Pequenos Luxos Desnecessários

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Cosette Castro

Brasília – Neste fim de semana, em pleno feriado, fui provocada pela Leandra Lofego  a escrever um texto para o Blog  sobre luxos desnecessários que não abrimos mão.

Em tempos de tecnologia e inteligência artificial, há quem diga que os luxos do século XXI são o tempo e o espaço.

Tempo livre, pois há muita gente que anda correndo, ocupada, trabalhando demais.  As cuidadoras familiares que o digam.

E há aquelas pessoas que, além de trabalhar,  utilizam o tempo disponível  nas redes sociais digitais. A qualquer hora. Desde o  acordar até o momento de dormir.

Quanto ao espaço,  não me refiro ao espaço urbano que precisa urgentemente se tornar inclusivo para atender pessoas de todas as idades. Nem a necessária redistribuição de terras.

Aqui espaço é no sentido de espaço para a presença. Para estar presente.  Nem sempre chegamos a tempo. E quando estamos em determinado  lugar, só quem está  presente é o corpo.

Em geral estamos pensando em tudo que ainda precisamos fazer no dia, na semana ou no mês. Somos uma agenda ambulante. Falta espaço para simplesmente desfrutar o momento presente.

Voltando ao tema dos luxos desnecessários, a  idéia surgiu a partir da pergunta “qual luxo desnecessário você não abre mão?

A questão foi postada na página @patroamesmo, da Livia Teodoro, no Instagram.  E  teve 7 mil 316 comentários.  Vale a pena tirar um tempo para ler os comentários.

Pensei que encontraria desejos exuberantes, caros, daqueles que a gente só consegue realizar muiiito de vez em quando.

Mas as respostas  mostraram a diversidade  e os diferentes níveis de necessidades, de acordo com a realidade de cada pessoa.

Para quem não tem carro, pegar  Uber ao menos uma vez na semana quando está muito cansada, ao invés de andar de transporte público, é um luxo e tanto. Mesmo que pese no orçamento.

Entre quem pode pagar, ou gostaria de poder, os carros automáticos aparecem como um luxo que não abrem mão.

Para outras pessoas, ter um ar condicionado é um sonho de consumo que vale a pena investir. Nem sempre alcançável para boa parte da população.  Mas deveria ser, ainda mais em tempos de mudança climática e aumento das temperaturas.

Muitas mulheres elegeram fazer as unhas todas as semanas como um luxo desnecessário, mas prazeiroso. A questão é  que nem sempre cabe no orçamento e muita gente acaba deixando de lado esse pequeno desejo.

Foi grande o número de pessoas que disseram não abrir mão de um luxo desnecessariamente delicioso como sabonetes caros, como os da marca Phebo, Natura, Boticário e Occitane.

Fazer terapia foi marcado pelas mulheres como algo que não abrem mão. Embora seja  preciso reconhecer que, no Brasil ainda é um luxo, mesmo que não devesse ser. Muitas vezes os preços das consultas são inalcançáveis para muita gente.

A boa notícia é que os Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs) do SUS e a maior parte das universidades públicas e privadas com curso de Psicologia oferecem atendimento gratuito para quem não pode pagar. E há espaços privados que oferecem preço social para facilitar o acesso ao processo analítico ou terapeutico.

A Leandra Lofego me contou que adora sabonetes cheirosos e capsulas de café expresso depois do almoço. Já eu, adoro lençois coloridos, macios, com muitos fios. E de toalhas macias com cores combinando.

Para além dos desejos pessoais, no Coletivo Filhas da Mãe queremos que tempo livre e espaço para presença deixem de ser um luxo para se tornar  parte do cuidado e autocuidado cotidiano.

PS: Valeria Nunes, com quem conversei antes de escrever o texto, afirma que ter tempo para ler literatura e para aprender novas línguas são luxos que ela não abre mão.

Cosette Castro

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