Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Uma vítima de violência política a cada 26 horas. Este é o registro desse tipo violência no Brasil apenas entre janeiro e outubro deste ano.
O estudo realizado pelas organizações de direitos humanos Terra de Direitos e Justiça Global aponta que a maioria das vítimas de violência política faz parte de partidos coligados ao ex-presidente Lula ou são seus apoiadores apartidários.
As eleições municipais de 2020 foram marcadas por violência política extrema, com maior número de assassinatos. No entanto, em 2022, as ameaças de morte dispararam.
Nas eleições municipais, o número de ameaças foi de 38 casos. Em 2022, nas eleições federais, ocorreram 85 ameaças até o primeiro turno.
As agressões também bateram recorde, com 59 episódios em 2022 contra 15 em 2020.
No dia de Nossa Senhora Aparecida, 12/10, mais um caso de violência política ocorreu.
O Arcebispo da Congregação em São Paulo não foi poupado das agressões dos apoiadores de Bolsonaro ao falar sobre a fome. Muito menos os profissionais da TV Aparecida que trabalhavam em uma das maiores procissões realizadas no país.
A violência política, que tem se acirrado em tempos de eleições, também ocorre na internet.
Ainda que seja virtual, pode deixar profundas marcas. E, dependendo da pessoa, provocar medo e até traumas. O que pode desestimular a participação de muitos em atividades virtuais.
Desde 2020 no Brasil vêm aumentando os ataques de haters e trolls na internet. Haters é um termo em inglês para designar os disseminam ódio na internet, principalmente em páginas de pessoas famosas.
Já os trolls buscam “fisgar” perfis em fóruns, salas virtuais e sites por meio de ofensas, vídeos, gritos, humilhações ou palavras sem sentido. O objetivo é deixar as pessoas que participam nervosas, tumultuar a reunião e fazer com que abandonem o encontro virtual.
Os trolls invadem com violência palestras, conferências, reuniões acadêmicas, instituições e encontros realizados em salas virtuais com ajuda de outras pessoas ou de robôs. A virulência do ataque coletivo às vezes dificulta a sua remoção rápida do espaço digital.
Quem não se lembra, logo após o primeiro turno, o vergonhoso ataque xenófobo (preconceito contra a origem) na internet contra o Nordeste por apoiadores do presidente da República, que perdeu naquela região do país?
No caso do ataque aos nordestinos, além da participação de haters, muitas pessoas expuseram publicamente seu preconceito, sem medo das consequências.
Vivemos em um país onde a xenofobia , o racismo, a misoginia (ódio às mulheres), a velhofobia e a homofobia vêm sendo estimulados nestes últimos 4 anos.
As políticas públicas para contê-las, assim como a existência de campanhas nacionais para reduzir o preconceito, deixaram de existir. Principalmente porque quem deveria dar o exemplo mostrou que apoia o preconceito, com manifestações públicas de desrespeito aos diferentes grupos populacionais e estímulo ao ódio.
Não por acaso, na noite de segunda-feira, 10/10, um grupo de pessoas idosas e de profissionais que refletem sobre envelhecimento e direitos dos 60+ sofreram ataque de trolls em uma reunião virtual coordenada a partir da Capital Federal.
Os ataques de extremistas virtuais conclamaram o extermínio das pessoas idosas e ridicularizaram os participantes. Também tentaram impor seu ponto de vista sobre o mundo, com apoio ao candidato que é o atual presidente, através de gritos e vídeos violentos.
O discurso de ódio é uma tática usada para dividir opiniões e causar um grande barulho, seja nas redes digitais ou no mundo presencial.
A estratégia é que esse “barulho” perturbe o debate público sobre assuntos relevantes, como política públicas, direitos cidadãos, sobre respeito e convivência democrática. Que assuste as pessoas e que elas desistam de participar da atividade proposta.
Os ataques de trolls na internet têm como objetivo intimidar, causar medo, insegurança e desconfiança entre quem participa. Inclusive sobre o uso de recursos de internet.
Embora trolls sejam diferentes dos haters, pois preferem ataques coletivos a salas, palestras e reuniões virtuais, ambos revelam o lado violento dos seres humanos. Violência que já existia no período pré-internet e encontrou um campo fértil para pessoas que se aproveitam do anonimato para não serem punidas.
O ciberbullying é crime. No Brasil, trolls podem ser julgados com base nos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal, por crimes de calúnia, difamação e injúria. E podem ser acionados por meio da Polícia Federal.
Necessitamos de uma Política Nacional de Cuidado voltada para as pessoas idosas. Ela precisa estar diretamente relacionada às políticas de uso do espaço virtual, com direito à alfabetização digital, independente da idade, assim como ao cuidado e à segurança na internet. É direito de cidadãs e cidadãos em qualquer etapa da vida.
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