Ana Castro, Cosette Castro & Convidada
Brasília – Viver em um país como o Brasil que está envelhecendo rapidamente apresenta desafios, mas também oportunidades na prática do longeviver. Principalmente se for possível adotar desde agora comportamentos que permitam desfrutar os próximos anos com qualidade de vida e saúde.
Levando em conta a importância de refletir sobre longevidade, convidamos Eliane Kreisler, estudiosa em longevidade e diversidade e co-fundadora do canal no You Tube “Longe Talks” para escrever sobre o tema. E ela começa o texto com um ditado japonês: “apenas em meio à atividade desejarás viver 100 anos”.
Eliane Kresler – ” A questão do envelhecimento abraça termos como qualidade de vida, satisfação com a vida. Algo que os japoneses chamam ikigai. Isto é, bem-estar subjetivo. Essa questão perpassa elementos-chave relacionados ao viver: relações sociais, familiares, crenças/espiritualidade, saúde física, mental e financeira. Estes elementos se relacionam durante todo o processo de desenvolvimento e envelhecimento humano.
Hoje falamos muito da importância do autoconhecimento em todas as etapas da vida. No Japão, a filosofia do Ikigai se traduz como “a razão de ser”. É o ponto em que paixão, missão, vocação e profissão se encontram. Esta é a chave para a longevidade. São aqueles objetivos de vida que nos fazem levantar todas as manhãs. É o propósito de vida.
Como achar o seu Ikigai? Esta é uma pergunta necessária.
Qual o seu propósito?(Sua razão para ser), O que você ama? Qual a sua paixão? O que você faz bem? Qual a sua missão? O que você fará? Qual a sua vocação? Sua tendência/inclinação natural que direciona você para uma determinada área da vida pessoal ou profissional? Com estas respostas você irá encontrar sua paixão, missão, vocação e a sua atividade produtiva.
No Japão as pessoas continuam ativas, inclusive depois de se aposentarem. Elas seguem trabalhando naquilo que gostam. A ilha de Okinawa, no Japão, é um bom exemplo. É considerada um dos locais mais longevos do mundo e onde vive um número expressivo de idosos acima de 100 anos.
Os Okinawanos cuidam da alimentação, movimentam o corpo diariamente, através do trabalho e de exercícios físicos, como caminhadas, mas as atividades não precisam se estafantes. O importante é movimentar todas as partes do corpo todos os dias. E o mais importante, é saber qual a razão que te faz levantar todas as manhãs. Pode ser um projeto de vida, um objetivo para realizar benefícios para si e para os demais. E estar sempre aprendendo algo novo. O importante é equilibrar o corpo com a mente e com um espírito saudável e forte.
Segundo os escritores Héctor Garcia e Francesc Miralles , no livro “Ikigai”, existem 10 pontos a serem seguidos para cada pessoa encontrar o seu Ikigai:
1. Manter-se ativo – Continuar trabalhando ou se dedicando a um hobby
2. Tranquilidade – Dormir bem, manter o ambiente em ordem, praticar meditação, e fazer cada coisa no seu tempo
3. Alimentação saudável – Ter uma dieta rica em peixes, vegetais, batata doce e tofu
4. Cultivar Amigos – Criar laços fortes. Eles estimulam o sentimento de pertencimento e de ajuda mútua que dá sentido à vida
5. Contato com a natureza – Mesmo no mundo urbano podemos ter uma pequena horta e estar em contato direto com a natureza
6. Sorriso – Sorrir reflete uma atitude positiva perante à vida. Sorria
7. Exercícios – Fuja do sedentarismo. Movimente o corpo, caminhe.
8. Seja grata – Agradecer sempre o momento presente, focando as emoções no que há de bom no dia
9. Viva o presente – Busque sempre viver o agora, procurando a consciência plena de cada momento
10. Pratique resiliência – Aprenda a lidar com as dificuldades, focando no que é realmente importante.
Precisamos olhar para nossa vida num raio de 360 graus, onde o pilar principal é o autoconhecimento contínuo, cuidando da mente e do corpo.”
Nós, do Coletivo Filhas da Mãe apostamos no autocuidado como forma de ampliar a qualidade de vida, física e emocional. Acreditamos na alegria e na gratidão como espaços que estimulam a convivência respeitosa e a vivência do aqui e agora. E estimulamos a rede de cuidado, a vida comunitária e a convivência com pessoas amigas como espaços de afeto e saúde mental.
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