riqueza americana.
Hoje, 5 de agosto de 2024… norte-americanas – também negras, não preconceituosas – ginastas com seus passados de questões familiares superadas, saúdam “Rê”.
Rê com infância de trajeto de duas horas a pé, para ir ao treino em Guarulhos, acompanhada do irmão. Rê de superação, de três cirurgias no joelho que a tornaram a melhor ginasta do mundo no solo. Treino, dedicação; treino e mais dedicação.
Neil deGrasse Tyson, o astrofísico mais aclamado pela mídia, relata como foi difícil seu início acadêmico, com seu entorno incentivando-o a ser um atleta de sucesso por ser… negro. E, felizmente… cada vez mais veremos pardos, pretos, amarelos, indígenas – mulheres e homens – tratados como Homo sapiens. Com possibilidades no esporte, na ciência. Em tudo.
Simone e Jordan trouxeram também um pouco do ouro para si próprias, com sua saudação à Rê.”
10 thoughts on “A HISTÓRIA DE UMA CENA QUE MARCA PARIS-2024”
REGINA COELI via WhatsApp: Sim todas estas guerreiras,os não preconceituosos, até mesmo os que o são, pois fazem parte da educação dos racistas que há em todos países do mundo, são magníficas! Aplausos e aplausos por toda vida destas 💖 A Madison Almeida aplausos por dizer o que muitos o querem gritar! Todos somos iguais, Acorda gente!
Grato, Regina!
FERNANDO via WhatsApp: Bom dia! Eu sou negro (no sentido popular da palavra) e me sinto incluído nessas situações descritas no texto. Sei muito bem o que é sofrer discriminação e preconceito racial no meio da sociedade
E isso mesmo, Fernando!
PERTUSI via WhatsApp: Brilhante texto, uma visão de mundo que todos precisamos: a percepção da verdadeira igualdade e da importância da união, bem diferente do sectarismo estéril com que infelizmente somos bombardeados diariamente. Um verdadeiro libelo que desperta grande ânimo naqueles que realmente querem mudar o nosso país para melhor.
Muito grato, meu amigo.
PE via WhatsApp: Bom dia!! O texto mostra todo o simbolismo da vitória da atleta Rebeca, mulher negra, mas mais do que a vitória, penso que a reverência das medalhistas americanas a Rebeca, dá uma demonstração para o mundo dos homens e mulheres que a luta por igualdade, fraternidade, amor e respeito devem prevalecer nas relações, independentemente da raça e de outras condições que são valoradas por quem age na vida com indiferença para com o próximo. A imagem das medalhistas reverenciado a Rebeca, traz um sopro de esperança para que tenhamos um mundo mais generoso e sem preconceitos. Parabéns para o seu amigo, para os atletas olímpicos e pra vc que compartilhou o texto.
Muito grato, PE. Na contramão do que todos vêm, nesse belo simbolismo, houve o comentário dissonante de um “astro” da NBA; “indignado” com a cena. Nessa hora que Maraci e demais psicólogas veem que o ser humano, quando quer APARECER… ultrapassam o ridículo.
Ana Ziller via WhatsApp: Realmente, essa cena foi marcante!! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Isso, Ana! Detalhe é que a cena fica eternizada; em nada interferindo o fato de Chiles ter perdido seu bronze dias após, por decisão arbitral…