Quem Disse que o Carnaval Terminou?

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Cosette Castro

Brasília – Quem gosta de brincar ou assistir carnaval teve a oportunidade de se deliciar em 2024. Teve festa para todos os gostos.

Desde os Esquenta Carnavais, nos primeiros dias de fevereiro,  foi possível assistir uma festa  multicolor de Norte a Sul do país. Uma festa de alegria,  inclusão, diversidade e  recuperação histórica  de anos de invisibilidade e preconceito.

Carnaval é sonho. É delírio que se torna realidade.

É  história apagada trazida para avenida,  a pé ou em grandes carros alegóricos. Como o  Salgueiro que levou para a Sapucaí  a cosmovisão indígena  contando a história do céu original que formou a terra a partir da mitologia dos Yanomani.  A escola contou com a presença de representantes de diferentes comunidades  indígenas e ainda mostrou a violência que os povos das florestas historicamente  sofrem.  (Conheça  aqui mais detalhes sobre o samba enredo do Salgueiro).

Há quem pense que carnaval é só festa.  Além de história, é também  incentivo à leitura. Foi o que ocorreu com o livro “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, que teve o estoque esgotado nas livrarias de todo o país após o desfile da Portela. O tema da escola  tratou  sobre a população negra escravizada. Assista aqui  entrevista com  a escritora Ana Maria Gonçalves.

Carnaval é beleza.

Beleza de todos os tipos de corpos, gêneros e idades exaltados nas avenidas e ruas do Brasil.

Há a beleza dos blocos de rua que  levaram milhões de pessoas a pular ou sair em cortejo ao som de axé, maracatu, frevo,  marchinhas e  samba enredo. E daqueles que preferiram dançar ao som de funk, pop, carimbó, bumba-meu-boi, reggae e outras misturas musicais.

Tem a  beleza das fantasias criativas, coloridas,  feitas em casa, individuais ou de grupo. Ou nas camisetas customizadas  com mensagens dos movimentos sociais e nos abadas (também customizados) que se multiplicam muito além da Bahia.

No carnaval vale tudo. Fantasias de paródia e gozação, principalmente política. Cabelo pintado ou peruca. Gliter ou cílios postiços coloridos. Muita cor escandolosa pra chamar atenção mesmo. Ou um galo gigante quase branco, como o Galo da Madrugada, para falar do envelhecimento no Brasil.

Hoje não vou escrever sobre as  produções cinematográficas  dos carros alegóricos das escolas de samba, a cada ano mais incríveis e tecnológicos. Nem sobre  a importância da bateria, do samba enredo e da tradicional ala das baianas nas escolas de samba.

Somos um país mesclado na pele, na cultura, no folclore, na gastronomia,  na música e no gingado. Essa é  uma parte importante da nossa identidade, mesmo que muita gente ainda  viva em negação e no preconceito.

Hoje quero voltar para os blocos de rua nestes dias de Pós- carnaval.

E se a Cidade Fosse Nossa?

Neste domingo Pós-Carnaval, dia 18 de fevereiro,  o Bloco Filhas da Mãe estará mais uma vez  nas ruas de Brasília junto com o Bloco do RivoTrio, do Coletivo dos Blocos da Saúde Mental  do Distrito Federal e outros parceiros.  Mais uma vez vamos ocupar a cidade e extravasar nossa alegria.

Carnaval é muito mais que carnaval.  É tempo de sonho, mas também de novas realidades. E se a cidade fosse nossa?  instiga o Bloco do RivoTrio.

Nós, do Bloco Filhas da Mãe,  queremos uma cidade acessível para todas as pessoas, independente da idade. Queremos  prevenção de saúde física e mental. Queremos  uma cidade  para todas as pessoas, sem manicomios.

E queremos construir uma Sociedade do Cuidado inclusiva, participativa e alegre. Apesar dos desafios cotidianos.

PS: Fazem parte do Coletivo dos Blocos da Saúde Mental/DF, coordenado pelo RivoTrio: o Coletivo Atravessa a Porta, o Coletivo Bateu, a ONG Inverso, o Estúdio Cajuína e o Bloco Filhas da Mãe. Na área cultural participam: Capivareta Repercussiva, Choro no Eixo, Instituto Folha Seca, Maluco Voador, MaluVidas, Martinha do Coco, Mimo Bar, Ratataria Lunática e Tamara Maravilha.

PS: Aguardem notícias sobre domingo!

Cosette Castro

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