A Esperança Tem Nome

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Ana Castro & Cosette Castro

Brasília – Enquanto combinávamos o texto desta sexta-feira, 28 de outubro, chegou foto da mascote do Coletivo Filhas da Mãe. Acompanhamos a Lia desde antes de nascer.

Lia é uma neta da Mãe. A filha de um filho da Mãe. Um apoiador amoroso do Coletivo e artista multimídia, o Adriano.

A avó da Lia tem demência vascular. Um dos diferentes tipos de demências, doenças sem cura que ainda não foram alvos de nenhuma campanha nacional de esclarecimento pelo atual governo. Se depender dele, seguiremos no escuro, sem informações.

Lia pulou o primeiro Carnaval do Bloco Filhas da Mãe ainda na barriga. Junto com a mãe levou o estandarte e acompanhou o cortejo de Carnaval pelas ruas da Asa Norte, em Brasília.

Lia – foto Ana Castro

Naquele momento, no começo de 2020, ainda não sabíamos que seria a última grande festa de rua em 2 anos. Que viveríamos sob o signo do medo. De todos os tipos.

Não pensamos que teríamos de participar de uma campanha nacional pelo direito a sermos vacinadas e vacinados a tempo, 4 vezes.

Nem nos pesadelos mais sombrios imaginaríamos que quase 700 mil pessoas morreriam pelo descaso. Pela falta de vacinas, que demoraram para chegar. Pela falta de oxigênio. Pela falta de leitos e hospitais preparados.

No caos da vida paralisada, dos negócios e lojas que fecharam, Lia seguiu crescendo. Em meio ao luto coletivo de um país cheio de marcas.

Junto com a Lia está nossa esperança na vida. Apesar de todos os desafios de saúde e de um governo que segue negacionista.

Ainda bem que Lia é pequena demais para compreender que 33 milhões de pessoas voltaram a passar fome no país nos últimos quatro anos. Entre elas, crianças.

E que outros 39 milhões de pessoas possuem empregos informais, sem garantia nenhuma nos próximos meses.

Lia, tão saudável, desconhece que não há políticas públicas implementadas ou mesmo suficientes para pessoas idosas. Para os avós dela. E para milhões de outros avôs e avós brasileiras.

Tampouco imagina que dos 28 participantes do Conselho Nacional do Idoso em 2018, tenham sobrado apenas 12. Seis deles são representantes do governo.

A destituição do Conselho Nacional foi uma das primeiras medidas de Bolsonaro. Ele e seu ministro da economia, consideram pessoas idosas um peso. Um gasto.

Lia nem sabe que vai crescer em um país de pessoas idosas.

Quando ela tiver 20 anos, daqui a 18 anos, 57% dos trabalhadores e trabalhadoras terão mais de 45 anos. E haverá mais pessoas 60+ que crianças entre 0 e 9 anos.

Tampouco imagina que o orçamento da saúde, da educação e da assistência social estão congelados. Ou que as universidades públicas estão definhando por falta de verbas.

Ainda bem que a Lia vai demorar para entrar na universidade.

Ela não sabe que vivemos em um país cujo governante despreza a ciência nacional, a educação e o conhecimento. Livros e cultura então, nem pensar.

Mas seguimos cheias de esperança no futuro.

No domingo nós, Ana e Cosette, votaremos para o Brasil mudar. Pela Lia, pelos nossos filhos e filhas. E por todos netos e netas deste imenso país.

PS1: Uma boa notícia. Após pressão popular, da posição de deputados federais e algumas ações judiciais contra a resolução 2324/2022 do Conselho Federal de Medicina sobre canabidiol, o CFM voltou atrás. Mas segue com consulta pública aberta. Participe aqui.

PS2: Estivemos nesta sexta-feira no CREAS-Ceilândia para participar, em parceria, de atividade em comemoração ao dia da pessoa idosa. Comentaremos mais no Blog de segunda.

Cosette Castro

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