Cosette Castro
Brasília – Esta semana uma notícia estarreceu a população, particularmente aquelas pessoas que dependem de cuidadoras profissionais para acompanhar um familiar com dependência enquanto saem para trabalhar.
Segundo alguns jornais e sites, em dezembro de 2024 uma senhora de 103 anos que vive na Asa Norte, em Brasília, teve o pé amputado sem anestesia em casa por uma profissional de enfermagem.
A notícia parece informação falsa (fake news, em inglês). Daquelas criadas para colocar medo nas pessoas, mas por mais absurda que pareça, é, parcialmente, verdadeira. E causou comoção geral.
Posteriormente, após o caso ser levado à delegacia, foi constatado que não se tratava de amputação, como divulgado. E sim, um procedimento de limpeza e descarte de um tecido morto, o que não é crime.
O que nos ensina esse caso?
Em primeiro lugar, que é preciso muita calma nessa hora. Sem julgar até a decisão da justiça, o que não é fácil porque envolve a preocupação com nossos familiares.
Ensina também que precisamos de informações qualificadas sobre envelhecimento e longevidade. E sempre checar as informações que recebemos.
Também precisamos urgentemente aprender sobre cuidados paliativos.
A falta de conhecimento sobre a Política Nacional de Cuidados Paliativos, aprovada em maio de 2023, aponta a fragilidade das nossas famílias e de quem precisa de cuidados. Principalmente se a pessoa tiver deficiência, demência ou outra doença que prejudique a capacidade de se defender ou pedir ajuda.
O caso teve uma reviravolta na tarde de sexta, 31/01, conforme coletiva à imprensa da Delegacia Especializada em Crimes Contra Pessoa Idosa (Decrin), em Brasília.
Mesmo com os esclarecimentos técnicos, a situação gera medo e coloca em alerta as famílias que dependem de uma ou mais cuidadoras profissionais para sair de casa.
Vivemos em um país onde a profissão de cuidadora ainda não é reconhecida. E onde cursos qualificados e gratuitos não estão disponíveis nacionalmente para um dos mercados que mais cresce dado o envelhecimento populacional e a longevidade.
Dessa forma, como proteger os familiares e contratar profissionais que cuidem de quem necessita? Um passo a passo pode ajudar no processo de seleção dessas profissionais:
1.Solicitar currículo para conhecer a habilitação profissional e experiência anterior
2.Solicitar carta de referência e conversar, se possível por vídeo, com uma ou duas pessoas indicadas
3.Quando conversar com a pessoas indicadas, solicitar pontos positivos e fragilidades da candidata ou candidato
4.Solicitar o Nada Consta policial da pessoa contratada
5.Entrevistar pessoalmente as pessoas candidatas
6.Durante a entrevista, combine claramente sobre os horários de trabalho, horários de alimentação, valores a serem pagos, assim como sobre feriados e férias
7.Informe sobre a rotina da pessoa a ser cuidada, seus hábitos e medos. Pergunte sobre o conhecimento/experiência sobre a rotina e necessidades do familiar e conte sobre suas expectativas sobre a pessoa a ser contratada
8.Em caso de dúvida, ligue para a pessoa candidata e se informe melhor
9.Realizar uma semana ou um mês de experiência para apresentar/adaptar o familiar que precisa de cuidados e os hábitos da casa mantendo junto, se possível, uma pessoa da família para acompanhar a adaptação
Depois do contrato assinado, mantenha um diário a ser usado pela pessoa contratada e demais cuidadoras, se houver, para registrar as atividades realizadas diariamente com quem necessita cuidados.
Em caso de acidente, solicite registros em foto e vídeo, e relato imediato para a cuidadora familiar ou pessoa da família mais próxima ao local. Deixe números de emergência em local de fácil acesso, assim como cartão do plano de saúde ou do posto de saúde utilizado.
Algumas famílias costumam usar câmeras de segurança para acompanhar o dia a dia do familiar com dependência desde o trabalho, principalmente quanto ao uso de medicações e higiene.
No grupo de WhatsApp do Coletivo Filhas da Mãe diariamente pessoas que cuidam familiares trocam experiências sobre cuidado e sobre o relacionamento com as cuidadoras profissionais.
O tema também tem sido pauta das Rodas de Conversa mensais coordenadas pela fonoaudiológa e ex-cuidadora familiar, Manoela Dias.
Em fevereiro, a primeira Roda de Conversa de 2025 vai acontecer na quinta-feira, 06/02, a partir das 19h, com sistema misto -presencial e digital. Local: Espaço Longeviver, situado na Quadra 601 da Asa Sul, edifício Providência, 2º andar.
No Coletivo Filhas da Mãe acreditamos que a construção de uma Sociedade do Cuidado começa com informações claras para população e relações respeitosas entre pessoas que cuidam familiares e pessoas que cuidam profissionalmente.
PS: Seguimos com as Oficinas de Samba no Pé gratuitas todas as terças e quintas-feiras, das 10 às 12h, no Espaço Longeviver.
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